SENADORES AVALIAM SESSÃO QUE CASSOU ESTEVÃO



"Dinâmica, mas sem distúrbios". Assim transcorreu a sessão secreta que cassou o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF), segundo o testemunho do senador Amir Lando (PMDB-RO). O sentimento reinante foi resumido pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) com a seguinte frase: "Responsabilidade, tristeza e consciência do dever cumprido".Suplicy apontou a "forte troca de idéias" entre os senadores Roberto Saturnino (PSB-RJ) e Ernandes Amorim (PPB-RO) como um dos momentos que exigiram a intervenção do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães. De um modo geral, os senadores mantiveram-se concentrados no debate, evitando inclusive ligar seus telefones celulares, de acordo com o parlamentar do PT. O senador Ernandes Amorim (PPB-RO) rebateu crítica que lhe foi feita pelo senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), segundo o qual Amorim estaria comprometendo a imagem do Senado ao dizer que "todos os senadores tinham o rabo preso". Amorim explicou que referiu-se à perseguição de que se sentiu vítima quando chegou ao Senado. Representação contra ele chegou a receber relatório do então senador Josaphat Marinho admitindo a tramitação do processo. Conforme o senador por Rondônia, esse tipo de "perseguição" poderia atingir outros colegas.O senador Ademir Andrade (PSB-PA) rebateu a afirmação de que teria tratado do processo de cassação de Estevão em reunião que teve com o líder do PMDB, Jader Barbalho (PMDB-PA). Segundo ele, os dois senadores pelo Pará trataram tão somente de assuntos de interesse do estado.Luiz Estevão ocupou a tribuna durante uma hora para fazer sua defesa e utilizou argumentos objetivos e apelos emocionais. De acordo com o senador Nabor Júnior (PMDB-AC), Estevão rebateu com clareza a acusação de que teria recebido, na condição de dono informal da Incal, o bilhete em que Fábio Monteiro de Barros lhe pedia dinheiro. Nabor qualificou essa parte, e não os apelos de ordem emocional, como a mais importante da defesa de Estevão, que, segundo ele agiu normalmente durante a sessão.Ney Suassuna afirmou que o depoimento de Estevão prendeu-se a aspectos emocionais. Segundo Suplicy, Estevão falou da família e se comparou a Moacir Barbosa, goleiro da seleção brasileira de 1950, responsabilizado pela derrota para o Uruguai, na Copa do Mundo daquele ano. Barbosa, falecido em abril último, dizia estar condenado a pena maior que a máxima prevista pela Justiça brasileira - 30 anos.O senador Gilvam Borges (PMDB-AP) destacou o estado de ânimo de Estevão, que, segundo ele, estava abatido. Para Gilvam, pior que a perda do mandato é a derrota moral imposta ao senador. "Isso aí é um fim trágico", afirmou Gilvam. Quando o resultado foi anunciado, quase todos os senadores do PMDB prestaram solidariedade a Estevão.

28/06/2000

Agência Senado


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