Senado lança livro sobre imigrantes poloneses na Bienal do Paraná



Depois de passar pelo Rio de Janeiro e por São Paulo verificando a situação dos seus conterrâneos que haviam emigrado para o Brasil, o sacerdote polonês Zygmunt Chelmicki (1851-1922) chegou ao Paraná. O navio demorou 18 horas no percurso entre Santos e Paranaguá. A viagem de Chelmicki, no início de 1891, rendeu o livro No Brasil - Anotações de viagem. Uma reedição dessa obra, com o título atualizado para Imigrantes Poloneses no Brasil em 1891 será lançado pelo Senado no próximo dia 9, às 16h30, na Bienal do Livro do Paraná. A tradutora da obra, a polonesa Sofia Winklewski Dyminki, participará da sessão de autógrafos.

Chelmicki veio ao Brasil atendendo a convite para retratar a real situação vivida pelos poloneses que haviam trocado sua pátria pelo país da América do Sul. Naquela época diversas famílias estavam emigrando em busca de melhores condições de sobrevivência. A missão do sacerdote era mostrar que a realidade não era tão favorável. Ao contrário, muitos enfrentavam a miséria e a fome no novo país.

Nos seis primeiros dias que passou no Rio, Zygmunt Chelmicki encontrou 500 imigrantes. Todos eles teriam ficado doentes pelo menos uma vez com moléstias prolongadas, como a febre amarela. O sacerdote faz uma descrição chocante da figura do imigrante polonês no Brasil.

"Caminhando pelas ruas da cidade, nas proximidades do cais ou becos malcheirosos, ao encontrar um ser parecido com pessoa humana, expressão doentia nas faces, rosto chupado, olhar anuviado, abatido e arrastando os pés com dificuldade, com roupa rasgada e na cabeça um boné surrado, nem pergunte quem ele é, de onde vem. Pode estar certo: é um imigrante polonês", descreve Chelmicki.

Em São Paulo a situação revelada pelo padre polonês era menos desesperadora. Ele conta que ali era menos difícil para alguém com profissão definida encontrar emprego. Nas palavras do próprio autor: "São Paulo não me pareceu tão deprimente como lá no Rio". Porém, a situação encontrada por ele no interior do estado, nas fazendas produtoras de café, foi diferente. Chelmicki concluiu que apenas alguns imigrantes podiam conseguir emprego. "Quanto aos restantes, um destino cruel os aguarda".

Paraná

Depois de desembarcar em Paranaguá, como os últimos imigrantes poloneses de lá tinham ido para Curitiba, Zygmunt Chelmicki pegou o primeiro trem para Morretes e Antonina. Ele visitou fazendas de cana-de-açúcar nos dois municípios e viajou para Curitiba. Segundo o sacerdote, apesar de a cidade estar preparada para receber algumas centenas de visitantes, já abrigava 5.200 imigrantes.

"A situação dos imigrados não difere nada daquilo que vi até agora. Muitos deles já provaram o amargor nas colônias, e acabaram evadindo-se das províncias de Santa Catarina e até do Rio Grande, vindo a pé até Curitiba. Semanas após semanas ficaram errando pelas matas até que finalmente chegaram aqui", relata Zygmunt Chelmicki.



04/10/2010

Agência Senado


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