SENADORES DESTACAM ATUAÇÃO DE JOSAPHAT MARINHO



Mais de 30 senadores apartearam Josaphat Marinho em seu discurso de despedida do Senado, nesta quarta-feira (20), destacando seu caráter e dignidade, além de seus conhecimentos, o que, segundo seus pares, fez com que merecesse o respeito dos colegas e se tornasse um exemplo a ser seguido, em sua atuação no Parlamento. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) se emocionou ao despedir-se de Josaphat. "O momento difícil que o Brasil está vivendo na economia e na situação social se mostra pior porque estão faltando referenciais. Congresso, religião, governo, universidades, todos os setores da sociedade parecem perplexos", disse, enfatizando que, com seu pronunciamento de despedida, verdadeira aula de democracia, Josaphat se credenciou a ser o referencial que falta ao país, coroando décadas de dignidade, caráter, coerência e preocupação com o social.Djalma Falcão (PMDB-AL) recordou os tempos de companheirismo na bancada do PMDB, logo depois do movimento militar de 1964. "Desde então, tenho sido aluno atento às lições do mestre do saber político, das preocupações sociais e do espírito público. Ao honrar as tradições da Bahia, Josaphat integra agora o grupo seleto de Rui Barbosa, Castro Alves e Antonio Carlos Magalhães e encerra sua carreira política merecendo gratidão, respeito e admiração de toda a sociedade brasileira."RECONHECIMENTO Para o senador Geraldo Melo (PSDB-RN), Josaphat merece um galardão da política brasileira. "Com seus 83 anos, vestido de juventude de corpo e espírito, com lucidez ímpar, Josaphat ingressa na história, cercado do reconhecimento de seus pares, agradecidos pelas lições de vida, pelo privilégio de sua convivência, onde brilhou como um farol para guiar a todos". O senador Hugo Napoleão (PFL-PI), como líder do PFL, disse ser um "atento admirador e assíduo ouvinte" do senador Josaphat Marinho, que se despediu nesta quarta-feira (20) do Senado Federal. Napoleão citou trecho do livro Minha Mocidade, de Winston Churchill, em que o autor lembra como era bom participar da Câmara dos Comuns e compartilhar a companhia daqueles parlamentares. "Como foi edificante participar dos trabalhos desta Casa, onde tão relevantes serviços prestou V.Exa.", concluiu Napoleão.O senador Artur da Távola (PSDB-RJ) disse que Josaphat é "o político que encarna em plenitude os valores da minha formação", pela cultura jurídica e independência absoluta. Para Artur da Távola, "o Direito está deixando o parlamento", mas as lições deixadas por Josaphat estão guardadas.O senador Bernardo Cabral (PFL-AM) aparteou de pé o discurso de despedida de Josaphat Marinho. "Jamais vi em seus lábios o sorriso rasteiro da bajulação", afirmou Cabral, que definiu Josaphat Marinho como "um animal político confinado na jaula de sua inteireza moral". Bernardo Cabral ainda prestou homenagem à esposa de Josaphat, dona Iraci.Edison Lobão (PFL-MA) lembrou que, durante o governo Castello Branco, a contribuição de Josaphat Marinho na elaboração da Carta de 1967 foi salientada na época por Pedro Aleixo, presidente da comissão especial que examinou o projeto de Constituição apresentado pela Presidência da República.Josaphat, oposicionista, deu sua colaboração principalmente no capítulo referente aos direitos e garantias individuais, afirmou Lobão.Hoje, na opinião do senador, Josaphat transformou-se numa espécie de "âncora" do Senado, dado que seu discurso de despedida foi "densa contribuição ao conturbado mundo econômico de agora".CONTRIBUIÇÃOO senador Sérgio Machado (PSDB-CE) afirmou que um político somente se aposenta quando deserta de seus ideais. "Josaphat será sempre um político jovem, com sonhos a conquistar. Nunca teve medo de defender suas idéias e nós, do PSDB, às vezes por caminhos diferentes, sempre partilhamos de seus propósitos de promover o bem-estar de todos os brasileiros."José Eduardo Dutra (PT-SE) preferiu agradecer o privilégio da convivência com Josaphat Marinho em plenário e, em especial, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. "Eu, leigo nas