Sarney elogia atuação do Brasil na luta contra subsídios agrícolas dos países desenvolvidos



Em discurso no Plenário nesta sexta-feira (29), o senador José Sarney (PMDB-AP) elogiou a atuação do governo brasileiro, especialmente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na chamada Rodada de Doha - uma negociação da Organização Mundial do Comércio (OMC), iniciada em 2001, que busca redefinir taxas e mecanismos de comércio entre as nações.

José Sarney lembrou que, por iniciativa brasileira, a diminuição dos subsídios agrícolas concedidos pelos países ricos é um tema que vem sendo mantido permanentemente em discussão em âmbito internacional. O Brasil, afirmou Sarney, vem atuando firmemente para fazer avançar essa discussão, em busca de convergência. Nesse sentido, o senador destacou especialmente a atuação do ministro Celso Amorim.

- É um dos maiores ministros deste país. É um chanceler moderno, com pouca retórica, mas veemente e incansável na defesa dos interesses brasileiros - disse.

O senador afirmou que os países ricos vêm atuando na Rodada de Doha com intransigência, uma vez que querem concessões dos países mais pobres em termos da abertura de mercado para produtos industriais, mas "não mostram aberturas para diminuir subsídios agrícolas".

- É uma coisa que devemos realçar para a população ter conhecimento do que está ocorrendo. O Brasil tem tido papel de comando e vem buscando avanço desses interesses (de diminuição dos subsídios agrícolas) que também pertencem a vários países do mundo - afirmou.

O senador traçou uma retrospectiva do comércio internacional e avaliou como o mundo chegou à Rodada de Doha. Segundo José Sarney, os países sempre buscaram ordenar o comércio entre as nações "para evitar caos em termos de trocas internacionais". A Rodada de Doha, disse, é mais um passo na tentativa de ordenar o comércio internacional.

Nas relações internacionais, a OMC substituiu o Acordo Geral de Tarifas de Comércio (GATT, da sigla em inglês General Agreement on Tariffs and Trade) na regulação do comércio mundial. As rodadas para discussão de tarifas gerais recebem o nome da cidade que sedia o primeiro de uma série de encontros de nações. A Rodada do Uruguai, que gerou a OMC, durou dez anos e foi seguida pela Rodada de Doha, capital do país árabe Qatar. Essa rodada, como lembrou o senador, dá continuidade à luta dos países mais pobres, iniciada já em outras negociações, pela abertura dos mercados aos produtos agrícolas, mediante a redução dos subsídios concedidos pelos países ricos aos seus produtos.

- O Brasil é muito interessado nessa posição, porque somos um país que ainda tem uma massa considerável da nossa produção baseada na agricultura. Mas não tivemos sucesso na Rodada de Doha, pois os Estados Unidos e a Europa protegem muito a agricultura com subsídios e sempre colocaram obstáculos a que pudéssemos ter acesso a esses mercados - afirmou.

O senador destacou que o comércio internacional encontra-se assim desbalanceado. Nossos mercados, disse José Sarney, estão cada vez mais abertos aos produtos industrializados e, os dos países ricos, cada vez mais fechados aos produtos agrícolas.

Em aparte, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) apoiaram o discurso do senador José Sarney.

29/06/2007

Agência Senado


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