SENADO CELEBRA 70 ANOS DE JOSÉ SARNEY



O encanto, a modéstia e o terno tradicional, na descrição da publicação americana Current Biography, o fazem parecer mais um fazendeiro inglês que um líder latino-americano. Ex-presidente da República, ex-presidente do Senado, escritor com 27 obras publicadas e membro da Academia Brasileira de Letras, o senador José Sarney está completando 70 anos este ano.

Para celebrar a data, abre-se nesta quarta-feira (dia 8), às 19h, no Salão Negro do Congresso Nacional, a exposição José Sarney, o Poeta e o Defensor da Liberdade, termo com que a ele se referiu o escritor mexicano Otávio Paz. Personagem fundamental da história recente do Brasil, Sarney é, na opinião de outro intelectual, o francês Maurice Druon, um dos mais completos homens célebres do nosso tempo.

A exposição reunirá painéis retratando a vida e a obra do homenageado. Nascido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, em Pinheiro (MA), no dia 24 de Abril de 1930, quando menino, Sarney era conhecido como "Zé do Sarney", o que significava "José, filho do Sarney", numa alusão a seu pai, Sarney de Araújo Costa. Em 1958, utilizou esse nome para eleger-se deputado federal, adotando-o legalmente a partir de 1965.

A carreira política de José Sarney iniciou-se aos 24 anos, quando elegeu-se suplente de deputado pela UDN. No ano seguinte, em 1955, assumiu a efetividade na Câmara dos Deputados, para onde foi reeleito em 1958 e 1962. Em 1965 venceu a eleição para governador do Maranhão. Em 1970, iniciou seus quatro mandatos de senador. Foi presidente da Arena e, posteriormente, presidente do Partido Democrático e Social.

Em 1984, foi Sarney quem iniciou a ruptura com o governo militar, formando a Frente Liberal que apoiou a eleição de Tancredo Neves e ajudou o país a transitar pacificamente para o regime democrático. Ele foi eleito vice-presidente na chapa de Tancredo Neves e, quando este foi hospitalizado, assumiu interinamente seu lugar, numa constrangedora situação, na qual o general que deixava o poder recusou-se a passar-lhe a faixa. Após a morte de Tancredo, no dia 21 de abril de 1985, Sarney assumiu efetivamente a Presidência da República.

Conforme a Current Biography, foi sua modéstia e capacidade de ouvir os líderes de todas as correntes políticas que desarmaram seus críticos e o fizeram conquistar apoio popular, mantendo a esperança que movia o país. Foi em seu governo que o Brasil adotou uma nova moeda, o povo foi às ruas fiscalizar preços e o chefe de estado passou a fazer um programa radiofônico semanal para dar conta de sua administração à sociedade.

Entre 1995 e 1996, Sarney foi presidente do Senado e do Congresso Nacional, gestão marcada pela colocação em dia das votações do plenário e pela execução de um projeto de eficiência e modernização da Casa. Em seu discurso de posse, Sarney disse que o Legislativo significa fiscalização e controle do Poder Executivo, sendo o único lugar onde o povo pode questionar os governos e apontar os erros do próprio Parlamento.

Em todos esses anos de atividade política, Sarney disse que não passou um dia sem receber um convite "para noivar com a literatura". Durante esse período, foi freqüente sua vontade de retomar a carreira literária iniciada em 1970, com a publicação de Norte das águas. Essa carreira trouxe a público, em 1979, um segundo livro, Maribondos de fogo, que o levou, um anos depois, a tomar posse na Academia Brasileira de Letras.

Quase 30 anos depois da publicação de Norte das águas, traduzido em mais de dez idiomas, Sarney publicou, em 1995, seu primeiro romance - O dono do mar. Trata-se de história de pescadores do Maranhão, saga regional que conta a realidade de pessoas rudes, suas paixões e instintos, num clima de primitiva sensualidade.

Sarney acaba de lançar Saraminda, romance passado entre a Guiana Francesa e o Amapá, região de garimpo de ouro. Centrado em lendária jovem de pele cafuza, olhos verdes e seios dourados, a obra tem uma força narrativa intensa e relata com magia a vida de uma heroína que sintetiza todos os sonhos eróticos do homem dos trópicos. Sarney é pura felicidade com o sucesso do livro.

08/11/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


SENADO CELEBRA 70 ANOS DE JOSÉ SARNEY

SENADO CELEBRA 70 ANOS DE JOSÉ SARNEY

Sarney celebra os 60 anos do jornal A Crítica, de Manaus

Senado celebra 120 anos da República

Senado celebra 120 anos da República

Senado celebra os cem anos do Dnocs