Sarney fala das perdas que resultam da morte de Celso Furtado
Sarney lembrou o período em que, quando a capital ficava no Rio de Janeiro e ele era deputado federal, junto com outros políticos nordestinos, como Virgílio Távora, Edilson Távora e Remi Archer, permanentemente auxiliava Celso Furtado, quando este pedia apoio para alguma nova política em favor do Nordeste.
- Conheci então o homem que estava cima dos problemas políticos. O professor que sabia construir. O teórico que sabia moldar a realidade. Depois, por esses caminhos da vida, tive a oportunidade de convidar Celso Furtado para ser ministro da Cultura do meu governo - disse.
O presidente do Senado lembrou que, antes disso, quando foi redigido o manifesto da Aliança Democrática, em razão de objeções surgidas em sua redação, houve um impasse. Nesse momento, prosseguiu Sarney, Tancredo Neves disse a Ulysses Guimarães que só havia um homem para solucionar o problema: Celso Furtado.
- Pela sua autoridade, respeitabilidade, confiança que inspirava em todos nós, foi chamado Celso Furtado para redigir a parte econômica do manifesto. Era essa a regência moral e cultural que Celso Furtado, não sendo político, tinha em relação a todos os políticos - recordou.
Sarney acrescentou que, como ministro daCultura, Celso Furtado montou em todo o país uma política de incentivos fiscais para a cultura, originada num projeto do próprio Sarney, defendido no Legislativo desde 1972.
- No Ministério da Cultura, Celso Furtado tomou a frente dessas idéias e, com apoio do governo federal, implantou o sistema de incentivos fiscais, esse que hoje, com outros nomes e com outras faces, está sendo desenvolvido - disse.
Com a morte de Celso Furtado, na opinião de Sarney, o Brasil perde um homem que ocupou um lugar de referencia nos últimos 50 anos da história brasileira. Ele afirmou que Celso Furtado não era somente o economista respeitado no mundo inteiro, com passagens brilhantes pela Sorbone, Cambridge, Harvard e Columbia.
- Ele era também o professor, mestre de tantas gerações brasileiras. Era o humanista de formação universal, um pensador. Foi o ponto de referencia do estudo do Brasil e de sua economia. Seu livro Formação Econômica do Brasil é, sem dúvida alguma, um livro fundamental e indispensável na formação de todos nós. Podemos dizer que se situa entre aqueles livros que permanentemente temos que ler - concluiu.
22/11/2004
Agência Senado
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