SENADO NÃO VAI REDUZIR PENA DE CRIME HEDIONDO, GARANTE ACM



O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, garantiu hoje (26), em entrevista à Rádio Clube de Ribeirão Preto (SP), que a Casa não vai permitir a redução de penas para crimes hediondos, bloqueando a aprovação do projeto do governo nesse sentido, já aprovado pela Câmara dos Deputados.

- O Senado está em consonância com a sociedade, e não permitirá a redução; se for para aumentar, sim, mas para diminuir, nunca - afirmou.

Antonio Carlos Magalhães manifestou-se satisfeito porque a Câmara manteve a alteração feita pelo Senado ao projeto de lei eleitoral, proibindo o uso de dinheiro público no financiamento de campanhas, e rejeitou a hipótese segundo a qual o parlamentar que tiver contribuição legal de empresário em sua campanha, se deixará corromper no exercício do mandato.

- Partindo-se do princípio de que todos devem ser honestos, eu não acredito que a participação do capital privado vá modificar votações no Senado ou na Câmara, pois isso seria fazer mal juízo do país, e não apenas dos parlamentares - explicou.

Para o presidente do Senado, o povo brasileiro não quer dinheiro público em eleição; pelo contrário, quer os R$ 420 milhões, inicialmente destinados a essa finalidade, aplicados em segurança pública, escolas, hospitais.

- Os radicais do PT e outros partidos nanicos querem pegar o dinheiro público para botar na eleição, mas dinheiro público não é para eleição. Quem quiser que o faça com dinheiro do seu bolso, ou de amigos que queiram contribuir para sua eleição, mas dinheiro público não é para isso, quem quiser roubar dinheiro público não use campanha eleitoral como pretexto - disse.

Antonio Carlos Magalhães reafirmou ser contra privilégios em aposentadorias, seja para parlamentares, seja para magistrados, e confirmou para a próxima quarta-feira (dia 1º) a votação da proposta de extinção do IPC.

Sobre o projeto da reforma administrativa em discussão na Câmara dos Deputados, o senador destacou a importância de uma rápida definição, e defendeu que se diminua, sempre que possível, o tamanho do Estado, para assegurar a governabilidade.

- Masisso não quer dizer que se vai demitir funcionários, necessariamente - ressalvou.

Detalhando sua posição sobre o enxugamento da máquina pública, o senador explicou que somente assim o funcionário competente, que efetivamente trabalha, será melhor remunerado.

- Quando nas prefeituras, nos estados, ou na União, há excesso de funcionários, não se pode pagar melhor aos que trabalham. Evidentemente que vai ter que diminuir este quadro, melhorando a governabilidade, permitindo canalizar recursos para a população. E aí, a grande maioria do povo, que não é funcionário, será beneficiada com as obras públicas e os investimentos do governo- esclareceu.

Outra reforma que o presidente do Senado considera essencial é apolítico-partidária. Na sua avaliação, há uma tendência à implantação do voto distrital, puro ou misto, e o comportamento do eleitorado de municípios importantes mostra isso: "Ribeirão Preto, por exemplo, concentra a votação para que tenha uma representação local". Antonio Carlos Magalhães acredita que "o voto distrital praticamente já existe", prevendo sua oficialização "talvez para a eleição de 2002".

A respeito das relações dos partidos que compõem a base de sustentação do governo, especialmente o PSDB e o PFL, em nível nacional e no Estado de São Paulo, Antonio Carlos Magalhães considerou uma "má colocação" da imprensa as referências à maior ou menor influência de cada partido sobre o governo, e lembrou que os dois partidos tem uma boa convivência no Senado e na Câmara.

- O ideal é que se transmita para todos os estados essa convivência que dá governabilidade. Mas quem comanda as ações é o presidente da República, e é ele quem tem a competência para fazer o jogo político da harmonia desses partidos - afirmou.



26/09/1997

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senado ratifica decisão do STF sobre cumprimento de pena por crime hediondo

Súmula vinculante disciplina progressão da pena por crime hediondo

Projetos tratam do regime de cumprimento de pena por crime hediondo

Valter Pereira quer acabar com a progressão de pena para crime hediondo

Comissão vota tratamento diferenciado na progressão de pena para crime hediondo

CDH pode votar agravamento de pena para autor de crime hediondo que atingir a maioridade