Roseana Sarney declara voto em favor de Lula










Roseana Sarney declara voto em favor de Lula
A ex-governadora e candidata ao Senado pelo Maranhão assumiu abertamente em quem vai votar no primeiro turno. No Rio, 120 lideranças do PMDB abandonaram candidatura de Serra para apoiar o petista

SÃO LUÍS – A candidata a senador Roseana Sarney (PFL-MA) declarou ontem que votará no candidato da Coligação Lula Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PL/PCdoB/PCB/PMN). “Eu peço voto para Garotinho, para Ciro, para Lula, mas meu voto pessoal é de Lula”, afirmou, pouco antes de começar a discursar para cerca de cinco mil mulheres, numa praça no centro de São Luís, referindo-se a Lula e aos candidatos das Frentes Brasil Esperança, Anthony Garotinho (PSB/PGT/PTC), e Trabalhista Ciro Gomes (PPS/PDT/PTB).

No dia 11, quando o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), esteve na capital maranhense, Roseana afirmou que a posição dela era de não votar no candidato da Grande Aliança a presidente, José Serra (PSDB/PMDB). Portanto, num eventual segundo turno entre Serra e Lula, o voto dela seria óbvio. Na ocasião, Roseana não quis dizer em quem votaria no primeiro turno. Mas elogiou o candidato da Coligação Lula Presidente, que, segundo a candidata do PFL do Maranhão a senador, demonstrou ter amadurecido muito, desde que disputou a primeira eleição.

Roseana disse que, apesar de não pedir voto para Lula, o apoio está claro. “É a minha posição como cidadã”, afirmou. A postura deve repetir-se, explicitamente, caso a eleição se decida em segundo turno. Nos comícios que tem feito, a candidata do PFL do Maranhão pede voto, indiretamente, para o candidato da Coligação Lula Presidente.

Roseana diz aos eleitores que votem em quem quiserem para presidente, desde que não seja o candidato da Grande Aliança, e completa, anunciando que o pai dela, o senador José Sarney (PMDB-AP), apóia Lula.

A adesão da candidata do PFL ao candidato da coligação petista, embora não seja oficial, é efetiva. Roseana colou no carro – uma Hilux preta – dois adesivos com o nome e o número de Lula, um deles acompanhando o nome dela.

Santinhos com o título “Como votar para o Maranhão seguir em frente”, são distribuídos pelos partidos da base aliada da candidata, ensinando a votar nela e no candidato a senador Edison Lobão (PFL-MA), no governador José Reinaldo Tavares (PFL), candidato à reeleição, e no candidato petista.

RACHA PRÓ LULA – Cerca de 120 lideranças do PMDB do Rio de Janeiro, capitaneadas pelo secretário-geral do partido, deputado Jorge Picciani, decidiram ontem declarar apoio à candidatura de Lula, que será oficializado amanhã . No Estado, o PMDB apoiava integralmente a candidatura de José Serra. “As faculdades despejam 40 mil economistas todos os anos no mercado. Mas grandes líderes, só surgem de 50 anos em 50 anos. E Lula é um grande líder”, disse Picciani.


Guru de Ciro propõe a renúncia
Cúpula da Frente Trabalhista rechaça proposta do filósofo Mangabeira Unger, que procurou Garotinho para formar uma frente única de esquerda em apoio a Lula

SÃO PAULO – Os líderes dos partidos da Frente Trabalhista (PPS/PTB/PDT) entraram em campo ontem para tentar conter a mais recente crise de campanha. Ela foi provocada pelo coordenador-geral do programa de Governo e professor da Universidade de Harvard, Roberto Mangabeira Unger, que procurou Anthony Garotinho (PSB) propondo a renúncia de Ciro Gomes (PPS) para formar uma frente de esquerda e garantir a vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno.

Além de classificar a atitude de Mangabeira como traição e pedirem o afastamento imediato do filósofo da equipe, os dirigentes querem evitar uma desmobilização na campanha.

