Sarney homenageia Maurice Druon. Plenário aprova voto de pesar



O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fez, nesta quarta-feira (15), uma homenagem ao literato francês Maurice Druon, morto nesta terça-feira (14), aos 91 anos. No Brasil, e em muitos outros países, uma das obras mais conhecidas de Druon é O Menino do Dedo Verde, livro infantil adotado pelas escolas.

Ao final de seu discurso, Sarney pediu a aprovação de um voto de pesar pelo desaparecimento "de um dos maiores escritores franceses do século passado e do princípio deste século". Aprovada, a manifestação de pesar será encaminhada à viúva de Druon, Madeleine.

O presidente falou ao microfone postado no corredor central do Plenário. E lamentou a perda de alguém que considera um amigo e uma de suas referências. Conforme Sarney, o escritor aliou à sua carreira de grande intelectual "uma personalidade de patriota", assemelhando-se ao poeta português Luiz Vaz de Camões no papel de "poeta guerreiro". Maurice Druon destacou-se, por exemplo, como herói na Segunda Guerra Mundial quando lutou no batalhão de cavalaria, segundo Sarney.

Depois da invasão da França pela Alemanha, Druon refugiou-se, na Inglaterra, juntamente com outros integrantes da chamada "resistência francesa", movimento liderado pelo general Charles de Gaulle, futuro chefe de Estado francês em dois períodos - por 18 meses entre 1945 e 1946 e de 1959 a 1969, durante a chamada Quinta República. É de sua autoria o hino Le chant des Partisans (O Canto dos Resistentes).

De acordo com o senador do PMDB, ao voltar à França, com o fim do conflito mundial, Druon dedicou-se basicamente à sua vocação literária e produziu obras que se tornaram marcos da literatura mundial.

Além de O Menino do Dedo Verde, escreveu Os Reis Malditos e As Grandes Famílias. Druon publicou também ensaios e artigos jornalísticos. Ainda em 1945, entrou para a Academia Francesa de Letras, tendo sido eleito secretário perpétuo, cargo mais alto daquela instituição, que exerceu por cerca de vinte anos, até 1999, quando renunciou em favor da historiadora Carrère d'Encausse.

- É esse homem que desaparece. Senti uma grande emoção e sinto uma grande falta - disse Sarney, lembrando em seguida que o escritor tinha ligações de amizade e familiares com o Brasil, neste último caso por ser tetraneto do Odorico Mendes, escritor maranhense célebre pela tradução da Ilíada, o clássico grego de Homero.

- A meu convite, ele visitou o Maranhão duas vezes e, em uma das ocasiões, ajoelhou-se frente à estátua do seu avô - recordou o presidente do Senado, que como acadêmico recebeu Druon na Academia Brasileira de Letras e foi por ele recebido na Academia Francesa.

A participação política do escritor estendeu-se aos anos de paz. Druon chegou a ministro da Cultura do governo de Georges Pompidou (1969-1974). E, como esclareceu Sarney, era ideologicamente um "gaullista", ou seja, partidário de De Gaulle

- Tratava-se de um homem de convicções. Era de direita e defendia suas ideias com grande energia. Era um homem que nunca deixou de tomar posição - ressaltou Sarney.

O senador mencionou a última grande causa de Druon: a luta em prol do idioma francês contra a invasão de neologismos originários de outras línguas. Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT- SP) solidarizou-se com a homenagem de Sarney e louvou igualmente as qualidades de Druon, além de seu apoio, em 2004, à ideia da renda básica de cidadania.



15/04/2009

Agência Senado


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