Senado homenageia jornalista Evandro Carlos de Andrade



O Senado aprovou voto de pesar pela morte do jornalista Evandro Carlos de Andrade, diretor de jornalismo da TV Globo, ocorrida nesta segunda-feira (dia 25). Atendendo a requerimento apresentado pelo senador Francelino Pereira (PFL-MG), foram enviadas condolências à família e às Organizações Globo, na pessoa de seu presidente, Roberto Marinho.

Francelino Pereira relatou sua amizade com Evandro Carlos de Andrade e destacou que o jornalismo sempre foi a grande paixão do homenageado. O senador lembrou que Evandro Carlos de Andrade veio para Brasília com dois outros grandes nomes do jornalismo brasileiro, Pompeu de Sousa e Carlos Castelo Branco, o Castelinho, para trabalhar na sucursal do Jornal do Brasil . Depois, tornou-se diretor da sucursal do jornal O Estado de S. Paulo e, mais tarde, assumiu o comando do jornal O Globo , voltando para o Rio de Janeiro. Passou 24 anos à frente do jornal e de lá foi para a Rede Globo de Televisão.

Francelino ressaltou que Evandro Carlos de Andrade foi sempre um profissional correto, que jamais se desviou das regras de ética. Lembrou que o jornalista costumava recomendar à sua equipe que seguisse uma única regra, na época em que a ditadura militar impunha a censura à imprensa: "Escrevam, e bem, o que houver de verdade, sem jamais aceitar a censura, a não ser pela força. Sem aceitar muito menos a autocensura, que é incompatível com o jornalismo".

No encaminhamento favorável ao requerimento, o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) afirmou que o jornalismo brasileiro e a vida política do Brasil sofrem uma perda lamentável. Evandro Carlos de Andrade, ressaltou, "foi um homem lúcido, inteligente, brilhante e eficiente como jornalista mas também um homem de estofo moral muito sólido, um ser ético na sua inteireza".

Saturnino recordou que conheceu Evandro Carlos de Andrade nos anos 60, quando era deputado federal e o jornalista trabalhava na cobertura da Câmara dos Deputados. Disse que desde então passou a admirar o jornalista, com quem mantinha uma troca de idéias freqüente, e com quem comungava "da mesma indignação quando do golpe militar que quebrou o frágil sistema democrático que havia implantado no Brasil".

Também o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) relatou seu convívio com Evandro Carlos de Andrade quando chegou a Brasília, como deputado federal, em 1967 e, mais tarde, como presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

- Por várias vezes dele colhi a certeza de que o jornal era sua vida. Este requerimento de pesar marca a dor de todos nós, dos que com eles convivemos e que dele sabemos o quanto era ético - afirmou Cabral.

O senador Iris Rezende (PMDB-GO) disse que, embora não tenha privado da intimidade de Evandro Carlos de Andrade, acompanhou de perto sua trajetória.

- O Brasil inteiro usufruiu de sua competência na realização de um jornalismo sério e sobretudo equilibrado. Evandro Carlos de Andrade foi um exemplo de quem pratica o jornalismo com responsabilidade. O seu comportamento de profissional e de cidadão deve ser um espelho para aqueles que militam na imprensa de nosso país - disse Iris Rezende.

A convivência com Evandro Carlos de Andrade também foi lembrada pelo senador Edison Lobão (PFL-MA), que disse ter aprendido com ele como se fazia jornalismo.

- Com Evandro aprendi muito. Eu o admirava por seu talento, por sua inteligência e por sua correção pessoal. A imprensa do Brasil perde muito, não só com a ausência de um jornalista, mas de um mestre que ensinou a gerações de jornalistas, afirmou Edison Lobão.

Também o senador Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) fez questão de manifestar seu pesar e somar-se às homenagens a Evandro Carlos de Andrade em nome do estado de Tocantins.

Ao declarar a aprovação do requerimento de pesar, o presidente do Senado, Jader Barbalho, uniu-se às manifestações dos senadores e disse que aproveitava para homenagear a imprensa brasileira, "particularmente os que fazem, como fez Evandro Carlos de Andrade, o jornalismo sério e competente; o jornalismo que se sabe instrumento de informação real, verídica, para a comunidade, sob pena de não se fazer o bom jornalismo".

25/06/2001

Agência Senado


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