Saturnino admite que cometeu erro ao assinar carta para dividir mandato



O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) admitiu em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado que cometeu um erro ao assinar uma carta em que prometia dividir seu mandato com o suplente, Carlos Lupi. Afirmou ter assinado o documento "coagido" e "constrangido" e, se não o tivesse feito, não teria sido o candidato da coligação PSB-PDT-PT. O adversário era o ex-senador e ex-ministro Roberto Campos, que venceria as eleições se cada partido adversário tivesse candidato próprio.

- Admito que foi um fato eticamente condenável, passível de punição, apesar de o conselho não punir senadores por fatos anteriores à sua posse - observou.

Saturnino ponderou que esse tipo de acordo "é comum" na política, para viabilizar candidaturas mais fortes e nunca pensou em renunciar no meio do mandato, mas sim tirar alguma licença, para que o suplente assumisse por algum tempo. Argumentou que não se sentiu mais obrigado a tirar as licenças porque a coligação se desfez algum tempo depois.

- Foi um acordo político, não um acordo pessoal - disse.

Saturnino disse ainda que seu "maior erro" foi não informar aos eleitores sobre o acordo. O senador disse que o ex-governador Leonel Brizola, autor da representação contra ele no Conselho de Ética do Senado, mentiu ao dizer ao conselho que falava nos palanques da campanha de 1998 sobre o acordo. Roberto Saturnino pediu aos senadores que considerem a credibilidade dele e de Brizola ao examinar as declarações do ex-governador do Rio.

O relator do processo, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), depois de ouvir que o fato não foi comunicado aos eleitores, mostrou uma notícia do Jornal do Brasil, antes das eleições de 1998, a qual cita o acordo para divisão do mandato. "Estou surpreso. Eu não sabia dessa notícia", disse Saturnino.

O presidente do conselho em exercício, senador Demostenes Torres (PFL-GO), convocou nova reunião para o dia 28 de abril, quando o senador João Alberto Souza apresentará seu parecer.



31/03/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


Brizola nega que Saturnino tenha sido coagido a dividir mandato

Flexa Ribeiro diz que Lula cometeu seu "maior erro histórico" ao perder a chance de efetuar reformas

Francelino diz que relatório de Saturnino tem erro de redação

Simon admite alterar projeto, para que 1,3 milhão possam pedir revogação do mandato de presidente

Jader admite renunciar ao mandato

José Nery avalia que foi um erro do Senado decidir sobre perda de mandato em sessão secreta