Senadores defendem produção brasileira de biocombustíveis



Autor do requerimento para a realização do debate sobre o impacto do etanol na produção de alimentos, o senador João Tenório (PSDB-AL) destacou o esforço que vem sendo feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa da produção brasileira de biocombustíveis. Ele criticou as reações de parte dos países europeus à produção de etanol, ressaltando que, no Brasil, a produção de cana-de-açúcar ocupa apenas 3% da área agrícola, havendo terra disponível para o crescimento da produção brasileira de etanol.

- O plantio de cana ocupa hoje 7,5 milhões de hectares, em 50 milhões de hectares usados pela agricultura e 200 milhões de hectares destinados à pecuária. Além disso, o avanço da cana-de-açúcar deve ocorrer em cima de áreas de pastagem degradadas - frisou o senador.

João Tenório, que preside a Subcomissão Permanente de Biocombustíveis, ligada à Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), defendeu a coordenação das ações que vem sendo desencadeadas pelo Executivo, Legislativo e setor produtivo em defesa para produção brasileira de biocombustíveis.

Para o presidente da CRA, senador Neuto de Conto (PMDB-SC), o país tem respondido com firmeza às acusações, consideradas por ele equivocadas, de que a produção de etanol estaria competindo com a produção alimentar.

- Estamos provando ao mundo a capacidade brasileira de combinar cultivos alimentares e bioenergia. O país, além de aspectos favoráveis como solo e clima, demonstra ter tecnologia para produzir alimentos e etanol - disse ele.

Durante o debate, o senador Osmar Dias (PDT-PR) apontou o aumento da produção como única forma de conter a elevação dos preços dos alimentos. No entanto, disse, a melhoria da produtividade agrícola tem sido limitada pelo alto preço dos insumos agrícolas. Para o parlamentar, a crise valoriza o trabalho do campo e aponta a necessidade de ampliação das medidas de apoio do governo ao setor.

- Os agricultores voltaram a ser respeitados pelo governo e pela sociedade. Para aumentar a produção, o governo deveria lançar um programa de aproveitamento de áreas degradadas para produção de alimentos ou mesmo de biocombustíveis - defendeu ele.

Já a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) criticou o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar, que está sendo realizado pelo governo federal.

- O governo não pode impor onde cada produtor vai plantar sua cultura - protestou a senadora.

Em resposta, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, informou que o zoneamento é essencial para o ordenamento da produção agrícola. Ele confirmou que há uma tendência no sentido de proibir o cultivo de cana-de-açúcar no bioma amazônico, observando que a decisão só será tomada após a conclusão do processo de zoneamento.

Também presente à audiência pública, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que o Brasil deve reconhecer que há uma grave crise de alimentos, mas deve também demonstrar que o Brasil é o país que mais gera oferta de excedentes agrícolas exportáveis. Ele defendeu a adoção, pelo Brasil, de uma "política agrícola agressiva" para ampliar a produção de alimentos.

Como forma de combinar aumento da área plantada com proteção ambiental, o senador Gilberto Goellner (DEM-MT) defendeu sistemas de cultivos e criações integrados à floresta.

- A integração agrosilvopastoril combina viabilidade econômica com conservação dos recursos naturais - afirmou Gollner.

Já o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) identificou nas críticas ao etanol brasileiro a atuação de grupos econômicos incomodados com a potencialidade produtiva do Brasil. O senador defendeu projeto de sua autoria (PLS 110/05), já aprovado no Senado e agora em tramitação na Câmara, que permite a recomposição de áreas já desmatadas na Amazônia a partir do plantio, entre outras espécies, de palma para produção de biocombustível.

- Meu projeto não tem por objetivo a devastação, mas sim a recomposição da floresta de forma inteligente, de forma economicamente factível, sem que se precise avançar sobre a floresta - disse Flexa Ribeiro.



14/05/2008

Agência Senado


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