Em entrevista, Ciro evitou responder perguntas sobre o tema e afirmou que tem procurado consultar o melhor da inteligência, tanto dos que militam aqui, quanto dos brasileiros que estão atuando nas universidades de fora. Mas não quis dizer se o coordenador continua prestigiado na sua equipe.

Assessores diretos de Ciro dizem que Mangabeira não rende votos. “Quem nos procurar para fazer ou fizer qualquer tipo de proposta nesse sentido, é traidor”, afirmou o líder do PPS na Câmara, João Herrmann (SP).

Secretário-geral e deputado estadual do PTB de São Paulo e um dos vice-presidentes nacionais da sigla, o deputado estadual Campos Machado foi mais longe ainda: pediu o afastamento de Mangabeira e do senador Roberto Freire, presidente do PPS, da campanha presidencial de Ciro Gomes (PPS).

Referindo-se a ambos como derrotistas e pseudo-aliados, disse esperar que os dois deixem voluntariamente a campanha. “Como é que eu posso levar a efeito uma série de atos programados na capital e no interior do Estado, se começa a pipocar Mangabeiras por aí”, indagou.

ROMPIMENTO - “Se isso for verdade, atinge as raias da insensatez”, afirmou o presidente do PPS, senador Roberto Freire. Na sua opinião, uma atitude dessas demonstra total desconhecimento dos dados internos da campanha, segundo os quais Ciro, Garotinho e o candidato do PSDB, José Serra, estariam embolados em segundo lugar. “Não procurei o Mangabeira, nem vou fazer isso, até porque se ele fez isso já deve estar envergonhado.”

Segundo assessores do candidato, Ciro e Mangabeira estão rompidos. Economistas e técnicos foram convidados para o lançamento do programa de Governo, marcado para amanhã, em São Paulo. O nome de Mangabeira, segundo os assessores políticos não está incluído e, ao perguntarem sobre o filósofo, a orientação recebida foi para esquecê-lo. Procurado pela reportagem, Mangabeira não retornou as ligações.


Dólar recua para R$ 3,66
A Bolsa de São Paulo fechou em alta ontem, com volume de negócios superior à média dos últimos dias. A cotação do real ainda está inferior à do peso argentino

SÃO PAULO – Após bater o recorde do Plano Real por dois dias consecutivos, a cotação do dólar fechou ontem em baixa de 3,09%, a R$ 3,660 para a compra e a R$ 3,665 para venda. Nesse valor, a moeda brasileira continua abaixo do câmbio oficial do peso argentino, que fechou ontem cotado a 3,65 pesos por dólar. Anteontem, o dólar fechou a R$ 3,78, pouco abaixo da máxima de R$ 3,82 do pregão. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou em alta de 0,86%. O risco-país brasileiro chegou a 2.221 pontos.

A queda foi explicada por operadores como sendo resultado do fim da pressão exercida devido ao vencimento de uma dívida cambial de US$ 1,52 bilhão, liquidada ontem pelo Banco Central. O montante corresponde a uma dívida em títulos cambiais, resgatada integralmente em reais pelo BC.

O BC vendeu ontem US$ 63,4 milhões em um leilão de linha de crédito para financiamento de exportações. O Tesouro Nacional também vendeu cerca de R$ 1,2 bilhão em Notas do Tesouro Nacional - Série C, títulos atrelados à variação da inflação pelo IGP-M, com vencimento em dezembro de 2005.

O rebaixamento dos títulos da dívida brasileira pelo banco de investimentos Merrill Lynch não causou grandes estragos. O rebaixamento chegou a pressionar o dólar, que subiu um pouco após a divulgação da notícia, mas logo a tendência foir revertida. Em seu relatório, o banco citou a liderança do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto, apontando que ele vem ganhando apoio apesar dos ataques do candidato governista José Serra, o preferido dos mercados.

