Rossetto crê em reeleição no RS e vitória de Lula
Rossetto crê em reeleição no RS e vitória de Lula
O vice-governador do Estado, Miguel Rossetto (PT), está confiante na consolidação do projeto do PT no Estado e na conquista da Presidência da República, com a candidatura de Lula em 2002. Considerado por adversários e companheiros como excelente articulador político, Rossetto não considera que o partido esteja se distanciando das concepções políticas e ideológicas a que se propõe desde a sua criação em 1980. Por isso, ele desconsidera as críticas do ex-vice-prefeito José Fortunatti, que deixou há poucos dias a sigla, entendendo que elas não são o centro do debate. Sobre políticas administrativas e econômicas do Estado, criticou a oposição pelas críticas contra o uso do caixa único e as tentativas da Assembléia de asfixiar financeiramente o governo do PT. Lamentou a falta de iniciativa da oposição para a construção de alternativas que busquem mais qualidade de vida à população gaúcha.
Jornal do Comércio - Acredita que, após as eleições internas, o processo sucessório deve ser deflagrado no PT?
Miguel Rossetto - Há um calendário já definido pelo partido, que tem como referência o mês de dezembro. Acredito que devemos respeitar esse calendário, trabalhando muito para criar uma enorme unidade partidária e a preservação de um campo de alianças importantes do Estado. Mais do que um governo, representamos uma proposta de mudança, que temos construído de forma intensa e que representa uma profunda democratização das relações políticas e sociais gaúchas, bem como uma reorganização da estrutura do Estado através do controle social e da eficiência. O desafio do PT é de não só sustentar este projeto histórico no Estado, mas também trabalhar de forma dedicada para eleger Lula presidente do Brasil.
JC - A deflagração do processo sucessório agora atrapalha o andamento deste governo?
Rossetto - Estamos há dois anos e meio desta administracão. É um tempo extremamente curto frente ao tempo político que os demais partidos tiveram no Estado. Honrar a enorme expectativa que o povo gaúcho depositou neste governo exige trabalho intenso e dedicação integral. O partido sabe disso e tem o tempo correto de produção e de definição das políticas eleitorais, que certamente ocorrerão no ano que vem.
JC - Os defensores da candidatura do prefeito Tarso Genro dizem que os apoiadores de Olívio Dutra já estão em campanha. Procede?
Rossetto - Todo o partido tem grande responsabilidade de trabalhar para que o projeto se firme no Estado. É de interesse de todo o PT que este governo tenha capacidade de mostrar todo o vigor e a qualidade do nosso programa, bem como de retirar o Rio Grande da crise social e da depressão econômica, democratizando oportunidades. Isso é muito positivo para todo o PT e toda a esquerda do Estado. Devemos ampliar a base de sustentação social e eleitoral desta proposta, visando evitar um retrocesso político no Rio Grande do Sul.
JC - Como avalia a saída do vereador José Fortunati, que fez fortes críticas ao PT?
Rossetto - Fortunati tem uma história de compromisso e militância que merece todo nosso respeito, mas isso não vem acompanhado de uma aceitação das críticas que ele está produzindo. O PT é muito maior do que o Fortunati. Os milhares de militantes e a história coletiva deste partido são bem maiores. Não é aceitável estabelecer este padrão de crítica para alguém que vinha disputando a presidência nacional, participando de um processo inexistente em qualquer outro partido. Precisamos proteger o PT. É de difícil compreensão que ele saia do partido condenando a preocupação com cargos e se relacione com outras siglas a partir de cargos.
JC - Proteger o PT significa não fazer crítica nenhuma a nada?
Rossetto - Não há partido no País que tenha uma trajetória democrática, de estabelecimento de uma nova relação entre direção e base e de democracia interna do que o PT. Não há nenhuma experiência de construção partidária que guarde qualquer relação com a nossa. O processo de 20 anos de nossa formação foi de permanente aperfeiçoamento, por isso não aceito e não concordo com essas críticas.
JC - Fortunati alegou que essas teses estavam sendo levantadas por ele já há algum tempo e não ganharam espaço para discussão interna. É verdade?
Rossetto - O debate que o PT contrói com seus filiados é aberto e de afirmação da democracia e dos compromissos com as transformações do Estado e do País. O tema central não é concordar ou não com críticas. O tema central é o rompimento deste ex-filiado com nosso partido e o aproveitamento político desta situação para desconstituir a maior e mais democrática experiência de construção partidária do Brasil. O PT tem sido historicamente capaz de aperfeiçoar seus mecanismos internos e se preservar com uma proposta atualizada para responder aos anseios do povo gaúcho e brasileiro.
