Senadores defendem novo pacto federativo para salvar municípios



A maioria dos senadores defende a realização de um novo pacto federativo, com nova repartição de receitas e encargos entre a União, estados e municípios. Foi o que ficou claro na audiência pública desta terça-feira (7) realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para debater os efeitos da redução dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) chegou a defender a criação de uma subcomissão - que funcionaria no âmbito da CAE - destinada a discutir o novo pacto federativo. Para ele, sem uma nova ordem federativa, os municípios continuarão a enfrentar graves problemas. O presidente da CAE, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), prometeu colocar em votação a proposta de Flexa Ribeiro na próxima reunião do colegiado.

Flexa Ribeiro também propôs, como medida emergencial destinada a dar novo fôlego aos municípios, que sofrem com a diminuição dos recursos do FPM, a imediata suspensão de parte do pagamento das dívidas municipais com a Previdência Social.

Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) disse que a saída para a crise municipal passa pela rediscussão de um novo pacto federativo. Para ele, somente após a realização deste novo pacto é que o Congresso Nacional poderia aprovar a reforma tributária. Ele previu que o projeto de reforma tributária do governo enviado ao Congresso "dificilmente será aprovado pela Câmara dos Deputados".

Caixa preta

O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) afirmou que a atual situação dos municípios "é caótica e vexatória", agravada pela atual crise financeira mundial e pelo endividamento da maioria dos municípios junto à Previdência Social.

Antonio Carlos Valadares informou que mais de 2.500 municípios estão impedidos de assinar novos convênios para receber recursos, em virtude de não terem em mãos a chamada certidão de débito previdenciário. Ele sugeriu que o governo crie uma comissão para desvendar o que chamou de "caixa preta das dívidas previdenciárias municipais". O objetivo seria verificar o que os municípios devem para a União e esta aos municípios, fazendo um encontro de contas para, então, serem retomados os pagamentos de parte a parte.

Já asenadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) propôs a imediata suspensão, por 120 dias, do pagamento das dívidas municipais junto à União, para que os municípios mais afetados pela diminuição do FPM "possam respirar".

O senador Cesar Borges (PR-BA) afirmou que a questão da diminuição do FPM "é mais política do que técnica", razão pela qual estranhou a ausência, nos debates, do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em resposta, Garibaldi Alves informou que o ministro havia comunicado à presidência da comissão que compareceria ao colegiado somente após o governo propor saídas concretas para a crise enfrentada pelos municípios.

Jefferson Praia (PDT-AM) lembrou que a falta de planejamento do Estado é a principal responsável pela atual situação dos municípios, enquanto o senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) frisou que algo tem que ser feito em defesa dos municípios.

Também tomaram parte do debates a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o senador Pedro Simon (PMDB-RS).



07/04/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senadores elogiam comissão de notáveis para discutir novo pacto federativo

Senadores pedem a Sarney criação de comissão para discutir novo pacto federativo

Participantes de seminário defendem pacto federativo abrangente

Especialistas debatem anteprojetos para novo Pacto Federativo

Ivo Cassol anunciou que trabalhará por um novo pacto federativo para o Brasil

Notáveis traçam linhas de discussão para propor novo pacto federativo