“Agora vemos uma probabilidade maior de reduções (no valor dos bônus) no período eleitoral”, afirma o banco. Os títulos da dívida caíram mais de 30% desde meados de abril em razão das preocupações com o resultado das eleições.

O volume negociado ontem na Bolsa paulista, R$ 618,691 milhões, ficou acima da média dos últimos dias. Isso porque foi inflado em R$ 69,651 milhões por três leilões de recompra de ações ligadas ao Banco Mercantil pelo Bradesco. O Ibovespa (que reúne as 56 ações mais negociadas) fechou aos 9.227 pontos, alta de 0,86%. Após cair 1,24% ontem e 3,35% na segunda-feira passada, o índice sofreu uma correção técnica dos preços, favorecida pelo desempenho positivo do mercado acionário norte-americano e pela baixa do dólar comercial.

O ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, disse ontem que a reação dos mercados no Brasil está sendo exagerada. “Não há razões para o que está acontecendo”, disse Parente, que estava em Washington, ontem. Parente ressaltou que os fundamentos da economia brasileira estão sólidos. Ele disse que a cada semana o Governo está revisando para cima a estimativa de superávit da balança comercial.


Para o BC, gasolina aumentará 4%
Alta do dólar e possível guerra no Iraque seriam as causas de novos reajustes. Desde que a moeda norte-americana passou de R$ 3, nenhum aumento foi repassado

BRASÍLIA – O preço da gasolina deverá subir 4% para o consumidor até o final do ano, segundo projeção feita pelo Comitê de Política Monetária (Compo), do Banco Central. A alta do dólar e o aumento do preço do petróleo no mercado internacional são apontados como os motivos para o reajuste.

A estimativa consta da ata da última reunião do Copom, que na semana passada manteve os juros básicos da economia em 18% ao ano. No documento são mostradas as razões que levaram à manutenção da taxa e retirada do viés (tendência) de baixa dos juros.

No total, o conjunto de preços administrados e monitorados – que inclui combustíveis e tarifas públicas – deve subir 9,3% neste ano, o que contribui para um aumento de 2,9 pontos percentuais no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Governo.

Até o ano passado, a Petrobras possuía o monopólio no mercado de petróleo no país.

Em compensação, a estatal recebia subsídios do Governo, por meio de um instrumento conhecido por conta-petróleo, para que não promovesse fortes reajustes nos preços dos combustíveis.

Desde o início do ano, foram promovidas duas mudanças nesse sistema. Uma delas foi a quebra do monopólio da Petrobras, com a permissão dada para que outras empresas explorassem o mercado de petróleo no Brasil.

Além disso, os subsídios dados à estatal foram cancelados, e decidiu-se que os preços seriam fixados com base na concorrência entre as empresas, de acordo com a variação da taxa de câmbio e da cotação do petróleo no mercado internacional.

Num primeiro momento, a mudança levou a uma queda de aproximadamente 15% no
preço da gasolina. Nos últimos meses, porém, a alta do dólar fez com que ocorressem vários reajustes. Desde que o dólar ultrapassou a casa dos R$ 3, nenhum aumento foi feito.


Artigos

Enxugamento do crédito (1)
Carlos Emanuel Baptista Andrade

Muito se tem comentado a respeito da redução das linhas de crédito para o Brasil por parte dos bancos internacionais. Pouca ou nenhuma atenção se tem dado, entretanto, a uma tendência que tem se consolidado ao longo dos últimos cinco a sete anos e que pode ter implicações negativas mais a longo prazo para o País, não somente em uma situação de crise conjuntural, como acontece agora, mas, da mesma forma, em uma situação de crescimento econômico e estabilidade dos mercados. Essa tendência é a de consolidação do setor bancário em nível mundial, que tem sido particularmente acentuada nos Estados Unidos e na Europa, onde estão baseados os maiores provedores de linhas de crédito para os países emergentes, e que tem levado a um enxugamento gradual dessas linhas, independentemente da conjuntura econômica nesses países.