matérias do Direito, muito aprendi com essa proximidade. Quero crer que a despedida de hoje não será definitiva, pois, na semana próxima haverá matérias importantes a votar e sei que teremos mais uma vez o privilégio de aprender com a lucidez de suas posições."Para Romeu Tuma (PFL-SP), Ponce de Léon andou a vida toda procurando a fonte da juventude, mas se conhecesse Josaphat Marinho saberia que a juventude eterna está no tratamento humano, no carinho e inteligência que ele dedica a todos. "Eu, parlamentar pela primeira vez, muito me engrandeci com essa convivência. Tenho certeza de que Josaphat continuará sendo presença permanente nesse plenário, através das lembranças de todos nós." Segundo o senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), a despedida de Josaphat Marinho do Senado remete a um sentimento de saudade minimizada pela esperança. "Os ensinamentos de Josaphat transmitem a certeza da esperança. E onde há esperança não existe lugar para a saudade. A sua firmeza de caráter não consente com o sentimento de saudade, mas sim com a esperança que indica os caminhos que devemos seguir", afirmou.Eduardo Suplicy (PT-SP) destacou o trabalho de Josaphat como profundo conhecedor da Constituição, "alertando o Senado a respeito de decisões em que incorreríamos em erro". Mas, para Suplicy a síntese dos ideais do senador baiano está expressa em seu discurso de despedida, em que Josaphat defende uma melhor distribuição de renda. "Com uma razoável distribuição de renda poderíamos fazer com que todos os habitantes da terra vivam com dignidade. E é esse o ideal de vida de Josaphat Marinho."Destacando a enorme capacidade de trabalho e o saber jurídico demonstrados por Josaphat como relator do projeto do novo Código Civil, Júnia Marise (PDT-MG) afirmou que o senador baiano pautou sua vida na ética e na defesa de suas convicções. Para Júnia, um exemplo disso foi a recusa ao convite para ser ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo que ocuparia por apenas oito meses, podendo se aposentar em seguida. "Hoje, Josaphat Marinho colhe o testemunho espontâneo e sincero de todos os senadores." O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) lembrou que a proximidade física das bancadas do Ceará e da Bahia no plenário colaborou para que se aproximassem e se tornassem amigos e para absorver os conhecimentos de Josaphat Marinho. Manifestando o desejo de ser fiel a um dos ensinamentos - um aparte tem que ser breve -, Lúcio Alcântara disse que qualquer senador poderia ser escolhido para falar em nome de todos e as homenagens seriam as mesmas. Alcântara observou ainda que os ensinamentos de Josaphat permanecerão no Senado balizando e inspirando a atuação dos demais parlamentares.UNANIMIDADEAdemir Andrade (PSB-PA) revelou que, apesar de representar o Pará, é nascido e criado na Bahia. "No tempo das lutas estudantis já ouvia falar no nome de Josaphat Marinho. Hoje, é a mesma pessoa, competente, lúcido, inteligente, bem intencionado e lutador. Nunca pensei que um dia pudesse vir a ser colega de V.Exa.", afirmou Ademir Andrade. O senador ressaltou ainda a qualidade que mais admira em Josaphat, a juventude, com toda a energia e disposição com que sempre atuou.Roberto Requião (PMDB-PR) classificou Josaphat Marinho como "companheiro", explicando que a palavra deriva da expressão italiana que significa "com pão, aqueles que, sentados numa mesma mesa, compartilham o pão, às vezes doce e às vezes azedo". Requião disse que Josaphat tinha uma trajetória parecida com a dele próprio, "sempre aplaudido, sempre respeitado, mas pouco escutado" e anunciou que o dólar foi negociado nesta quarta-feira a R$ 1,90, atestando os alertas dados por Josaphat no seu discurso de despedida. Requião comparou ainda Josaphat a um samurai, que exercita a espada sem a emoção da agressividade, mas com a precisão mortal do golpe bem aplicado, e convidou o senador baiano a proferir uma palestra, com tema livre, aos peemedebistas do Paraná no início de março.

20/01/1999

Agência Senado


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