Senado aprova mudanças na poupança



O Senado aprovou, na tarde desta quarta-feira (11), o Projeto de Lei de Conversão (PLV) 17/2012, decorrente de alterações na Medida Provisória (MP) 567/2012. A MP da Poupança, como ficou conhecida, muda a rentabilidade da caderneta de poupança se a meta da taxa básica de juros (Selic) for fixada em 8,5% ao ano ou menos. Quando essa situação ocorrer, a poupança será remunerada com a variação da Taxa Referencial (TR) mais 70% da Selic. A matéria, agora, vai à sanção da Presidência da República.

A MP garante ainda a transferência de financiamento imobiliário de um agente financeiro para outro com juros menores sem a necessidade da realização de um novo contrato – a "portabilidade" de financiamentos.

Durante a tramitação na Câmara, foram rejeitadas emendas que buscavam limitar a aplicação das novas regras para depósitos acima de R$ 30 mil e aumentar a remuneração da poupança em caso de Selic acima de 11%. Outra alteração rejeitada foi a utilização do mesmo rendimento da poupança nos saldos vinculados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), ressaltou que o mercado já reconheceu que as novas regras para a poupança são corretas e prudentes. A MP 567/2012 foi editada em 3 de maio.

Segundo Braga, com a mudança, o governo garantiu o rendimento para o pequeno poupador. Ele acrescentou que a medida é uma forma de destravar a taxa Selic, que é a taxa referência dos contratos do governo, e pode permitir juros mais baixos. Na visão do líder, já é possível perceber os efeitos do empenho do governo em busca de uma reforma estrutural, com juros mais baixos, “compatíveis com a economia atual do Brasil”.

– O Brasil caminha para a possibilidade de juros motivadores de investimentos, com segurança tributária, financeira e de crédito para a poupança – defendeu Braga.

 

Proposta alternativa

 

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou a MP. De acordo com o líder do PSDB, o governo tem tomado medidas casuísticas, apenas para enfrentar o momento de crise. Alvaro disse que as novas regras vão fazer com que o pequeno poupador passe a receber menos na poupança.

– Será brindado sempre com o menor rendimento. Como se vê, não será um bom negócio para o pequeno poupador – afirmou o senador, sugerindo que o governo deveria “pôr a mão no próprio bolso”.

Mesmo não concordando, Alvaro disse que a oposição não criaria obstáculos para a aprovação da MP, pois a regra já está em vigor e não haveria razão para criar entraves à economia do país.

O parlamentar paranaense pediu um modelo de poupança que valorize o trabalhador brasileiro, retirando privilégios dos poderosos e transferindo-os ao pequeno poupador.

Alvaro Dias disse que, em breve, será apresentado no Senado um projeto alternativo à medida do governo que melhora os rendimentos para os assalariados que usam a poupança. Segundo o senador, a proposta foi sugerida pelo economista Pérsio Arida, considerado um dos pais do Plano Real e ligado ao PSDB.

Alvaro explicou que a proposta pede uma única taxa de juros no país, eliminando, por exemplo, taxas privilegiadas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A taxa unificada puxaria para baixo o percentual das taxas de juro e beneficiaria os que recebem juros menores do FGTS, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e da poupança.

– O que nos embala, não é apenas o desejo da crítica, mas da construção – disse o senador.



11/07/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senado pode ouvir Guido Mantega sobre mudanças na poupança

Senado aprova projeto que cria o Fundo Soberano do Brasil, uma poupança pública

Confederação Nacional da Indústria elogia mudanças na remuneração da poupança

Paim destaca mudanças na poupança para redução dos juros

Walter Pinheiro considera acertadas mudanças na rentabilidade da poupança

Alvaro Dias critica mudanças na remuneração da caderneta de poupança