Sarney e João Paulo recebem donas-de-casa em marcha pela aposentadoria
Os presidentes do Senado e da Câmara, senador José Sarney e deputado João Paulo Cunha, receberam nesta quarta-feira (10) um abaixo-assinado com 1 milhão de assinaturas entregue por participantes da Marcha Nacional em Defesa da Aposentadoria das Donas-de-Casa. Sob aplausos, os dois parlamentares manifestaram apoio à idéia.
Maria das Graças Vieira, presidente da Associação das Donas-de-Casa de Goiás, fez a entrega do documento, pedindo a deputados e senadores que olhem pela mulheres que tanto contribuíram para que eles chegassem ao Legislativo.
- Até então, ninguém lembrava dessa classe de mulheres excluídas, que é a classe das donas-de-casa. Estamos ainda esquecidas lá no fogão - acrescentou.
Ao receber o documento, Sarney condenou a discriminação do trabalho realizado pela dona-de-casa e disse que as trabalhadoras do lar exercem uma regência familiar, que é moral e material, sem um turno definido, numa dedicação exclusiva e permanente. Ele elogiou a luta ali simbolizada em todas que vieram a Brasília, "na vanguarda de um movimento que tem atrás de si milhões de donas-de-casa".
- Em meu nome, e também acho que esse será o sentimento dos governadores e dos senadores, nós iremos dar uma tramitação rápida a essa emenda. Contem com o nosso apoio, porque esta é uma causa justa. Estamos aqui prontos para apoiá-las.
No mesmo tom, João Paulo Cunha reclamou "a mudança cultural que o Brasil precisa fazer para que as mulheres tenham o seu reconhecimento e exerçam seu poder, onde quer que estejam, na mesma proporção que os homens o exercem". Na opinião do presidente da Câmara, a sociedade machista empurrou as mulheres para a cozinha, "mas, se Deus quiser, nessa grande luta, nós vamos mudar o Brasil".
Centenas de donas-de-casa vieram a Brasília para a marcha, organizada pelos comitês estaduais formados para debater a proposta de emenda à Constituição 385/01, da deputada Luci Choinacki (PT-SC), que institui a aposentadoria para as donas-de-casa com mais de 60 anos e renda familiar de até dois salários mínimos.
Na cerimônia realizada no salão branco do Congresso, Luci Choinacki defendeu sua iniciativa, argumentando que cuidar de filho, limpar casa e lavar banheiro são tarefas que consistem em efetivo trabalho e não em simples obrigação das mulheres, como é aceito pela sociedade brasileira.
Também num discurso, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse que gostaria muito que a aposentadoria para as donas-de-casa tivesse sido aprovada na reforma da Previdência promovida pelo Legislativo no ano passado.
- Eu apresentei uma emenda, assim como vários deputados e senadores, mas, infelizmente, o Congresso não teve a sensibilidade de acatá-las - disse.
10/03/2004
Agência Senado
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