Senado aprova delegação de bacias Hidrográficas a associações municipais



O Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (4) projeto de lei que autoriza a Agência Nacional de Águas (ANA) a firmar contratos com associações e consórcios de municípios com o objetivo de administrar bacias hidrográficas de domínio da União (aquelas que cortam mais de um estado). Esses contratos poderão ser firmados até a constituição de agências de águas específicas encarregadas de gerir a utilização dos recursos dessas bacias.

A matéria foi aprovada na forma do projeto de lei de conversão (PLV) nº 23/2004, substitutivo da medida provisória (MP) nº 165/2004, mas correu o risco de sequer ser votada. É que o texto do PLV enviado pela Câmara dos Deputados, com modificações em relação ao texto da MP, permitia que os contratos fossem firmados com organizações não governamentais e outras associações civis sem fins lucrativos.

Dizendo-se preocupado com ingerência de ONGs em assunto de responsabilidade do Estado, o senador Osmar Dias (PDT-PR), anunciou que não votaria a favor. Lembrou inclusive que a assinatura dos contratos daria às ONGs o direito de receber e administrar recursos públicos orçamentários. O alerta de Osmar Dias foi encampado por outros senadores, entre os quais Arthur Virgílio (PSDB-AM), José Agripino (PFL-RN), Jefferson Peres (PDT-AM) e Efraim Morais (PFL-PB).

Diante da ausência do relator da matéria, senador Cristovam Buarque (PT-DF), o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) assumiu a relatoria e acatou sugestão de mudança do artigo 1º feita pelo senador Juvêncio da Fonseca, deixando claro que as ONGs ficariam de fora dos contratos de gestão: estes só poderiam ser firmados entre a ANA e associações e consórcios de municípios, o que foi apoiado pelo líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP). Com a mudança, os opositores da matéria declararam seu voto favorável.

Restou para esta quarta-feira (5) apenas a votação de destaque apresentado pelo senador José Jorge (PFL-PE) estabelecendo a garantia de que os recursos arrecadados dos usuários de bacias não poderão ser contingenciados pelo governo. Também ficou para esta quarta o início do exame da medida provisória que proíbe o funcionamento dos bingos e de máquinas caça-níqueis. Ao final da sessão, vários senadores se manifestaram sobre a tramitação das MPs. Os de oposição reclamaram do excesso de medidas provisórias enquanto os governistas fizeram apelo no sentido de que matérias importantes para o país, como a nomeação de embaixadores e o estabelecimento de normas ambientais e de biotecnologia, sejam aprovadas.



04/05/2004

Agência Senado


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