Senado poderá convocar Mantega e Meirelles para debater crise financeira



Se os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Banco Central, Henrique Meirelles, não justificarem sua decisão de não comparecer, como convidados, à audiência pública marcada para esta quarta-feira (22), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), para discutir a crise financeira internacional e não marcarem nova data e local para a vinda à instituição, a Presidência do Senado providenciará um requerimento de convocação para que os dois sejam obrigados a comparecer à Casa.

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A decisão foi tomada e anunciada em Plenário, pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, que se disse inconformado com a atitude dos dois ministros. Os senadores Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), Tião Viana (PT-AC), José Agripino (DEM-RN), Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Valter Pereira (PMDB-MS) apoiaram a decisão do presidente do Senado, que informou ainda que o próprio presidente da CAE, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), por telefone, disse também apoiar a medida.

- Não cabe aos ministros simplesmente recusarem o convite do Poder Legislativo, pois quem os está convocando somos nós, representando a Nação brasileira. Queremos explicações da parte do governo de como agirá diante dessa crise - explicou Garibaldi aos demais senadores.

O presidente do Senado lembrou ainda aos colegas que, neste momento de crise mundial, todos os governantes estão adotando medidas e as discutindo com o Poder Legislativo. Lembrou ainda que os próprios Estados Unidos, onde teve início a crise, precisaram do Congresso para votar um pacote de medidas para tentar salvar a economia.

- Quero dizer aos ministros que, em momento algum, pode o Poder Legislativo ser ignorado, esquecido e menosprezado, mas principalmente em um momento como este - criticou o presidente do Senado.

Para o senador Antonio Carlos Júnior, que foi o primeiro a questionar, em Plenário, o cancelamento da audiência pública, a atitude dos dois ministros é "um desrespeito à Casa".

- Espero que venham rapidamente para que não sejam convocados - disse o senador pela Bahia.

Para Tião Viana, "não é admissível essa desconsideração e irresponsabilidade" dos dois ministros. Já Eduardo Azeredo lembrou que Mantega e Meirelles nunca se negaram a comparecer ao Senado, onde "sempre estabeleceram um debate democrático" com os parlamentares.

Líder do DEM, José Agripino lembrou que os dois ministros compareceram, nesta terça-feira, à Câmara dos Deputados, aonde chegaram com duas horas de atraso, após terem manifestado a intenção de também não comparecer para prestarem esclarecimentos sobre a crise mundial.

- A contribuição que queremos dar é produzir um debate para resolver essa crise, para que a economia não seja movida por boatos. O fato de virem aqui e debaterem maduramente a situação é um diálogo patriótico que não há o que temer, mas também não há o que adiar - esclareceu Agripino.

Já Aloizio Mercadante (PT-SP), presidente da CAE, lembrou ao presidente do Senado, por telefone, que não é a primeira vez que os ministros adiam a vinda à Casa para debater a crise mundial. O primeiro encontro, marcado para a semana passada, foi remarcado para esta terça (21) e, depois, novamente remarcado para a quarta-feira.

Valéria Castanho / Agência Senado

 



21/10/2008

Agência Senado


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