Sarney registra os 100 anos de nascimento do poeta Mauro Mota




Em pronunciamento nesta quarta-feira (17), o senador Jose Sarney (PMDB-AP), saudou o centenário de nascimento do jornalista, poeta, cronista, ensaísta e memorialista Mauro Mota (1911-1984), nascido em Recife e integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Sarney lembrou que era "quase menino" em 1947, quando pensou em estudar em Pernambuco e ingressar na Faculdade de Olinda, que era a tradicional faculdade brasileira, junto com a de São Paulo. Ele disse que ali já havia um grupo com o qual se correspondia, chefiado por Mauro Mota, Edson Regis, Guerra de Holanda e outros intelectuais.

- Foi um período pequeno, mas extremamente importante na minha vida, porque tive oportunidade de, nesse tempo, em Recife, ficar ligado a nomes que se tornaram importantes e fundamentais na literatura brasileira - afirmou.

No Recife daquele tempo, Sarney teve ainda oportunidade de conhecer Gilberto Freyre, "esse monumento da literatura nacional", e o poeta Ascenso Ferreira, entre outros, com quem lançou, a nível nacional, um movimento que se chamava Neomodernista.

- Achávamos que a Semana de Arte Moderna tinha se esgotado e que, então, havia uma nova geração que devia continuar uma renovação nas letras brasileiras. E havia esse movimento no Brasil inteiro, movimento que foi marcado pelas revistas que essa geração fundou - afirmou.

Entre essas publicações, Sarney citou a revista Clã, no Ceará; a revista Quixote, no Rio Grande do Sul; a revista Branca, no Rio de Janeiro; a revista Joaquim, no Paraná; e a revista Região, da Paraíba e também de Recife, todas com a participação de nomes de destaque da literatura nacional. O senador mencionou ainda a revista Ilha, fundada por ele, seu irmão Evandro Sarney e Bandeira Tribuzzi, entre outros.

Sarney lembrou ainda a atuação de Mauro Mota como diretor do suplemento literário do Diário de Pernambuco. Naquele tempo, recordou o senador, os jornais tinham grandes suplementos literários que realmente sustentavam a divulgação dos talentos que surgiam. Ao mesmo tempo, essas publicações incentivavam as novas gerações para que seguissem o caminho das letras.

Sarney disse ainda que detém de Mauro Mota um gesto de gratidão que só um homem como o autor dePernambucânia ou cantos da comarca e da memória (1979) podia ter. Sarney lembrou que, quando de sua candidatura à ABL, Mauro Mota tinha a intenção de votar no escritor Orígenes Lessa, que concorria com ele. A três dias da eleição, porém, Mauro Mota comunicava em carta a Sarney que não queria que ele entrasse na academia sem seu voto.

O senador lembrou que ele próprio costuma dizer que "uma nação não se faz sem três coisas: sem os historiadores, para falarem do passado; sem políticos, para tomarem conta do presente; e sem os poetas, para sonhar com o futuro".

A obra de Mauro Mota

Como poeta, destaca-se por suas Elegias, publicadas em 1952. Nessa obra figura também o Boletim Sentimental da Guerra do Recife, um dos seus poemas mais conhecidos. Sua poesia é de fundo simbólico, sobre temas nordestinos, retratando dramas do cotidiano em linguagem natural e espontânea.

A poesia de Mauro Mota inclui ainda A Tecelã (1956); Os Epitáfios (1959); O Galo e o Catavento (1962); Canto ao Meio (1964); Antologia Poética (1968); Pernambucânia Dois (1980); e Antologia em Verso e Prosa (1982).

Entre os ensaios e crônicas destacam-se O Cajueiro Nordestino (1954); Província e Academia (1954); Itinerário da Escola (1956); Paisagem das Secas (1958); Capitão de Fandango (1960); Geografia Literária (1961); Terra e Gente (1963); História em Rótulos de Cigarros (1965); Quem foi Delmiro Gouveia? (1967); O Criador de Passarinhos (1968); O Pátio Vermelho, Crônica de uma pensão de estudantes (1968); Votos e Ex-votos, Aspectos da vida social do Nordeste (1968); Os Bichos na Fala da Gente (1969); Pernambuco Sim, em colaboração com Gilberto Freyre e Roberto Cavalcanti (1972); Modas e Modos (1977); A Estrela de Pedra e Outros Ensaios Nordestinos (1981); Barão de Chocolate e Companhia (1983).

Mauro Mota escreveu ainda prefácios a vários livros e colaborações em obras coletivas, como a Enciclopédia Mirador Internacional. Textos de sua autoria também foram inseridos em antologias nacionais e estrangeiras. Há ainda registros sonoros em disco (Boletim Sentimental da Guerra do Recife e Mauro Mota em Prosa e Verso) e em gravação para o Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro e de Pernambuco.

Mauro Mota recebeu o Prêmio Olavo Bilac da ABL e o Prêmio da Academia Pernambucana de Letras por suas Elegias (1952); o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e o Prêmio PEN Clube do Brasil, pelo livro de poesias Itinerário (1975). As informaçoes constam da página eletronica da ABL na internet.



17/08/2011

Agência Senado


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