Sarney elogia discurso de posse de Nelson Jobim no Supremo



O presidente do Senado, José Sarney, elogiou o discurso de posse do ministro Nelson Jobim na presidência do Supremo Tribunal Federal, ao falar em Plenário na sessão desta sexta-feira (4). Sarney disse que o pronunciamento foi "notável" e que Jobim demonstrou ter "grande lucidez sobre o rumo que o Poder Judiciário deve tomar", além de ter apresentado diretrizes para "um momento novo, compreendendo as transformações ocorridas no Brasil e que devem atingir a magistratura brasileira".

O senador destacou como "extremamente importante" a disposição anunciada por Jobim de trabalhar para desfazer a vinculação do Judiciário à esfera política.

- Vi no discurso do ministro Nelson Jobim um ponto extremamente importante, porque toca numa ferida que é nossa: nós, políticos, temos que resolver nossos problemas, mesmo que de maneira dolorosa, dentro das nossas Casas, porque, no momento em que chamamos a Justiça para resolver os problemas políticos, estamos quebrando a estrutura que faz uma democracia moderna - afirmou.

Segundo Sarney, esta situação foi criada durante o período da ditadura, quando os tribunais serviam de instância política.

- Esse tempo felizmente já passou, e, ao recorrer à Justiça para resolver conflitos políticos, estaremos dando à Justiça um complicador para o qual ela não está, nem deve e nem foi preparada, o que é um desserviço à Justiça e, ao mesmo tempo, uma disfunção do processo político. Penso ser esse um ponto sobre o qual devemos meditar. Que a Justiça fique na sua área, assim como a política também. É assim que funciona a democracia - afirmou.

O presidente do Senado esclareceu que, historicamente, o Brasil teve, desde o Império, um Poder Moderador para arbitrar as questões políticas e manter o equilíbrio, exercido pelo imperador e pelo Senado, e que garantiu um processo sem rupturas. Com a República, esse poder foi substituído pelas Forças Armadas, que interferiam quando achavam que o jogo político estava errado, gerando um processo de intervenções arbitrárias e salvacionistas como as da juventude militar do movimento tenentista.

- Para pegar a deixa do ministro Nelson Jobim, quero dizer que, numa democracia moderna, cujas instituições funcionam, não é preciso Poder Moderador nenhum, nem militar, nem imperial. Esse poder é totalmente exercido pelo povo, e só há uma maneira de dirimir os conflitos não políticos de uma sociedade democrática: com a lei, o direito e a magistratura - concluiu.





04/06/2004

Agência Senado


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