Senadores comemoram centenário de fundação da ABI
O Senado tem sessão especial, nesta quinta-feira (10), às 10h, para comemorar o centenário da fundação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), criada em 7 de abril de 1908. O requerimento solicitando a realização da sessão tem como primeiro signatário o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).
Idealizada por Gustavo de Lacerda, a ABI foi criada com o objetivo de assegurar à classe jornalística os direitos assistenciais e tornar-se um poderoso centro de ação, bem como abrigar os trabalhadores da imprensa. Além de Lacerda, o senador citou no requerimento Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, jornalista, advogado, escritor e político de destaque com atuação na ABI, que lutava por ideais nacionalistas e via a profissão como meio de levar à população a conscientização política e social.
Em 1926, aos 29 anos de idade, Barbosa Lima Sobrinho assumiu pela primeira vez a presidência da instituição. Durante seu quarto mandato, em 1992, foi o primeiro signatário do pedido de abertura do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello - hoje senador pelo PTB de Alagoas - e o primeiro orador inscrito para defender o processo.
- A ABI nunca deixou de cumprir os objetivos que a originaram, mas se adaptou ao longo do tempo. Seus estatutos foram ajustados às diversas situações socioeconômicas da indústria jornalística - disse Inácio Arruda.
O primeiro projeto de estatuto da ABI foi feito por Lacerda, Mário Galvão e Amorim Júnior, numa pequena sala onde funcionava a caixa beneficente dos empregados de um jornal, no Rio de Janeiro. Só nos anos de 1930 o sonho da sede própria configurou-se realidade. Sob a liderança de Herbert Moses, a ABI construiu sua sede, que representa um marco na arquitetura moderna brasileira.
Atualmente, a ABI é presidida por Maurício Azedo, que tomou posse administrativa em 13 de maio de 2004, data em que era comemorado o Dia Nacional da Imprensa, atualmente celebrado no dia 1º de junho.
Seguindo o ideal de seu fundador, a ABI participou ativamente de fatos com repercussão nacional que marcaram a trajetória da entidade. Abaixo, alguns dos principais eventos históricos do país que contaram com a participação da ABI, segundo informações da instituição:
"O petróleo é nosso"
Foram realizadas na sede da ABI as reuniões nacionalistas em defesa do petróleo, que antecederam a lei que criou a Petrobras, em 1953. Na noite de 1º de agosto de 1988, parlamentares de várias tendências, intelectuais, representantes de entidades da sociedade civil e centenas de populares participaram, no auditório da ABI, de uma manifestação em defesa do monopólio estatal do petróleo, contra os contratos de risco e pela nacionalização das riquezas minerais do país. O ato foi presidido por Barbosa Lima Sobrinho.
Atentado no edifício-sede
Em 1976, quando a ABI era uma das entidades da sociedade civil que mais se destacava na defesa das liberdades democráticas, um ato terrorista destruiu todo o sétimo andar do edifício-sede da instituição, onde funcionavam o conselho, os serviços administrativos e a presidência. As autoridades nunca conseguiram identificar os autores do atentado a bomba.
Defesa de jornalistas
Ao longo da sua história, a ABI sempre se empenhou na defesa dos direitos dos jornalistas. No período de dois regimes ditatoriais, com o Estado Novo e após o golpe militar de 64, a ABI intermediou a soltura de jornalistas presos e submetidos a inquéritos policiais, acusados de subversão. Foi graças ao empenho da ABI que vários jornalistas exilados puderam retornar ao Brasil antes da anistia. Um deles foi Edmundo Moniz, que presidiu a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa. Na sede da ABI, foi realizado também ato de protesto contra a morte de Vladimir Herzog e recebidas diversas famílias de jornalistas desaparecidos que procuravam a associação em busca de ajuda.
Fim da censura
Em 28 de setembro de 1988 foi realizada na sede da ABI a última reunião do Conselho Federal de Censura, que acabou após a promulgação da nova Constituição. No mesmo dia, o então presidente José Sarney - hoje senador pelo PMDB do Amapá - assinava o decreto instituindo o Conselho de Defesa da Liberdade de Criação e de Expressão, para o qual foram designados representantes da ABI.
Impeachment
Numa sessão do Conselho Administrativo da ABI, em outubro de 1992 - logo após ter sido aprovado o pedido de impeachment de Fernando Collor de Mello na Câmara dos Deputados -, Barbosa Lima Sobrinho, então presidente da ABI, relatou uma de suas viagens a Brasília, ocasião em que defendeu na Câmara esse pedido, juntamente com o então presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavenère. Para Barbosa Lima Sobrinho - que morreu em julho de 2000, com 103 anos de idade - a atuação da imprensa no episódio foi numa das mais importantes, vigorosas e decisivas registradas na memória do país.
07/04/2008
Agência Senado
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