Sarney defende restabelecimento da democracia em Honduras



O presidente do Senado, José Sarney, e diversos senadores brasileiros registraram solidariedade ao presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, que visitou o Senado nesta quarta-feira (12). Zelaya foi recebido no gabinete de Sarney, que, em seguida, levou o presidente hondurenho ao Plenário, onde vários parlamentares expressaram sua solidariedade e pediram o restabelecimento da democracia naquele país.

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- Jamais poderemos admitir qualquer interrupção no processo democrático em qualquer país sem o nosso protesto, sem a nossa solidariedade e a nossa luta, para que realmente essas coisas possam ser superadas - afirmou Sarney no Plenário.

Quebrando o protocolo, Zelaya discursou no Senado. O presidente Hondurenho destacou que a comunidade internacional tem sido solidária com o povo hondurenho e destacou o apoio recebido no Brasil, além do Senado, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Zelaya pediu sanções comerciais e econômicas mais fortes contra o governo golpista, especialmente do Brasil e dos Estados Unidos.

- A manifestação de apoio dos senadores fala bem do Brasil e da consciência democrática do povo brasileiro. Se o Brasil e os Estados Unidos estiverem contra o golpe, os golpistas não poderão permanecer muito tempo na usurpação do poder em Honduras e se reconstruirá a democracia - disse.

Zelaya afirmou que o povo hondurenho resiste ao golpe de estado, que foi "como uma guerra, em que se rompe o pacto social". O presidente denunciou que os golpistas já cometeram mais de dez assassinatos no país e que em Honduras estão ocorrendo violações aos direitos humanos, censura à imprensa, torturas e prisões por motivações políticas.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) informou que foi aprovada na Comissão de Representação do Brasil no Mercosul uma moção de repúdio ao golpe de estado em Honduras, em defesa do estado democrático de direito, do reconhecimento da vontade popular e do cumprimento da cláusula democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA) (que afasta da organização qualquer país que não respeite a democracia, a vontade popular e o Estado Democrático de Direito).

Mercadante também informou ter proposto ao Senado uma moção suspendendo todos os acordos bilaterais do Brasil com Honduras até que se restabeleça plenamente a democracia e se restitua a vontade popular manifesta na eleição do presidente Manuel Zelaya. O senador sugeriu ainda que o Senado não reconheça qualquer eleição feita em Honduras antes que o mandato de Zelaya esteja restabelecido.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) lembrou que os brasileiros sabem o que significam golpes de estado que "suprimem a democracia e abrem espaço, no caso da América Latina, para subordinar os interesses das nossas nações a interesses alienígenas, de fora, que não podemos aceitar".

Ainda no gabinete do presidente Sarney, Arruda já havia entregue ao presidente hondurenho uma moção de solidariedade do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, subscrita pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE).

O senador José Nery (PSOL-PA), por sua vez, rechaçou e condenou o golpe que "coloca em risco o processo democrático que estamos instaurando e vivenciando na América Latina, depois de uma longa experiência de convivência com um golpe de Estado, com a violação de direitos". O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) fez votos para que a paz e a democracia se restabeleçam o mais rápido possível em Honduras.

Também prestaram solidariedade a Zelaya os senadores Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Mão Santa (PMDB-PI), Heráclito Fortes (DEM-PI), Cristovam Buarque (PDT-DF), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e João Pedro (PT-AM), este último na reunião no gabinete de Sarney.

Silvia Gomide / Agência Senado



12/08/2009

Agência Senado


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