Saturnino pede que governo confesse erros cometidos no setor de energia elétrica e na área social



O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) sugeriu ao governo federal que, aproveitando o momento em que a população está cobrando ética e verdade dos homens públicos, confesse os erros que cometeu na condução de sua política energética, na abertura indiscriminada do mercado brasileiro e na área social. Ele também apelou aos senadores para que aprovem projeto de sua autoria que prevê a realização de um plebiscito a respeito do ingresso do Brasil na Alca (Área de Livre Comércio das Américas).

Além de sugerir que o governo confesse que errou ao privatizar empresas do setor elétrico ao invés de ter mobilizado recursos para a implantação de novas usinas geradoras de energia, Saturnino propôs que a população seja convocada para discutir os rumos que o país deve tomar para resolver sua crise energética. "A hora é de confissão perante a população e de discussão de uma política alternativa capaz de retirar o país da perspectiva de colapso", afirmou.

Lembrando que o Brasil está há vários anos sem receber investimentos no setor energético, Saturnino criticou o governo por ter utilizado os recursos da privatização de empresas do setor no pagamento de compromissos com o mercado financeiro. O senador pelo Rio de Janeiro também pediu que o governo "pare de enganar o país" apresentando o programa de usinas termelétricas como solução, pois os empresários não estão demonstrando interesse em investir nessas usinas de geração de energia através de gás.

Saturnino também aconselhou o governo a confessar que errou ao promover uma abertura indiscriminada aos produtos fabricados nos outros países, para atender a um modelo estabelecido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) publicou um relatório mostrando que a proposta de aumentar a produtividade submetendo as empresas nacionais à concorrência de indústrias estrangeiras muito mais avançadas conduziu o setor industrial brasileiro a um desastre", analisou.

Na opinião de Roberto Saturnino, é fundamental que o governo assuma seus erros e mobilize a população a fim de enfrentar as pressões para que o Brasil assine o acordo para a implantação da Alca. "Uma vez este acordo assinado e posto em execução, vai devastar o que sobrou da nossa indústria", previu Roberto Saturnino. Ele acrescentou que o governo também deve confessar o fracasso nos seus programas sociais e assumir que o modelo neoliberal é incapaz de resolver os problemas no setor.

07/05/2001

Agência Senado


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