JC - O senhor concorda com alguma das críticas, como a da sobreposição das tendências à opinião do indivíduo filiado, por exemplo?
Rossetto - Isso faz parte de um longo processo, que acompanha a construção do partido. O tema que organiza este debate é o filiado que saiu do PT e passa a estabelecer um padrão de crítica em função de uma condição partidária inexistente em qualquer outra sigla.
JC - A oposição costuma dizer que o PT nunca admite que erra. Como responde?
Rossetto - A oposição quer destruir o PT porque sabe o que representa nossa alternativa. Ou alguém imagina alguma generosidade nas críticas? A autoridade de uma crítica a um processo de construção partidária é reservada aos filiados do partido, e era esta a relação respeitosa que o PT dispunha ao Fortunati. Quando ele rompe, transforma-se em instrumento de desconstituição do PT por aqueles que sabem e que reconhecem a natureza distinta da contrução partidária. Devemos guardar a dimensão necessária e devida a este fato, mas é evidente que todos esses processos geram elementos de reflexão para o partido.
JC - Qual sua avaliação para os inúmeros vetos governamentais que estão sendo rejeitados pela Assembléia Legislativa?
Rossetto - Há setores da oposição que não têm colaborado para que possamos enfrentar os problemas do Estado. Ao contrário, têm constituído um ambiente que desqualifica o debate político. Em vários momentos, assumem uma total irresponsabilidade que chega quase à ingovernabilidade. O Parlamento gaúcho tem uma história de respeito e credibilidade que vem sendo rompida por um padrão de conduta incapaz de oferecer uma agenda sustentada e séria para auxiliar a solução dos problemas do Estado. A própria conduta irresponsável em relação às finanças públicas é reveladora de uma política de alguns setores de buscar incessantemente o colapso fiscal e a asfixia financeira. Esses partidos são incapazes de oferecer uma estratégia de futuro, portanto organizam sua agenda em torno de temas menores e medíocres.
JC - Há possibilidade de o Estado atrasar o salário do funcionalismo em função das dificuldades financeiras?
Rossetto - Trabalhamos com muita dedicação e políticas corretas para sustentar estrategicamente o Estado, equilibrando receita e despesa. Não trabalhamos com a previsão de atrasar os salários. Pretendemos não só evitar essa situação como sustentar um padrão forte de continuidade de investimentos em todas as áreas do Rio Grande do Sul.
JC - O governo tem um plano para repor os recursos do Caixa Único?
Rossetto - Essa discussão é uma grande bobagem. Esse é um dos temas que compõem o padrão desqualificado da oposição. O Caixa Único é um instrumento gerencial utilizado por todos os governos. Estamos usando os recursos públicos da forma decidida pelo povo gaúcho. Administramos o déficit de forma correta. O único sentido desta discussão é criar uma situação de impasse financeiro.
JC - Os atuais partidos de oposição pretendem reassumir o governo e não querem encontrar um déficit de mais de R$ 1 bilhão.
Rossetto - E o que eles propõem? Que paremos de pagar o servidor público ou que vendamos o Banrisul, como eles iam fazer? Então, que digam isso. O Banrisul está financiando a agricultura e a micro e pequena empresa e é um exemplo de gestão. Ou a oposição assume de forma responsável o debate ou demonstra uma conduta incapaz de dialogar com o povo gaúcho.
JC - Quais são seus candidatos ao Senado?
Rossetto - Não concluímos a discussão sobre a tática eleitoral. Todas as candidaturas majoritárias serão resultado de debate produzido e definido no ano que vem e orientado a partir da política de alianças. O ex-prefeito Raul Pont é um dos nomes de grande representação de nosso partido no Estado, bem como vários outros companheiros como o (Paulo) Paim, a senadora Emília Fernandes e o secretário Beto Albuquerque.
JC - O PT deve dar espaço aos aliados da Frente Popular na chapa majoritária em 2002?
Rossetto - Penso que sim. Essa é uma hipótese. O PT deve escutar esses partidos e certamente fará isso. Mas o debate estará diretamente relacionado ao cenário nacional e à política de alianças que iremos desenvolver.
JC - O PT se alia com quem nacionalmente?
Rossetto - A política de alianças deve guardar coerência e relação com a plataforma que apresentaremos ao povo brasileiro. O quadro de alianças da Frente Popular, PT, PSB, PCdoB, deve ser perseguido no primeiro turno. Estamos preparados para governar o País e iremos trabalhar para ganhar as eleições.
JC - O senhor admite uma aliança do PT com o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, do PSB?