Não nos detemos na discussão dos fatores que têm impulsionado as transformações por que tem passado o setor bancário, já que esse não é o propósito deste artigo.

Basta ressaltar que a tendência de consolidação desse setor em nível mundial parece ser um fenômeno irreversível, corolário da evolução dos mercados financeiros nas últimas décadas. Nos EUA, as grandes fusões de bancos se iniciaram a partir da primeira metade da década de 90, após a crise financeira que quase levou à quebra, em 1991, alguns gigantes do setor, como o Chase Manhattan e o Citibank. Somente em Nova Iorque, dos cinco maiores bancos comerciais que operavam no início da década de 90 existem hoje apenas dois: o Citibank e o JP Morgan Chase. O JP Morgan Chase é um caso típico, resultado da fusão entre o Chase Manhattan e o JP Morgan, no final do ano 2000. O Chase Manhattan, por sua vez, já havia passado por uma fusão com o Chemical Bank em 1996, o qual também já se fundira com o Manufacturers Hannover em 1992. E o Citibank faz parte hoje do Citigroup, que engloba também o banco de investimentos Salomon Smith Barney e o grupo segurador Travelers. Na Europa, essa tendência se acentuou nos últimos anos, com a proximidade do euro e a unificação dos mercados financeiros que se antecipava na União Européia. Um exemplo: na Espanha, reduziu-se a dois o número de grandes bancos, com as fusões do Santander com o Banco Central Hispano, e do Bilbao-Vizcaya com o Argentaria.

O ponto a enfatizar é que a consolidação do setor bancário deverá levar a um natural enxugamento das linhas de crédito disponíveis para os países emergentes, independentemente da situação conjuntural que esteja vivendo esse ou aquele país.

Quando dois bancos entram em processo de fusão, ou quando um banco adquire
outro, entre as inúmeras providências que têm de ser tomadas, pela direção desses bancos, está a consolidação das linhas de crédito para os vários clientes em carteira, incluindo países, corporações e indivíduos. A consolidação dessas linhas de crédito é feita tendo-se em conta os objetivos maiores de uma fusão ou aquisição no setor bancário, entre eles o do incremento do Retorno sobre os Ativos das duas instituições combinadas. O Retorno sobre os Ativos pode ser incrementado tanto por um aumento dos lucros quanto por uma redução dos ativos ou, ainda, por uma combinação de ambos. O aumento dos lucros se dá primordialmente através de uma redução significativa de despesas, particularmente despesas com pessoal, e, secundariamente, através de aumento de receita permitido por sinergias entre as instituições em processo de fusão.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Só Lula e o Senado
Fora a eleição de Lula, a única que desperta emoção entre os pernambucanos é a do Senado. Se as pesquisas estiverem certas, a primeira vaga seria de Marco Maciel, ficando a segunda para ser disputada pelo atual senador Carlos Wilson, o deputado Sérgio Guerra e o vereador Dílson Peixoto. Carlos Wilson é um candidato forte mas está levando uma certa desvantagem por não ter candidato a governador, pelo menos na televisão. Apóia informalmente Humberto Costa, e por este é apoiando, mas, pelas circunstâncias da legislação eleitoral, ambos não aparecem juntos na TV.

Enquanto isso, a “União por Pernambuco” dá a carga toda na candidatura de Sérgio Guerra, que não tem votos de opinião mas é sustentado no interior pela avalanche de prefeitos ligados a Jarbas Vasconcelos. Diz-se, inclusive, que a campanha pró Marco Maciel e Sérgio Guerra está tão massificada que já começou a encher o saco. Eleitores da própria “União” já não aguentam mais a massificação e estão desligando seus aparelhos de TV na hora do guia eleitoral. Já Dílson Peixoto é o preferencial de Lula por ser o candidato do PT.

Carlos Wilson ainda poderá ser salvo, se Arraes e Lula forem à TV recomendar sua reeleição. Do contrário, correrá um sério risco.

