Senadores defendem participação do Brasil na busca de paz no Líbano



A possibilidade de participação do Brasil no processo de paz do Líbano foi ressaltada pelos senadores que participaram, nesta quinta-feira (2), da reunião em que foi aprovado parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) ao novo embaixador brasileiro em Beirute, o ministro de segunda classe Paulo Roberto Campos Tarrisse da Fontoura. Na mesma reunião, foram também aprovadas as mensagens presidenciais de indicação de embaixadores em Granada e Barbados, no Caribe.

Relator da mensagem de indicação de Fontoura, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) apresentou seu voto de forma emocionada. Após recordar a sua própria origem libanesa, ele lembrou que o Líbano era considerado como a Suíça do Oriente Médio, até a criação do Estado de Israel e a fuga de aproximadamente 600 mil palestinos para o território libanês, de onde alguns passaram a atacar Israel. O resultado, como observou, foi a destruição de Beirute.

Na opinião de Simon, o Brasil tem condições de participar do processo de paz na região, por manter uma posição de respeito em relação aos países árabes e a Israel. E também por ser um país onde árabes, judeus e seus descendentes mantêm uma relação cordial.

- É muito bonita a relação de árabes e judeus no Brasil. Pode ser considerada um exemplo para o mundo inteiro - disse Simon, após ressaltar que Fontoura teria pela frente a "nobre missão" de contribuir para a manutenção dos laços entre Brasil e Líbano.

Em sua exposição aos senadores, o embaixador indicado recordou a grande presença libanesa na formação da sociedade brasileira. Entre 10 milhões de brasileiros de origem árabe, informou, oito milhões são de ascendência libanesa - ou seja, um número duas vezes maior que os atuais quatro milhões de libaneses residentes no Líbano. Entre os descendentes, ele citou artistas como João Bosco e Egberto Gismonti, além do apresentador da Rede Globo William Bonner.

O embaixador anunciou sua intenção de retomar a cooperação técnica e de estimular a reabertura de voos diretos entre os dois países. Em seguida, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) também comentou a sua ascendência libanesa e concordou com a possibilidade de o Brasil exercer um papel importante na busca de paz na região. O senador João Pedro (PT-AM), por sua vez, ressaltou a presença dos libaneses na região amazônica.

Caribe

Na mesma reunião, a comissão aprovou pareceres favoráveis às indicações do ministro de segunda classe Paulo Wangner de Miranda, para o cargo de embaixador em Granada, e do ministro de segunda classe Appio Claudio Muniz Acquarone Filho para exercer o cargo de embaixador junto a Barbados.

O relator da indicação de Wangner, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), apresentou voto favorável à mensagem, mas questionou por que tantas novas embaixadas estariam sendo criadas em um momento de crise econômica. O mesmo questionamento foi feito pelo relator da mensagem de indicação de Acquarone, senador João Tenório (PSDB-AL), para quem o governo brasileiro deveria adotar um "critério no mínimo rigoroso" ao analisar a abertura de novas embaixadas. Preocupação semelhante foi ainda demonstrada pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), durante a reunião.

Ao comentar a presença brasileira na região, Wangner disse que o Brasil "pode fazer a diferença" no Caribe, onde existe uma grande demanda por cooperação técnica. Acquarone, por sua vez, observou que os países caribenhos "esperam muito do Brasil, pelo que representa e pelo que pode representar" no futuro.

No início da reunião, o presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), apresentou voto de pesar pelo falecimento do ex-presidente argentino Raúl Alfonsín, que exerceu, na sua opinião, um papel fundamental na redemocratização de seu país, além de sempre haver sido um "amigo do Brasil".



02/04/2009

Agência Senado


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