Rossetto - Devemos buscar uma aliança que tenha o PSB como partido integrante. Há, no entanto, um conjunto de temas em debate. O PT tem toda a legitimidade, e as pesquisas nos mostram, para reivindicar o companheiro Lula para representar esse campo de alianças e o sentimento de mudança e de reconstrução de um sentido de futuro para nosso País.
JC - Acredita que os dois candidatos oposicionistas Lula e Ciro Gomes (PPS) disputarão o segundo turno, já que Ciro cresce nas pesquisas?
Rossetto - Não acho que Ciro Gomes represente uma oposição a este modelo. Ciro é uma das opções, confiável na preservação do que é essencial neste modelo econômico. As elites brasileiras demonstraram, historicamente, uma enorme capacidade de mutação e preservação de seus interesses.
JC - Como analisa o apoio do presidente do PDT, Leonel Brizola, à formação de uma aliança com o PPS de Ciro?
Rossetto - Lamentável! Não devemos afastar uma conjuntura futura que Brizola e setores conseqüentes do PDT saiam desta aventura.
Afegãos começam a abandonar o país por medo de ataques
Amedrontados, os habitantes começaram no sábado a abandonar o Afeganistão, enquanto o líder do movimento islâmico Taliban exortava todos os muçulmanos do mundo a se prepararem para uma jihad (guerra santa) contra qualquer um que ajudar os Estados Unidos a lançarem seus ataques em Cabul.
Centenas de moradores da capital, convencidos de que os EUA devem em breve iniciar retaliações por causa dos atentados em Nova Iorque e Washington, estão arrumando as malas. Muitos querem cruzar a fronteira com o Paquistão, mas diante da perspectiva de ter de esperar mais de dez dias para obter passaportes e vistos alguns se resignavam em procurar refúgio nas zonas rurais.
O Taliban, entretanto, exortou seu povo a ficar e lutar. "Preparem-se para a jihad. Todos os muçulmanos no mundo que seguem o Islã e suas próprias crenças, devem defender o Afeganistão devem estar preparados para sacrificar-se pelo Islã", disse o líder do Taleban, o mulá Mohammad Omar em declarações à Rádio Sharia, captada pela BBC.
Projeto de tombamento pode impedir transferência do QG
Um projeto de lei do deputado Paulo Azeredo (PDT) pode acabar com a idéia do Estado de transferir o comando-geral da Brigada Militar do Quartel General (QG) da Rua dos Andradas, na Capital, para o antigo prédio da Rede Ferroviária Federal, que deverá abrigar, a partir de outubro, os comados-gerais da Brigada e da Polícia Civil e a Secretaria da Justiça e da Segurança.
Segundo o projeto, o QG é um bem integrante do patrimônio cultural e histórico do Estado do Rio Grande do Sul e se destina ao funcionamento do comando-geral da BM. A justificativa do deputado é que o Estado já investiu R$ 457 mil entre 1999 e 2000 na recuperação do prédio e que a história da instituição confunde-se com o povo gaúcho. Hoje, Azeredo deverá pedir caráter de urgência na votação do PL 199/2001.
A população e os próprios policiais militares não aprovam a transferência do QG. De acordo com Roberto Jaeger, diretor do Sindilojas, os comerciantes do Centro estão preocupados com a possibilidade de não contar mais com o contigente policial que ronda a área diariamente. "Isso aumentará o número dos crimes no local", prevê. De acordo com o dirigente, a simples passagem de carros policiais já inibe o crime.
A população também está mobilizada. Um abaixo-assinado com mais de 10 mil assinaturas contra a mudança do QG foi entregue à Secretaria de Justiça e Segurança e à Assembléia Legislativa.
De acordo com o coronel Cairo Bueno de Camargo, presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (AsofBM), foi feita uma pesquisa com 154 oficiais da BM sobre o tema e o resultado foi que 98,07% é contra a saída do comando do QG da Rua dos Andradas. "A saída do comando é uma idéia oposta à revitalização do Centro. Isso prejudicará a segurança do local", alega Camargo.
Para ele, é inexplicável a transferência. "A BM está com a estima abalada vendo mais um de seus símbolos ser dilapidado", critica o coronel. De acordo com ele, a associação está preparada para entrar com uma ação contra o Estado, caso o comando seja realmente transferido. "Devemos esperar que o projeto que tomba o QG seja votado", conclui.
Brigada Militar garante que não haverá prejuízo
O chefe do Estado Maior da Brigada Militar, coronel Luis Brenner, garantiu que a população não será prejudicada pela transferência do comando da Brigada Militar. "Se não avisássemos, a comunidade nem notaria a diferença. Isso não alterará em nada nossa rotina", alega.
