Senado aprova moção de solidariedade às mulheres afegãs
Ao encaminhar o requerimento, Tião Viana lembrou que sua moção de censura ao Talibã nada tem a ver com os atentados terroristas aos Estados Unidos, nem tampouco está vinculado ao impasse bélico norte-americano com o governo do Afeganistão.
Na verdade, o requerimento visa condenar a milícia fundamentalista que, desde que tomou o poder no Afeganistão, mergulhou o país numa espécie de apartheid de gênero, que baniu as mulheres do mercado de trabalho, classificadas como seres subumanos. O documento data do ano passado e foi aprovado pela CRE - Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional no primeiro semestre.
Para a senadora Emilia Fernandes (PT-RS), o Brasil não pode silenciar sobre essa agressão às mulheres, feita pelo regime fascista e opressor do Talibã, em flagrante desrespeito aos direitos mais fundamentais do ser humano. "Não se trata, de maneira alguma, de interferência nos assuntos internos do Afeganistão, porque a defesa dos direitos humanos é tema que transcende as fronteiras dos estados", disse.
O senador Leomar Quintanilha (PPB-TO) reafirmou sua repulsa ao comportamento discriminatório do governo do Afeganistão em relação às mulheres, mas ponderou que o foro mais adequado para este tipo de moção de censura deveria ser a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o senador Carlos Patrocínio (PTB-TO), que deu voto contrário, a moção é desaconselhável e extemporânea. Quando foi apresentada, no ano passado, talvez fosse pertinente, mas depois dos atentados terroristas aos Estados Unidos, a seu ver não é mais. "Quem garante que a milícia talibã continuará no poder no Afeganistão? Será que nada mudará, depois da reação norte-americana? Devemos esperar para ver", argumentou.
O relator da moção na CRE, senador Lúdio Coelho (PSDB-MS), contestou os argumentos de Patrocínio afirmando ser o voto de censura permanentemente válido, uma vez que o regime fundamentalista do Afeganistão, desde que subiu ao poder, não respeita a mulher, agredindo um dos direitos mais fundamentais da humanidade.
03/10/2001
Agência Senado
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