Senadores apóiam ação da PF, mas concordam com crítica do presidente do STF à "espetacularização"



Vários senadores ocuparam a tribuna na tarde desta quarta-feira (9) para apoiar a ação da Polícia Federal dos últimos dias, que levou à prisão pessoas acusadas de corrupção, inclusive o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, mas concordaram com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, que criticou a "espetacularização"das prisões, com a presença de televisão e a colocação de algemas até em mulher.

- Que prendam todos os corruptos e condenem a mil anos os ladrões do dinheiro público e os corruptos do colarinho branco. Agora, fazer show para exacerbar o poder de uma polícia de um Estado, não podemos aceitar. Show combinado não fortalece a democracia, não fortalece a responsabilidade de cada cidadão brasileiro com o ordenamento jurídico - disse o senador Tião Viana (PT-AC).

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) lembrou que tem criticado nos últimos meses "os excessos" praticados pela Polícia Federal. Ele discordou, por exemplo, do policial que chegou no final da madrugada em uma residência e, de metralhadora na mão, ameaçou o vigilante para deixá-lo entrar "ou ele arrombava tudo".

Jarbas Vasconcelos entende que a Polícia Federal, no entanto, "está devendo à sociedade" a prisão de Waldomiro Diniz, assessor da Casa Civil durante a gestão do ministro José Dirceu acusado de receber propina de bingos. Também lembrouo "dossiê" contra José Serra, então candidato ao governo paulista, fato investigado pela Polícia Federal, mas sem qualquer resultado, apesar de ter sido apreendida uma mala cheia de dinheiro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter chamado os envolvidos no dossiê de "aloprados".

Já o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que houve uma filmagem na casa do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, ao amanhecer, "para fazer uma humilhação" - o senador fez questão de ressaltar que não conhece pessoalmente Pitta e nem tem simpatia política em relação a ele.

- Não podemos ficar calados quando existem atitudes e iniciativas policialescas feitas à margem da lei, em que a dignidade do indivíduo não está sendo preservada - afirmou.

Pedro Simon (PMDB-RS) aplaudiu a Polícia Federal e afirmou que a sociedade "é revoltada" porque "só povão conhece a cadeia", enquanto "a elite não é atingida nunca". Ele lembrou que não se costuma ouvir reclamações quando a polícia entra na favela e algema pessoas. Concordou, no entanto, que tem havido "excessos" da PF e apoiou o senador Tião Viana no sentido de que "show não fortalece a democracia".

Para o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), a Polícia Federal deve investigar os fatos, mas precisa ter provas suficientes para que a Justiça condene os acusados pois, sem isso, a polícia será desmoralizada. O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) disse que não está certo tentar passar à sociedadea idéia de que o governo "prende rico e pobre" usando a televisão para "fazer espetáculo, jogar poeira nos olhos das pessoas".

Arthur Virgílio (PSDB-AM) apoiou a ação da PF, lembrando que ela desbaratou uma quadrilha em Coari (AM) que se apropriava de royalties do petróleo, que deveriam ficar com o governo do Amazonas. Também concordou com a crítica do ministro do STF à "espetacularização" das prisões desta terça-feira (8). O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, reafirmou sua solidariedade ao presidente do STF, manifestada mais cedo em entrevista à imprensa.



09/07/2008

Agência Senado


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