Senador critica forma de atuação da Cobra



O senador José Jorge (PFL-PE) criticou a estatal Cobra pela forma híbrida de ação da empresa no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua opinião, é hora de as associações profissionais da área de informática intervirem para garantir que esse mercado não seja corrompido.

- A Cobra é uma empresa pública na hora de fazer contratos com o setor público e receber o serviço sem licitação. Na hora que ela vai realizar o serviço, contrata empresas no mercado de informática também sem licitação. Então nesse momento ela é uma empresa privada.

De acordo com José Jorge, a Cobra tem contratos sem licitação com 22 prefeituras, sendo dois deles com a Prefeitura de São Paulo. A empresa também tem contrato sem licitação com os mais importantes bancos estatais brasileiros, como Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia, e com algumas empresas de informática do setor publico, como a Dataprev, acrescentou.

José Jorge apelou ao presidente da República para que "acabe com essa festa e com essa cooptação generalizada que está começando a aparecer no mercado de informática". Ele afirmou que a estatal oferece seus principais contratos a amigos, protegidos e apaniguados, empresários petistas que contribuem para as campanhas do PT.

- Um exemplo claro relatado pela revista Veja é o seguinte: a Cobra alega selecionar seus fornecedores com rigor, mas uma das empresas contratadas, a Novadata, pertence a Mauro Dutra, amigo de pescaria do presidente Lula e que já arrecadou doações em campanhas presidenciais do partido.

José Jorge observou que, em entrevista à revista IstoÉ, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, disse que, durante a campanha eleitoral, ligou para 14 mil empresas a fim de pedir ajuda para o PT.

- Imagine se ele não vai ligar para essas empresas que estão recebendo serviços sem licitação da Cobra. Se eu estivesse no lugar dele e a Cobra contratasse um bocado de serviços sem licitação, eu botava essas empresas em primeiro lugar para ligar. Porque são empresas que estão sendo diretamente beneficiadas por esse governo.

O senador disse ainda que o presidente da Cobra é o engenheiro Graciano Santos Neto, que já gerenciou uma subsidiária da GTech, empresa envolvida com o caso Waldomiro Diniz. Em 2004, afirmou José Jorge, a estatal deve faturar R$ 1,5 bilhão, mais de 200% do que faturou no ano passado.

- E ninguém do governo toma uma providência. Que o próprio presidente Lula veja que isso é um absurdo.

José Jorge observou ainda que o mercado de informática é um mercado novo, que a maioria das pessoas não entende muito bem como trabalha, daí por que são necessários parâmetros claros de avaliação dos custos desses serviços pagos pelo setor público.



25/10/2004

Agência Senado


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