Sarney pede que a Alca seja discutida sem preconceitos nem sectarismos



Ao participar nesta segunda-feira (20) da sessão inaugural do Encontro Parlamentar sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o presidente do Senado, José Sarney, pediu que a Alca seja discutida sem preconceitos nem sectarismos, lidando-se com a realidade e não com abstrações.

- Estamos decidindo um processo de convivência continental que vai influir no nosso futuro. As gerações que virão jamais perdoarão nossas vacilações ou erros.

Nesse processo de negociação, ele pediu que os produtos brasileiros com elevado grau de competitividade tenham acesso aos grandes mercados do hemisfério sem enfrentar a distorção provocada por picos tarifários e direitos extratarifários.

- Queremos uma Alca em que nossos produtos agrícolas possam concorrer internacionalmente, livres da concorrência dos subsídios de economias mais poderosas.

Sarney definiu a Alca como a mais instigante iniciativa continental a despertar na opinião pública interesse e participação, principalmente agora, com o avanço das negociações. Aproveitando a presença do ex-presidente argentino Raul Alfonsín, sentado à mesa dos trabalhos, ele recordou que, em novembro de 1985, Brasil e Argentina encerraram décadas de antagonismo para iniciar uma era de integração, com a criação do Mercosul.

De acordo com Sarney, o Mercosul é um caminho sem volta e não se pode negociar qualquer outro tratado de integração regional sem o considerar.

- As turbulências que atravessamos estão sendo contornadas. As cifras de nosso comércio, que sofreram uma forte retração nos últimos anos, se recuperam. Observamos sinais claros da retomada do crescimento de nossas economias - observou ele.

Sarney registrou ainda que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na negociação da Alca tem perfeita sintonia com o pensamento da maioria dos integrantes do Congresso Nacional. E acrescentou que o Brasil deseja uma Alca abrangente, que responda aos interesses de todos os participantes, -que seja plural e não unilateral-.

Lembrando que mais de um milhão de jovens ingressam anualmente no mercado de trabalho em busca de empregos, ele disse que o Estado tem a responsabilidade de reincluir no mercado 20 milhões de brasileiros que hoje vivem abaixo da linha da pobreza.

- Não podemos negar que gerar empregos e reduzir o desnível de renda são imposições inescapáveis de nosso cotidiano. Este é o fator condicionante de qualquer contexto negociador.



20/10/2003

Agência Senado


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