De acordo com Brenner, o mesmo número de viaturas e contigente continuará a passar na frente do QG. "O prédio continuará abrigando órgãos da Brigada Militar", informa. Ainda estão em estudo os setores, mas já se sabe que a área administrativa, a informática e a corregedoria continuarão no local. Brenner calcula que cerca de 40 pessoas serão transferidas do QG.
Prédio é da década de 20
O prédio do QG teve a sua construção iniciada em 1927 e foi inaugurado em 1929. Desde 1897, com a aquisição do prédio anterior e antes da construção do atual, o Comando-Geral da Brigada Militar já se localizava na Rua dos Andradas, na época número 18, hoje número 522.
Bancos americanos vão apoiar mercado acionário
O Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) e os maiores bancos de Wall Street estão se preparando para gastar bilhões de dólares para apoiar o mercado acionário norte-americano, que reabrirá hoje depois de permanecer fechado desde os ataques terroristas de terça-feira passada. Um comitê secreto intitulado “Grupo de Trabalho sobre Mercados Financeiros”, que inclui banqueiros, representantes da Bolsa de Valores de Nova Iorque, Nasdaq e do Tesouro, está pronto para participar de uma ação do Federal Reserve “numa escala sem precedentes”. O Fed, apoiado pelos bancos, vai comprar ações de fundos mútuos e outros vendedores institucionais se houver sinais de pânico.
As autoridades norte-americanas estão determinadas a evitar uma queda global dos mercados, como ocorreu em 1929 ou 1987. Bancos de investimentos e suas corretoras vão dificultar movimentos especulatórios de investidores e fundos hedge tornando mais difícil para eles obterem preços em termos favoráveis. Além disso, as autoridades norte-americanas estão preparadas para relaxar as regras que previnem as empresas de comprar as sua próprias ações.
O “Grupo de Trabalho sobre Mercados Financeiros” foi criado por uma ordem direta do ex-presidente Ronald Reagan em 1989 e abriga representantes de bancos como o Merrill Lynch e o Goldman Sachs. Ele já atuou algumas vezes, como o início da década passada e em 1998 durante a crise do fundo hedge LTCM. Mas há dúvidas se essa ação coordenada conseguirá evitar um gigantesco movimento de venda em Wall Street.
A expectativa com a reabertura da Bolsa de Valores de Nova Iorque foi um dos assuntos de destaque da imprensa européia, com previsões não consensuais sobre como ela deverá se comportar.
Para alguns analistas, haverá uma elevação nos primeiros dias de pregão, um efeito emocional que está sendo chamado como “patriótico”, mas que deverá durar pouco, sendo seguido por uma acentuada queda. Outros acreditam que o mercado acionário, que já vinha registrando perdas antes dos ataques, irá despencar desde o início, com as ações perdendo cerca de 10% do seu valor até atingir um patamar de estabilização. Ainda há aqueles, uma minoria, que teme um crash semelhante ao registrado em 1929. “Algumas pessoas estão falando de uma ‘alta patriótica’ que poderia elevar o índice Dow Jones em 1000 pontos na abertura”, disse o diretor do banco de investimentos britânico ING Barings, Tony Jackson.
“ Eu acho que essa elevação não será tão grande, mas acho que ele vai subir, talvez em algumas centenas de pontos.” Mas segundo Jackson, no longo prazo a tendência será de baixa, “provavelmente 10% a menos o nível da reabertura pois muitas empresas vão cortar as suas previsões de crescimento a partir de agora”.
Já Khuram Chaudry, estrategista para mercado acionário do Merrill Lynch, acredita que a bolsa poderá cair cerca de 10% já na abertura. “É preciso lembrar que as coisas já não iam bem antes dos ataques contra o World Trade Center”, afirmou. “Já havia sinais de que a confiança entre os consumidores estava se deteriorando.” Outros analistas estão preocupados com a desordem nos mercados, apesar dos esforços das autoridades monetárias dos países ricos. “Há um grau de sincronização entre as três maiores economias do mundo”, disse John Llewellyn, economista do Lehman Brothers.
Além do comportamento das bolsas, é crescente a aposta de que o Federal Reserve deverá adotar um corte de juros de até 0,75 pontos porcentuais logo após a reabertura do mercado. A próxima reunião do Fed está marcada apenas para o dia 2 de outubro, mas analistas acreditam que as autoridades monetárias norte-americanas irão se antecipar diante da inevitável queda no nível de confiança entre os consumidores, o que torna a perspectiva de uma recessão quase que inevitável.
Retomada dos negócios causa expectativa
A retomada dos negócios hoje, em Wall Street, concentra as atenções dos investidores do mundo todo. O comportamento das ações americanas vai ditar o ritmo dos negócios dos mercados internacionais, que ficaram sem a referência do Dow Jones e da Nasdaq desde terça-feira.
