Senadores apontam contradição nos depoimentos de Palocci e do motorista Francisco das Chagas



Em depoimento nesta quarta-feira (8) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, o motorista Francisco das Chagas Costa, que conduziu em Brasília, entre 2003 a 2004, Vladimir Poleto, Rogério Buratti e Roberto Carlos Kurzweil, afirmou que eles se reuniam com freqüência e que, quando se dirigiam ao Ministério da Fazenda, diziam que iriam encontrar-se com o "chefão". Todos estão envolvidos em denúncias de corrupção ligadas, principalmente, ao suposto ingresso ilegal de dólares cubanos no Brasil para a campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. O motorista não soube responder se o "chefão" seria o ministro Antônio Palocci.

Francisco das Chagas confirmou, entretanto, que "viu por duas ou três vezes" o ministro Palocci entrar, de dia, na casa alugada no bairro Lago Sul, em Brasília, que, na opinião do senador José Jorge (PFL-PB), era destinada a reunir "a turma de Ribeirão Preto", além de servir de palco para festas. Mas Francisco informou que jamais conduziu o ministro.

Em depoimento à CPI dos Bingos no início do ano, Palocci garantiu que jamais fora à casa no Lago Sul. Os senadores José Jorge e Antero Paes de Barros (PSDB-MT), assinalaram que os depoimentos chocavam-se. O motorista também informou que Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor particular de Palocci, e o ex-secretário de Fazenda de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto, Ralf Barquete, já falecido, também tomavam parte do grupo.

Francisco das Chagas, que assinou termo de compromisso de falar a verdade, confirmou ainda que chegou a transportar ao Ministério da Fazenda "um estrangeiro que parecia ser da África". José Jorge disse ter certeza de que o estrangeiro apontado pelo motorista seria um "bingueiro" angolano. Minutos mais tarde, o motorista entrou em contradição e disse que não transportou o estrangeiro. Ele afirmou que soube que"bingueiros" angolanos haviam sido conduzidos ao Ministério da Fazenda em uma van, por outro motorista, que nem sequer conhecia. O senador Flávio Arns (PT-PR) chegou a detectar a contradição do motorista, mas prevaleceu na comissão a segunda hipótese levantada por Francisco das Chagas.

Ribeirão Preto

A CPI dos Bingos também ouviu o depoimento de três funcionários da Prefeitura de Ribeirão Preto, que trabalharam na época em que Antonio Palocci administrou pela segunda vez a cidade, de 2001 a 2002.

Marilene do Nascimento Falsarella, que atualmente é chefe de seção de Resíduos Sólidos na prefeitura, confirmou a existência de superfaturamento de contratos, principalmente com relação à varrição de ruas, sendo que a ordem, segundo Marilena, era dada pelo seu chefe imediato, Mauro Pereira Júnior, que pedia a ela para datilografar a alteração, para maior. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) estranhou que Marilena, como servidora pública, aceitasse fazer as alterações contratuais.



08/03/2006

Agência Senado


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