São Paulo garante verbas para concluir nova ponte SP-MS



Convênio para liberação dos recursos será assinado pelo governador José Serra nesta quinta em Brasília

Uma reivindicação de mais de 40 anos dos moradores do oeste paulista fica mais perto de se tornar realidade. O governador José Serra assina nesta quinta-feira, 30, em Brasília, o convênio que irá garantir a liberação dos R$ 31 milhões necessários à conclusão da ponte sobre o rio Paraná, ligando os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul pelos municípios de Paulicéia (SP) e Brasilândia (MS). A assinatura ocorre em cerimônia no Palácio do Planalto.

“A luta pela nova ponte durou quase meio século e a obra é um marco na região” comemora a Secretária Estadual de Saneamento e Energia, Dilma Seli Pena, que estará presente no evento, assim como o Ministro dos Transportes, Alfredo Pereira do Nascimento e o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. “A ponte Paulicéia-Brasilândia é fruto de um compromisso assumido há anos, mas estava pendente desde 2001. Agora, no governo Serra, vamos retomar e terminar este projeto fundamental ao trânsito entre os dois estados”, acrescentou a Secretária.

A ponte de pouco mais de 1.700 m de extensão está 70% concluída e a previsão é de que seja inaugurada pelo governador José Serra no segundo semestre de 2008.  Já foram investidos na obra mais de R$ 110 milhões, sendo R$ 69,6 milhões de recursos próprios da CESP (Companhia Energética de São Paulo), R$ 5,28 milhões da Secretaria de Saneamento e Energia e o restante pelo governo federal. Outros R$ 2,9 milhões já foram disponibilizados pelo governo de São Paulo para encerrar o antigo convênio. O novo convênio a ser assinado com o Ministério dos Transportes permitirá o investimento de R$ 24,74 milhões federais, previstos no Programa de Aceleração do Crescimento.

Benefícios

O rol de benefícios que a obra trará é extenso. A nova ponte porá fim à lenta travessia do rio, hoje realizada apenas por balsas. Com ela, o escoamento da produção sul-mato-grossense vai ganhar mais fôlego: esta será a primeira via de acesso da região rumo ao estado de São Paulo – onde se concentram não apenas portos e centros de distribuição, mas também boa parte de seu mercado consumidor.

A integração interestadual e o desenvolvimento da região também serão ampliados, visto que o intercâmbio entre os dois estados será ampliado imediatamente. Mais de 600 mil hectares de terras agriculturáveis, até então subaproveitadas, poderão ser exploradas por industriais, especialmente dos setores sucroalcooleiro e de celulose.

Mas quem ganha mesmo são os motoristas. Quem sai de São Paulo rumo a Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, vai economizar cerca de 100 quilômetroscom a nova ponte. O trajeto vai beneficiar os motoristas que optarem pela rodovia BR-158, próxima à Paulicéia, e a BR-163, nos arredores de Campo Grande.

Tão logo a obra seja concluída, começa a construção dos acessos. “Mas o fundamental é concluir a obra, porque ela poderá utilizada mesmo sem o término dos acessos”, argumenta a Secretária.

“É um sonho que vira realidade”, resume o prefeito de Paulicéia, Ronney Antônio Ferreira. Segundo ele, a distância entre as capitais dos dois estados, encurtada em 100 quilômetros, trará enormes benefícios à economia local. “É a principal vitória de uma luta que remonta ao início dos anos 70. A ponte trará grande crescimento para região”, justifica Ferreira.

Acordo

A ponte sobre o rio Paraná é uma das principais bandeiras de luta da Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista (AMNAP). Tão logo criada, há 30 anos, seus presidentes passaram a cobrar a construção da ligação interestadual. Em 1998, após participar de um fórum regional em Tupã, o governador Mário Covas autorizou o início dos trabalhos.

“A conclusão da obra é muito importante, um marco para a região”, afirma o atual presidente da entidade, o prefeito de Parapuã, Antônio Alves da Silva. Segundo ele, é impossível prever quantos veículos passarão a optar pela nova ligação, afinal os quilômetros economizados no trecho entre as capitais são muito significativos.

A ponte é uma obra para compensar as cidades afetadas pela formação do reservatório da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera). O acordo foi firmado entre a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e a AMNAP no dia 3 de julho de 1998.

A AMNAP é composta por 30 municípios: Adamantina, Dracena, Flora Rica, Flórida Paulista, Inúbia Paulista, Irapuru, Junqueirópolis, Lucélia, Mariápolis, Monte Castelo, Santa Mercedes, São João Do Pau D´Alho, Tupi Paulista, Pracinha, Tupã, Bastos, Queiroz, Iacri, Arco-Iris, Herculândia, Nova Guataporanga, Osvaldo Cruz, Ouro Verde, Pacaembu, Panorama, Parapuã, Paulicéia, Rinópolis, Sagres e Salmourão.

Outro lado

Do outro lado do rio a satisfação é a mesma. “Agora vai, se Deus quiser”, celebra o deputado estadual Akira Otsubo, de Mato Grosso do Sul. Há mais de dez anos ele lidera as negociações pela liberação de recursos para a conclusão da obra.

Dados Técnicos

Comprimento total

1.705 m

Comprimento do vão principal (de navegação) (*)

200 m

Comprimento dos vãos adjacentes (2) ao principal (*)

100 m

Comprimento dos demais vãos (29) (**)

45 m

Largura da Plataforma

15,8 a 17,3 m

Volume total de concreto

29.579 m3

 (*) Estrutura estaiada

(**) Estrutura com vigas protendidas

Manoel Schlindwein