ROUBO DE CARGAS: DIRETOR DA POLÍCIA RODOVIÁRIA ADMITE QUE QUADRILHAS TÊM MAIS RECURSOS



Em depoimento, nesta terça-feira (dia 17), à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o roubo de cargas, o diretor da Polícia Rodoviária Federal, general Álvaro Henrique Vianna Novaes, afirmou que as quadrilhas são muito mais bem organizadas, aparelhadas e contam com mais recursos do que a polícia. Ele afirmou que a instituição deveria ter um efetivo quatro vezes maior do que possui para controlar de modo satisfatório as estradas do país e atuar no combate ao crime.

Segundo o general, que dirige a polícia rodoviária há dez meses, existem apenas 412 postos em estradas, quando o número ideal seria de pelo menos 550. Atualmente, o número de policiais é de 8,5 mil, para patrulhar mais de 50 mil quilômetros de estradas. Ele também lamentou a falta de equipamentos.

- Gostaria de contar com dois ou três homens em cada posto, e uma dupla a cada 70 quilômetros de estrada, mas não temos nem o número previsto em lei, que é de 10 mil - revelou Álvaro Henrique, lembrando que há a promessa de um concurso para a polícia no ano que vem.

Respondendo ao senador Geraldo Cândido (PT-RJ), Álvaro Henrique reconheceu que há uma "banda podre" na Polícia Rodoviária, que tem sido combatida, e demonstrou interesse em atuar em conjunto com a Polícia Federal e as polícias dos estados para impedir o contrabando de armas e drogas. Ele disse também que está sendo implantado um setor de inteligência na Polícia Rodoviária Federal, órgão previsto no Plano Nacional de Segurança Pública. Além disso, estão sendo realizadas operações para apreender veículos e cargas roubadas.

A CPI ouviu ainda o diretor do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), Genésio Bernardino de Souza, que concordou com o senador Moreira Mendes (PFL-RO), segundo o qual a precariedade das rodovias brasileiras favorece a ação das quadrilhas do roubo de cargas. De acordo com Genésio, dos 90 mil quilômetros de estradas, apenas 57 mil são pavimentados, e há 12 anos não são realizados serviços de manutenção. Ele prometeu, entretanto, que nos próximos quatro anos toda a malha viária do país será recuperada.

- Depois que foi extinto o imposto que incidia sobre combustível, que era revertido para o DNER, não houve receita suficiente para cuidar das rodovias - disse Genésio, salientando ainda que a recuperação de uma rodovia é mais custosa do que a conservação. Ele revelou que a concessão de estradas para administração e exploração de pedágios por empresas privadas, não significou qualquer aumento de receita para o DNER.

Geraldo Cândido e Moreira Mendes mencionaram os altos preços de pedágios nas rodovias administradas por concessionárias. O relator da CPI, deputado Oscar Andrade (PFL-RO), pediu a cópia dos contratos entre o DNER e as empresas concessionárias.

17/10/2000

Agência Senado


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