Senadores cobram abertura do mercado americano ao Brasil



Os Estados Unidos precisam promover maior abertura do seu mercado interno para produtos brasileiros, abrandar a lei antidumping, reduzir subsídios à agricultura e implementar uma nova política destinada a pôr fim ao protecionismo norte-americano, que tem prejudicado o comércio com o Brasil e os demais países latino-americanos. Essas reivindicações foram endereçadas pelos integrantes das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) a oito deputados norte-americanos que participaram de reunião conjunta promovida pelas duas comissões para debater a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e o comércio multilateral.

O presidente da CAE, senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), reclamou das sobretaxas impostas a produtos brasileiros destinados ao mercado norte-americano, principalmente calçados, aço e suco de laranja. Para o senador, o protecionismo americano prejudica as exportações brasileiras, razão pela qual solicitou maior acesso da produção nacional ao mercado americano.

Já o senador Jefferson Péres (PDT-AM), presidente da CRE, disse serem imprescindíveis para a economia brasileira a integração e o fortalecimento comercial entre o Brasil e os Estados Unidos. Esse intercâmbio, no entanto, não se deve limitar a produtos industrializados ou serviços, dado que, a seu ver, a produção agrícola brasileira deve penetrar com maior intensidade no mercado americano. Para isso, disse Jefferson, os EUA precisam reduzir os subsídios agrícolas e as sobretaxas dos produtos que importa.

O deputado James Moran reconheceu que o subsídio agrícola concedido pelo governo aos produtores norte-americanos "é grande", sendo necessário reduzi-lo para que produtos estrangeiros como os brasileiros passem a ter maior competitividade. O deputado George Radanovich sustentou a mesma posição.

O deputado David Dreir, que chefiou a delegação, lembrou que cerca de 20% das exportações brasileiras são feitas para os Estados Unidos, comércio que deveria ser ainda mais incrementado, na sua opinião. Ele admitiu que as sobretaxas aos produtos brasileiros prejudicam as exportações e, com relação à lei antidumping, foi enfático: é muito difícil o governo americano alterar a legislação.

As queixas não foram somente do lado brasileiro. Os deputados americanos cobraram dos senadores um mecanismo eficaz de combate à pirataria envolvendo programas de computadores e CDs, entre outros. Eles também reclamaram da morosidade da alfândega brasileira que, observaram, demora até 15 dias para liberar produtos oriundos dos Estados Unidos destinados ao mercado brasileiro. Em resposta, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) reconheceu a existência do problema e cobrou maior entrosamento entre importadores e a Receita Federal para que os portos brasileiros ganhem mais dinamismo.

Já para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), os países latino-americanos teriam mais condições de competir no mercado americano com o fortalecimento comercial prévio dos países que integram o Mercosul.



23/08/2001

Agência Senado


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