Senado vai intermediar negociação para que policiais federais retornem ao trabalho
O ingresso do Senado nas negociações junto ao governo será vital para que a greve da Polícia Federal, que já dura 59 dias, seja finalizada com o atendimento das principais reivindicações da categoria, previu nesta quinta-feira (6) o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Francisco Carlos Garisto, em depoimento na Subcomissão Permanente de Segurança Pública, órgão que funciona no âmbito da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
O presidente da subcomissão, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), concordou com as colocações de Carlos Garisto e chegou a propor que os policiais federais retornassem imediatamente ao trabalho para que as negociações fossem reabertas. Ele observou que a greve já começa a dar sinais de esgotamento. Em troca, informou o senador, a Subcomissão de Segurança, tendo à frente o senador Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC) e a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), passariam a intermediar as negociações, "a fim de que o resultado seja favorável para ambos os lados". Dezenas de policiais que lotavam o plenário do colegiado aplaudiram de pé a proposta de Tasso Jereissati.
A senadora Serys Slhessarenko, que junto com o senador Geraldo Mesquita Júnior foi a autora do requerimento solicitando audiência pública para discutir o movimento grevista na Polícia Federal, acredita que o governo encontrará uma solução que agrade ao setor, considerado por ela como uma das instituições de maior credibilidade em todo o país, "e que deve merecer todo apoio".
Já o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) aproveitou a presença de delegados e dirigentes sindicais para chamar a atenção de uma decisão que poderá ser colocada em prática pelo governo a qual, a seu ver, tem de tudo para prejudicar e enfraquecer os trabalhos da Polícia Federal: a entrada do Ministério Público no setor de investigação, atualmente de competência exclusiva de agentes federais. Ele chegou a observar que a investigação é feita "com muito mais isenção" do que a levada à frente pelo Ministério Público.
O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) quis saber se a Polícia Federal tem uma contraproposta a ser apresentada ao governo para que seja colocado um ponto final no movimento grevista. Em resposta, Carlos Garisto informou que os policiais lutam para que o Executivo cumpra a lei e não ofereça apenas um simples reajuste salarial. Mas adiantou que será bem-vinda a adoção de um reajuste em cima dos chamados vencimentos básicos, desde que o plano de carreira ser adotado.
O senador Geraldo Mesquita Júnior também acredita que o governo encontrará uma rápida solução para por fim à greve dos policiais federais. E chegou a enaltecer a disposição da Polícia Federal de procurar o Senado para expor o que deseja do governo. O senador Leonel Pavan (PSDB-SC) disse que a greve é justa e pediu melhores condições para que a PF cumpra a sua missão, a começar por pagamento de salários dignos. O senador Sibá Machado (PT-AC) indagou se o plano de carreira não iria equiparar todas os cargos dentro da Polícia Federal, acabando praticamente com a hierarquia. Em resposta, os dirigentes sindicais informaram que os salários de delegados e peritos, entre outros, continuariam maiores, em virtude de vantagens.
Francisco Garisto declarou que a única exigência dos grevistas é receber o que dispõe o plano de carreira da categoria, que estabelece que todos os policiais federais devem receber o vencimento básico de nível superior previsto na legislação. Mas esclareceu, que ao contrário do que foi divulgado pela imprensa, eles não pleiteiam a isonomia com os delegados e o pedido de aumento de 85%. Ele explicou que o acordo de suspensão da greve pelo período de três dias mostra que os policiais não são "intransigentes". "O pleito é juridicamente perfeito e politicamente viável", sustentou.
06/05/2004
Agência Senado
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