Volta por cima
Dono de um estilo discreto de fazer política, o deputado federal Djalma Paes chegou a ser tido pelos “experts” como “não eleito” nas próximas eleições. Mas deu a volta por cima. Entrou pesado no agreste e sertão, devendo ser um dos mais votados na coligação do PSB. Estão nesse barco Miguel Arraes (única referência de oposição a Jarbas, no interior), Eduardo Campos, Jorge Gomes, Gonzaga Patriota, Carlos Lapa, Clóvis Corrêa e Nílson Gibson.

Dado irrelevante
O empresário Fernando Gasparian, dono da Editora Paz e Terra, apoiou a tese de FHC de que diploma não é “relevante” para o exercício da presidência da República. “Essa história de que (Lula) não tem diploma é bobagem. O banqueiro Amador Aguiar, fundador do Bradesco, também não tinha”, disse Gasparian, que foi grande amigo de Marcos Freire.

Nomes da moda
Em toda eleição há um “candidato da moda”, mas na deste ano existem dois: Maurício Rands (PT) e Raul Henry (PMDB). O primeiro está sendo apoiado maciçamente pela classe média e estudantes universitários, e o segundo pela classe dos artistas. Se não der zebra, ambos serão os mais votados em suas respectivas coligações.

“Guerrilheiro cultural” é eleitor na Paraíba
Jomard Muniz de Brito não confirma a informação dada à coluna pelo cineasta Amin Stepple de que estaria apoiando Raul Henry para a Assembléua Legislativa. “Meu título de eleitor é da Paraíba”, disse em telegrama desaforado.

Arraes recebe aplausos das “moças” de Fiúza
Ontem, antes de iniciar uma caminhada pela feira de Tabira, Arraes deparou-se com 20 mocinhas trajando camisetas de Fiúza (PPB). Elas o aplaudiram na passagem. E ele, educadamente, foi lá e cumprimentou uma por uma.

Na mira de Serra
Coordenadores da campanha de Serra irão dar prioridade a seis estados nessa reta final da campanha política. Pernambuco está entre esses. Quem deu a informação foi Pimenta da Veiga. Que certamente desconhece o fato de que muitos prefeitos aliados a Jarbas estão apoiando Lula por debaixo dos panos.

Três estágios
Há três tipos de candidatos à Câmara Federal na “União por Pernambuco”: acima de 100 mil votos, entre 60 e 80 mil e abaixo de 60 mil. Acima de 100 mil encontram-se quatro postulantes: Roberto Magalhães (PSDB), Inocêncio Oliveira (PFL), Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) e Armando Monteiro Neto (PMDB).

Do ex-deputado Sérgio Longman sobre o trabalho do Ministério Público Federal, em Jaboatão, cuja consequência foi a “Operação Vassourinha”: “Essa meninada (os jovens procuradores) faz para mudar o país aquilo que a nossa geração não conseguiu através da política partidária”. Longman foi deputado estadual pelo MDB de 78 a 86.

Lula disse ao “Estadão” que se for eleito presidente os seus ministros vão ter que conhecer, primeiramente, o semi-árido nordestino, o vale do Jequitinhonha (MG) e as periferias das grandes cidades. Não quer que ocorra com eles o que se passou com Serra, que só veio conhecer uma vaca depois dos 50.

Ex-vereador e ex-presidente do Sport, Homero Lacerda chegou a pedir a Sérgio Guerra, na última segunda-feira, para não pôr no guia eleitoral qualquer mensagem ligando Luciano Bivar à “Operação Vassourinha”. Em vão.

Como Sérgio e Luciano moram no mesmo prédio, em Boa Viagem, espera-se que não se encontrem no elevador.

Faltam apenas R$ 190 mil para ser concluída uma ponte sobre o rio Pajeú, em Afogados da Ingazeira, de responsabilidade do Dnocs. Como o dinheiro foi prometido e não saiu, a firma que ganhou a concorrência está ameaçando retirar as máquinas. Taí uma oportunidade para Marco Maciel entrar em ação.


