Saturnino protesta contra escolha de Eleazar para presidência do BNDES



O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) lamentou que a escolha do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tenha recaído sobre uma pessoa cuja formação acadêmica e profissional ocorreu no exterior. Ele explicou que seu questionamento não se referia à conduta moral de Eleazar de Carvalho Filho, mas a suas posturas ideológicas.

- Estou manifestando minha insatisfação e o meu sentimento de inconformidade com a nomeação de um técnico que, mesmo sendo brasileiro, formou-se no exterior e exerceu várias funções de direção em bancos estrangeiros. Minhas dúvidas devem-se ao fato de que a mentalidade desse profissional está ligada a interesses outros que não os do Brasil.

Para Saturnino, a escolha de Eleazar é ainda mais grave quando se considera o órgão que irá dirigir, o BNDES.

- Eu lastimo essa nomeação e logo para esse banco, para o qual trabalhei e ao qual me sinto vinculado, que foi a principal alavanca para o processo econômico do país nas décadas de 50, 60 e 70, com uma filosofia voltada também para o desenvolvimento social brasileiro. O BNDES, em suas origens, não poderia financiar empresas estrangeiras e hoje, apesar de estar com sua postura desvirtuada, continua tendo uma importância diferenciada para a nossa soberania e autonomia - afirmou Saturnino.

O líder do governo, senador Artur da Távola (PSDB-RJ), discordou da crítica de Roberto Saturnino, lembrando que protestos com argumentos similares foram feitos na época em que Armínio Fraga foi escolhido para dirigir o Banco Central.

- Hoje, até a oposição reconhece a competência e o grande trabalho que tem sido feito por Fraga à frente do BC. Não há nenhum dado que possa colocar em dúvida a posição de um profissional pelo simples fato de ele ter estudado lá fora - observou o líder.

Saturnino, no entanto, disse que mantinha sua posição e que considerava difícil que Eleazar seja desvinculado das idéias das empresas estrangeiras para as quais trabalhou.

- Ele pode entender de mercado, mas não acredito que possa entender a realidade e o sofrimento do povo brasileiro - acrescentou.

07/12/2001

Agência Senado


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