No Brasil, a principal conseqüência dos ataques terroristas aos EUA foi uma pressão ainda maior sobre o câmbio. O dólar chegou a atingir R$ 2,74 na semana passada, e só não fechou nesses níveis porque o Banco Central (BC) ofertou títulos cambiais de curto prazo.
A moeda encerrou os negócios na sexta-feira cotada a R$ 2,765, acumulando valorização de 37,11% no ano. A alta do dólar decorre principalmente do temor de que os ataques aos EUA aumentem a aversão global ao risco, diminuindo o fluxo de recursos para países emergentes.
Essa pressão sobre o câmbio é um dos fatores que devem levar o Copom a manter a taxa Selic em 19% ao ano. Um dólar nesses níveis afeta a inflação, ainda que a desaceleração da economia seja forte.
Cresce inadimplência em transações com cheques
As transações de cheques no Rio Grande do Sul em agosto apresentaram inadimplência de 2,72%, superando em 21,81% o índice registrado no mês anterior. Os números são do sistema de consultas da Telecheque. Das emissões de cheques válidos (97,28%), 33,35% foram à vista e 66,65% pré-datados.
Entre os principais segmentos do comércio representados no levantamento da Telecheque, os cheques inadimplentes atingiram de forma mais intensa os postos de gasolina (2,39%); lojas de autopeças (2,40%); lojas de materiais de construção (3,78%) e supermercados (2,21%).
No Brasil, o volume de cheques devolvidos por falta de fundos - em relação ao total de compensados - de janeiro a agosto de 2001 aumentou 29% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo estudo nacional da Serasa. No acumulado de janeiro a agosto de 2001, foram devolvidos, em média, 12,9 cheques em cada mil compensados. Em agosto, o total de cheques devolvidos atingiu a marca de 14,1 cheques devolvidos em cada mil compensados, índice que aponta uma alta de 43,9% na comparação com agosto do ano passado.
"A maior parte dos problemas que os comerciantes enfrentam com cheques estão mais ligados a golpes e falhas na hora de receber cheques do que a problemas financeiros dos emitentes", afirma Juliana Barbiero, diretora de Marketing da Cheque-pre.com, empresa de proteção ao crédito com 45 mil associados em todo Brasil.
A empresa realizou levantamento junto a grandes e pequenos varejistas e chegou à conclusão de que as dificuldades financeiras dos clientes não são a principal causa dos cheques sem fundo, mas sim os golpes utilizando talões roubados, adulterados ou falsificados, que representam pelo menos 50% do total de cheques devolvidos pelos bancos, incluindo cheques sustados, além do descuido dos próprios comerciantes na hora de receber.
Artigos
A ordem é ninguém passar fome
Sofia Cavedon
O 7º Grito dos Excluídos retratou, na capital gaúcha, um momento de reflexão e indignação de um País que sofre com as desigualdades sociais. Torna-se necessária a luta por um Brasil mais justo, com democracia social e econômica, sem discriminação, sem corrupção; um País comprometido com o seu povo. A caminhada dos movimentos sociais neste Sete de Setembro contrastava com o desfile oficial que, com sua uniformidade de cores e ritmos, simbolizava a "Ordem e Progresso".
O Rio Grande do Sul, com sua tradição de rebeldia, de luta pela democracia e de protagonista da história do Brasil, não comemoraria os 179 anos de Independência da República sem demonstrar sua revolta com a situação da maioria do povo brasileiro. O Relatório dos Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do ano de 2000, mostra que 40% da população ganham, em média, o equivalente a 0,94% do salário mínimo por pessoa, enquanto que os 10% mais ricos recebem 17,6 salários mínimos. Há oito anos, a proporção era de 0,7% para 13,3%. Já o mapa da fome, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, informa que 33% da população brasileira (54 milhões de pessoas) vivem abaixo da linha da pobreza (ganham menos de 80 reais por mês).
A marcha, promovida pelas pastorais sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a participação dos movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dos Trabalhadores Desempregados (MTD), dos Moradores de Rua (MDM) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), denuncia que esta realidade é resultado de uma história de dominação, de exploração e discriminação, tanto internamente, quanto dos países do Norte para com os do Sul. E que um novo colonialismo agudiza a situação, através da globalização da economia, da desregulação dos capitais internacionais, da invasão cultural, da submissão dos países aos ditames dos organismos internacionais.
