Senadores aprovam Voto de Repúdio contra o "mensalão"



Por meio de Voto de Repúdio aprovado pelo Plenário nesta terça-feira (6), o Senado manifestou sua indignação contra as irregularidades que ficaram conhecidas como escândalo do "mensalão". O requerimento de Voto de Repúdio, apresentado por Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e assinado por 18 outros senadores, também exige que as investigações sejam aceleradas para que todos os culpados possam receber as devidas punições.

- A impunidade que cercou, durante esse ano, todos os acusados ofende o cidadão de bem e compromete a autoridade e a credibilidade dos Poderes da República. Não obstante as dificuldades interpostas, as descobertas da imprensa e, principalmente, o trabalho das comissões parlamentares de inquérito e do Ministério Público Federal permitiram deslindar um sofisticado esquema de corrupção misturando o uso de recursos públicos com interesses inconfessáveis - escreveu Antonio Carlos em seu requerimento.

O documento aprovado pelos senadores prossegue lembrando que as descobertas resultaram em renúncia de membros do governo federal, na renúncia e cassação de parlamentares, no pedido de indiciamento de 40 pessoas feito pelo procurador-geral da República e no pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que o Ministério Público investigue o possível envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a discussão da matéria, o senador José Agripino (PFL-RN) opinou que atitudes como a do presidente Lula de receber no Palácio do Planalto petistas acusados de envolvimento no "mensalão", posar com eles para fotografia e dizer que eles cometeram um erro, mas não são corruptos, contribuem para a impunidade. José Agripino comparou que enquanto Lula inocentou seus correligionários, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, indiciou 40 pessoas, entre elas alguns que posaram para fotos com Lula, como o ex-ministro José Dirceu, os deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Professor Luizinho (PT-SP) e o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), que renunciou para não ser cassado.

Já o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) levantou a hipótese da invasão da Câmara dos Deputados por manifestantes ligados ao MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) ter sido um ato orquestrado pelo governo federal para evitar que o Congresso e a imprensa repercutissem o aniversário de um ano da descoberta do escândalo do "mensalão". Os senadores Efraim Morais (PFL-PB), Heráclito Fortes (PFL-PI) e Almeida Lima (PMDB-SE) concordaram com a possibilidade de a teoria estar correta.

Por outro lado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), único a anunciar voto contrário ao requerimento de Antonio Carlos, opinou que considera a data de um ano importante para o país fazer uma reflexão e evitar que episódios como os que caracterizaram o "mensalão" não se repitam. Ele também expressou solidariedade aos seguranças da Câmara dos Deputados que foram agredidos por manifestantes do MLST.

06/06/2006

Agência Senado


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