RONALDO DENUNCIA CONVENÇÃO DO PMDB NA PARAÍBA E RECEBE SOLIDARIEDADE
O senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) acusou hoje (dia 18) o atual governador da Paraíba, José Maranhão, pelo que chamou de "seqüestro" de aproximadamente 150 convencionais do seu partido, na véspera da realizaçãodaconvenção para a escolha dos candidatos do PMDBao governo do estado, no último domingo. Candidato à reeleição, o atual governador foi o vencedor da disputa contra Ronaldo Cunha Lima.
Apesar da derrota, o senador observou que o Ministério Público tem sido diligente em face de denúncias feitas anteriormente por ele e seus correligionários. Conforme Ronaldo Cunha Lima, o Ministérioproibiu ao governador ouso indevido da máquina oficial e do poder econômico, mas não foi atendido. Por isso, Ronaldo anunciou já haver solicitado aos seus advogados que tomem as medidas cabíveis com o objetivo de invalidar a convenção.
- O confinamento de convencionais em hotéis de Natal... se isso não é crime eleitoral, não sei o que é crime eleitoral! - disse o senador.
José Maranhão, segundo denunciou o senador, coagiu delegados convencionaisa seguir para hotéis em Natal, com o intuito de derrotá-lo na indicação peemedebista. Com a ausência dos delegados, os suplentes já estavam prontos para votar pela reeleição do atual governador, protestouRonaldo. Elegarantiu que dispõe de fitas gravadas contendo provas contra "os abusos" praticados por Maranhão.
Dos 280delegados que saíram do interior da Paraíba, segundo Ronaldo, 150foram levados a Natal, onde alguns chegaram a ser vistossaindo do hotel Vila Mar em três vans, um ônibus e três carros pequenos. A maioria deles ocupa cargos comissionados no governo e recebeu ameaças de perseguição caso se recusasse a viajar, assegurou o senador. Eleanexou a seu pronunciamento uma lista com dezenas de nomes de convencionais ou familiares de convencionais do PMDB nomeados recentemente pelo atual governador.
Os integrantesda comitiva - afirmou o denunciante - não podiam ter qualquer contato com o exterior do hotel, enquanto seguranças particulares impediam a entrada da imprensa. "Foi para isso que nós aqui no Congresso aprovamos a reeleição"? - perguntou.
Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Jefferson Péres (PSDB-AM), Romero Jucá (PFL-RR), Artur da Távola (PSDB-RJ) e Esperidião Amin (PPB-SC) solidarizaram-se com Ronaldo Cunha Lima.
Para Suplicy, os desmandos descritos pelo senador da Paraíba levam os parlamentares a se questionarem se valeu a pena alterar a Constituição para introduzir a reeleição. Jefferson Péres considerou o fato "estarrecedor":"Mas não me surpreende, pois, de certa forma fui uma voz dissonantedentro do PSDB quanto à reeleição para prefeitos e governadores, já que em nível federal a mídia e a opinião pública fiscalizam os acontecimentos".
Artur da Távola disse que o episódioserve de exemplo para mostrar que o centro da crise da política brasileira está no funcionamento deficiente dos partidos políticos. Ele admitiu que colheu sua principal derrota quando foipresidente do seu partido, ao tentar implantar"a democracia dentro do PSDB". Neste sentido, Távolalamentou que o PT, que sempre teve na democracia interna uma das suas principais forças, tivesse de abrir mão dela no episódio Vladimir Palmeira, no Rio de Janeiro.
A situação em Roraima se parece com a da Paraíba, entende Jucá. Ele antecipou que fará pronunciamento sobre o assunto nos próximos dias e exortou os políticos a recorrerem à Justiça Eleitoral, para que ela cumpra seu dever de fiscalizar e punir os infratores da legislação.
Esperidião Aminfoi poético ao dirigir-se "ao amigo Ronaldo Cunha Lima": "Não chores por ter perdido o Sol, pois as lágrimas teimpedirão de ver as estrelas".
18/06/1998
Agência Senado
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