O que mais nos indigna é que seria preciso muito pouco para superar as conseqüências desastrosas deste modelo que se perpetua. Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, de 1998, com 40 bilhões de dólares adicionais seria possível manter o acesso universal à educação, à saúde reprodutiva das mulheres, à alimentação, à água e ao saneamento básico para todos. Isso representa menos de 4% do patrimônio das 225 pessoas mais ricas do mundo. Os cálculos indicam que para liquidar a tragédia de 180 milhões de crianças que passam fome no planeta, os custos seriam inferiores ao que se gasta anualmente com a publicidade de cigarros nos Estados Unidos. Muito acima de pequenos incidentes está a legítima e necessária denúncia. A grandiosidade do civismo da marcha dos excluídos bem expressa o refrão que embalava seus passos. "Este é nosso País, esta é a nossa bandeira. É por amor a esta pátria, Brasil, que a gente segue em fileiras".
Colunistas
Começo de Conversa - Fernando Albrecht
A neve temporã
A neve que caiu na Serra das Hortênsias pegou os hotéis com uma lotação boa embora não espetacular. O Hotel Serra Azul fechou o final de semana em torno dos 70%, o que é razoável considerando-se a época. Se os meteorologistas tivessem dado avisos sobre a possibilidade de neve o Serra Azul chegaria ao máximo da lotação. O problema é que ninguém previu a neve, no máximo a queda acentuada de temperatura com geadas. A partir das 7h de ontem os flocos começaram a cair em Gramado, para a alegria dos hóspedes e para a tristeza de um grupo cearense, que resolveu ir embora na sexta-feira.
Sem previsão
Em 1984 também caiu uma neve fora de época, mais ou menos por estes dias do mês, precipitação que contemplou também Porto Alegre, ainda que de forma tímida. Os fregueses do Barranco não esquecem que, em pleno julho quente de 2001, um pecuarista que jantava contou a uma roda de barranquistas que o frio iria até novembro. A meteorologia agora também acha, só que o homem achou isso muito antes, quando todos falavam que o inverno 2001 já era.
Pepinão
Um empresário do setor financeiro, ora em viagem aos Estados Unidos, terá que descascar um baita pepino quando voltar de lá - se voltar. Sua empresa foi alvo de um vistosa batida da Receita Federal devidamente escoltada por agentes da Polícia Federal. Falou-se em suspeita de lavanderia. Até os aparelhos de ar condicionado foram abertos à procura de algum material suspeito.
Seminário do TRF
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região promove de hoje até quarta o seminário Juizados Especiais Federais: Afirmação da Cidadania, em conjunto com diversos órgãos públicos envolvidos no funcionamento dos juizados especiais. O evento, na rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 600, terá abertura às 9h com o ministro Paulo da Costa Leite, presidente do Superior Tribunal de Justiça. Logo depois, o ministro Ruy Rosado de Aguiar Júnior, também do STJ, falará sobre recursos e outros meios de impugnação das sentenças e decisões .
A festa de Fafá
O cantora Fafá de Belém é uma das tantas que adora passar uma temporada no Kur Hotel para perder os quilinhos a mais. Como tantos outros artistas, Fafá também adora dar uma escapadinha do spa. Há clientes que vão tomar cerveja em botecos das proximidades, mas Fafá foi mais longe: veio ao brunch do Hotel Casa da Montanha de Gramado, um espetáculo gastronômico que faz merecida fama entre turistas e visitantes. No caso de Fafá, se comeu de tudo que o brunch oferece, deve ficar pelo menos mais um ano perdendo peso.
A luta continua
Durante o final de semana vários peemedebistas falaram com cautela sobre o futuro do partido no Rio Grande do Sul. Existem vários cálculos disponíveis na praça sobre a composição partidária na Casa do Povo, mas um deles calcula que podem restar só quatro deputados na sigla. PMDB, quem te viu, quem te vê. Já em outra faixa de freqüência as coisas parecem estar indo bem para José Fortunati e o deputado Bernardo de Souza. Jantando no Barranco, a dupla recebeu cumprimentos e a torcida para que formem uma chapa para 2002.
A dupla
Os deputados Adão Pretto (PT-RS) e João Grandão (PT-MS) formam uma dupla afinada na Câmara federal. Ambos protocolaram representação para retirada imediata de produtos transgênicos de lojas e supermercados. Pensando bem, é um excelente nome para uma dupla caipira. Pretto e Grandão, que tal?
Melhorias cariocas
Três constatações recentes para quem não ia ao Rio de Janeiro há algum tempo: o policiamento da Zona Sul está muito forte e duplas de PMs são encontráveis a todo momento; a avenida N.S. Copacabana, que antes era um inferno de camelôs, agora está limpa; e, por último, os ônibus que servem a área são quase todos novos.