Editorial

POLÍCIA E JUSTIÇA

Dentro do capítulo tão sensível da falta de segurança e excesso de violência, há um elemento agravante, difícil de digerir, mesmo por técnicos no assunto, e que deixa perplexa a sociedade. As polícias federal e estaduais (que tanto temos criticado, por suas falhas), mesmo quando cumprem muito bem seu papel, investigando cientificamente, sem truculência, e prendendo criminosos, vêem freqüentemente seu trabalho frustrado por decisões extravagantes de alguns magistrados. Devemos ter, evidentemente, todo o respeito e veneração pela Justiça, que se baseia na legislação, nos códigos, em normas técnicas de julgamento. Aceitamos até discrepâncias no entendimento da lei e em sua aplicação, que causam divergências de julgamento. Mas há casos que brigam com o bom e velho senso comum.

Um caso recente, aqui em Pernambuco, deixou particularmente frustradas e confusas a polícia pernambucana e a população. Uma jovem foi estuprada e assassinada na praia da Barra do Sirinhaém, no primeiro dia deste ano. Após meses de competentes diligências e investigações, a Polícia Civil deslindou o caso e prendeu os suspeitos responsáveis. Um dos presos contou, com detalhes, como tudo se passara. Esgotado o tempo da prisão temporária, a delegada que cuida do caso foi obrigada a libertar os presos, porque o juiz da comarca negou a prisão preventiva deles. A delegada considerou a possibilidade de coação de testemunhas e de fuga dos envolvidos no crime. O que não foi aceito pelo juiz. Isso lembra tantos casos de criminosos fugitivos.
Foi também uma decisão judicial que deixou fugir da Justiça o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, implicado em delinqüências no Brasil.

Pode-se alegar que as pessoas beneficiadas no caso da Barra do Sirinhaém ainda não
tinham sido acusadas oficialmente e a investigação policial ainda não se concluiu. Mas é para casos como esse que existe a prisão preventiva; que foi negada. E quando a Polícia está fazendo um bom trabalho, e não agindo arbitrariamente, deve ter o apoio da Justiça e da sociedade. Agora, teme-se ocorra o mesmo com os implicados no grupo suspeito ligado à Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. Nesse caso, a Polícia Federal realizou uma operação impecável, com mandados de prisão e outras exigências legais. Investigou rigorosamente e em profundidade, cercou os suspeitos sem alarde. Conseguiu prender todos os que procurava. Não hesitou nem mesmo quando descobriu entre os participantes do grupo um delegado a agentes da PF no Recife.

Outro caso recente que comprova uma sensível mudança nos métodos policiais de investigação e captura, e em sua eficácia, é o da prisão do bandido conhecido como Elias Maluco, pela Polícia do Estado do Rio de Janeiro. Desafiada em seus brios pela tortura e assassinato do jornalista Tim Lopes, e pela dificuldade em elucidar o caso e prender o responsável por esse crime, segundo os comparsas presos, a Polícia montou uma megaoperação que culminou com a prisão dele sem resistência. Claro que isso não liquida a grave questão do tráfico de entorpecentes, do crime organizado, do poder paralelo. Mas constitui um excelente início de reação e resposta do poder legítimo aos desafios e afrontas da bandidagem.

Claro que não estamos questionando a lisura de nenhum magistrado. Reiteramos o respeito que merece o Judiciário, sem o qual não teríamos um regime democrático. Só queremos deixar claro que, num caso como o da Barra do Sirinhaém, a sociedade sente que mais vale defendê-la, evitando a fuga e impunidade de um suspeito fundamentado. Se, na continuidade do processo de investigação, o suspeito se julgar injustiçado, seu advogado pode impetrar habeas corpus. E há ainda outros recursos legais disponíveis.


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09/26/2002


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