A concorrência
A concorrência de um canal da TV em UHF está agitando os meios televisivos. Embora sendo em UHF, o Canal 24 pode ser considerado como TV aberta, porque 75% dos televisores recebem este sinal. Mas a briga é porque o critério não é o de antigamente - agora é na boca do caixa mesmo. Fala-se que os lances rondam a casa dos R$ 10 milhões. Um dos maiores interessados seria um executivo gaúcho da área de comunicação que se mudou para outras plagas, contando com uma poderoso parceiro, um famoso ex-diretor da TV brasileira.
A desapropriação
Em Gramado não se fala em outra coisa senão na desapropriação, pela prefeitura, de uma área nobríssima - 25hectares de um total de 50 pertencente à família Nelz. Segundo o Jornal de Gramado, a desapropriação, feita pelo prefeito em exercício, o presidente da Câmara de Vereadores Ubiratã Alves de Oliveira, tem como justificativa a preservação da cobertura florestal do município diante do rápido crescimento imobiliário. O mercado calcula o valor em cerca de R$ 20 milhões. O problema é que a prefeitura não tem dinheiro nem para repor a iluminação pública ou correção do asfalto. Vai pagar como?
Será amanhã às 17 horas a posse de 24 novos Juízes do Trabalho Substituto do TRT.
Miúdas
Salimen Jr. é o responsável pela bem-sucedida página Bussiness to Bussiness das segundas-feiras.
Fundação de Desenvolvimento gerencial lança o Six Sigma On Line no [email protected].
Direção do Grêmio informa que ação contra o antigo site do Grêmio nada tem a ver com o atual.
Odontóloga Ana Paula Delvaux recebe o prêmio Pioneiros da Odontologia Estética no Mundo.
Será amanhã a terceira edição da terceir@terça, na Dado Bier, evento dirigido às empresas da Informática.
Guilherme Villela prefaciou Regulação, Agências de Regulação, Teoria, Legislação e Prática, de Eduardo Krause (Mercado Aberto).
CIEE e PUC inauguraram instalações da unidade de atendimento do CIEE aos estudantes da universidade.
Information to Society e a Datalistas (Abril) apresentam às 8h de quarta, no Sheraton, parceria inédita de database marketing.
Conexão Brasília - Adão Oliveira
O Cacique
Amanhã, o senador Jáder Barbalho anuncia da tribuna a sua renúncia como presidente do Senado Federal. É certo que vai sair atirando nos seus algozes. Vai sobrar chumbo pra todo o lado. O principal atingido, entre os presentes, será o senador gaúcho Pedro Simon que, por inúmeras vezes, pediu a renúncia de seu companheiro. Sem citar-lhe o nome, Jáder deve dedicar parte de seu discurso a insinuações contra o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, seu maior desafeto político, seu inimigo pessoal.
Esse será o primeiro movimento de Jáder Barbalho. O segundo pode ser a renúncia do mandato. Jáder Barbalho deve renunciar se o Conselho de Ética do Senado recomendar que a Mesa Diretora abra o processo de cassação contra ele por quebra de decoro parlamentar. Renunciando Jáder está apto a voltar a candidatar-se a deputado federal, em 2002, por exemplo. Eleito, não perderá a tão necessária imunidade parlamentar. Se não renunciar Jáder será cassado e aí não estará imune aos inúmeros processos que serão abertos contra ele, além dos já existentes. Mas, acreditem, antes de renunciar Jáder Barbalho arma uma poderosa bomba contra o governo. Ele assina o requerimento que pede a instalação da CPI da Corrupção. Basta uma assinatura para que a CPI seja instalada. Jáder, então, se despede do Senado punindo o Governo, seu antigo aliado.
Mas nada disso vai acontecer sem que ele "ainda poderoso" articule a indicação de um amigo para uma posição em que esteve por pouco tempo: a presidência do Senado. Ele já está manobrando para que o PMDB indique o nome do atual líder da sua bancada, senador Renan Calheiros. Renan, em todo esse processo que envolve Jáder, tem sido mais do que seu interlocutor. Tem sido um negociador das frágeis posições defendidas por Jáder. Não é fácil a posição do líder. Seu nome não circula bem entre seus colegas de bancada, ainda que com o apoio de Jáder Barbalho. José Sarney se mexe com maior desenvoltura entre seus pares, apesar de não ser um peemedebista/emedebista histórico. Mas, até aí... Renam também não tem essa bola toda. Ele foi amigo de primeira hora e líder de Fernando Collor. Isso ninguém esquece.
Quem assumir a presidência não poderá ter "rabo preso". Isso é colocar o alvo nas costas. Por tudo isso, corre por fora o senador José Fogaça. Tido como um dos homens mais respeitados no Senado Federal, Fogaça não conta com o apoio "deles", entenda-se a cúpula do partido. O gaúcho é reconhecido por todos por suas posições corretas, éticas. Isso não agrada a cúpula do PMDB. A eleição de Michel Temer só mudou a mosca. A cúpula continua a mesma. Duas pessoas que poderiam ajudar na eleição de Fogaça "um senador e um ministro gaúchos, ambos do PMDB" não botam a cara para defender a eleição de Fogaça.
Pelo contrário, até fogem do assunto. Sabem porque? Porque Jáder Barbalho não quer que o correto Fogaça seja seu sucessor na presidência da Casa. E como Jáder não quer, a bancada não aprova. Um veto de Jáder ainda é decisivo no Senado. Ele foi, por mais de 7 anos, líder da bancada do partido, posição em que andou acumulando com a presidência do PMDB. Com todo esse poder ele favoreceu muitos senadores inexpressivos, presenteando-os com relatorias importantes que lhes renderam forte exposição na mídia. É voto cabresteado. É pena! Fogaça tem todas as condições para resgatar moralmente o Senado Federal. E, dessa vez, ele topa ser o presidente da Casa. Pena que sua retidão seja o principal empecilho para que isso aconteça.
Editorial
Todos os caminhos levam ao cooperativismo
Nada promove a melhor globalização e a mais justa distribuição de renda e riqueza para a comunidade do que o cooperativismo. A frase é de líder do setor, ao concluir que essa realidade é uma tendência e mostra que, sem a cooperativa, o produtor, principalmente o pequeno, por falta de condições de acesso ao financiamento, corre risco de se tornar um excluído. Atualmente, a globalização induz à fusão no sistema cooperativado.
A incorporação é processo inevitável para superar a dificuldade de crédito, conseguir redução de custos e propiciar uma economia de escala. O estágio da economia brasileira, prestes a se incorporar à Área de Livre Comércio das Américas, Alca, exige novas posturas por parte das cooperativas. As principais recomendações dadas pelos técnicos e dirigentes do setor são fundamentais. A primeira, a de que a adesão de novos cooperados deve passar por triagem rigorosa.
E seguem-se outras, igualmente importantes, como ter um corpo de funcionários capacitado, respondendo às necessidades do cooperado; o presidente da cooperativa deve ser competente ao ponto de escolher executivos melhores do que ele próprio; o cooperado precisa convencer-se de que na cooperativa ele sempre terá um relacionamento melhor do que com uma empresa e que, por maior que seja, a cooperativa é como uma cidade pequena, onde uma mão lava a outra. Porém, os ensinamentos para enfrentar os novos tempos não estacam aí.
Na cooperativa, o maior obstáculo para a fusão, que é a vaidade, deve ser derrubado, além do que todos devem ter em mente que o cooperativismo faz o cooperado crescer. A maioria, na base de 60% a 70% dos cooperados, são pequenos e só a sua união traz a força. Além da atividade básica, os cooperados devem diversificar, em pequena escala. Em São Paulo, produtores de cana-de-açúcar aprenderam a cultivar amendoim, soja e milho, como também criar bois e carneiros, graças ao apoio de sua cooperativa. É fundamental que o cooperado se sinta, ao mesmo tempo, sócio e freguês da entidade, porque, de um lado, ele quer vender bem, caro, e, de outro, deseja comprar barato. A comunidade também sente os bons reflexos da atividade das cooperativas, com a melhor distribuição de renda.
O pequeno produtor cooperado entra nos bancos sem intimidar-se, confiando na estrutura que existe atrás dele. Se o banco não ajudar, a cooperativa resolverá e isso é um grande trunfo, pois o banco sabe que funciona dessa maneira. Como em todos os setores, a educação dos sócios cooperados é fundamental. Educar a tudo e a todos, a todo o momento, em qualquer idade ou tempo, essa a norma geral. Os educados no cooperativismo são solidários. Não ter medo dos avanços tecnológicos é postura inteligente. Informática, colheitadeiras, arados e tratores modernos dão agilidade e lucro às cooperativas, que devem fazer seus membros também se modernizarem.
Finalmente, promover a união das cooperativas para restaurar as centrais. Na produção de leite, há casos em que nove ou 10 centrais foram compradas por multinacionais e restaram apenas duas ou três. Cooperativismo com crédito rural é o maior instrumento agropecuário para o Brasil, aliviando o problema dos preços desfavoráveis, conforme ocorre há três anos. Sem o cooperativismo de educação e do trabalho, não há como obter adesão de novos produtores e, sem cooperativismo, os produtores serão reféns do juro alto, da falta de assistência e dos atravessadores do lucro fácil, em cima dos esforço alheio.
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