Senadores destacam importância do controle da inflação



Durante a sessão solene do Congresso Nacional que comemorou, nesta terça-feira (7), os 15 anos do Plano Real, os senadores ressaltaram a importância da estabilização da moeda para o desenvolvimento do país. O líder do PT no Senado, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que a classe política do Brasil, tanto do governo como da oposição, precisa amadurecer e "evoluir politicamente" para pensar junto o que é melhor para o país.

Mercadante disse que a estabilidade econômica brasileira é resultado de um processo iniciado no governo de Fernando Henrique Cardoso e mantida pela gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua visão, a oposição reconhece apenas a primeira parte do processo de estabilização econômica brasileira, mas desconsidera o "papel importante" do governo Lula na continuidade do desenvolvimento econômico do país. O Brasil, enfatizou, adquiriu prestígio e reconhecimento internacional, fruto dos aspectos positivos de cada governo.

Um plano não dá certo no primeiro ano, ressaltou o líder o DEM no Senado, senador José Agripino (DEM-RN), mas pela insistência em torno dos objetivos. Agripino disse também que as pessoas não se dão conta de que significou o Plano Real para a sociedade brasileira. O senador lembrou que, no início da década de 90, a inflação estava em torno de 10% ao mês, o que fazia com que as pessoas, especialmente as mais pobres, perdessem o poder aquisitivo, inclusive com relação a produtos alimentícios.

José Agripino informou que os 10% mais pobres da população brasileira conseguiram dobrar a renda nos primeiros anos do Plano Real. Apesar de o Brasil ainda ter muitos problemas a enfrentar, observou, o plano significou uma "porta aberta" para o desenvolvimento. Em sua opinião, agora é preciso haver atenção especial para os gastos públicos descontrolados, as reformas tributária, sindical e trabalhista, bem como para a crise mundial.

Pela liderança do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) afirmou ser impossível separar o passado, o presente e futuro de seu partido do Plano Real e do presidente Fernando Henrique Cardoso. Se, no primeiro momento houve dúvidas quanto à capacidade do Plano Real de desempenhar seu papel, não se conhece ninguém hoje, observou o senador, que as sustente mais.

- Era preciso dar ao país demonstração de firmeza, competência e liderança que o Brasil encontrou no presidente Fernando Henrique Cardoso. E é preciso reconhecer também as iniciativas do seu antecessor, o presidente Itamar Franco. Mas foi Fernando Henrique e um grupo de pessoas que encarou o Brasil com um conjunto de desafios que o país não tinha superado. Produzimos o Plano real cujos resultados o Brasil já conhece - ressaltou Sérgio Guerra.

O senador Neuto de Conto (PMDB-SC), relator da medida provisória 482/04, que resultou na Lei 8.880/04 (que dispõe sobre a criação a Unidade Real de Valor - a URV) lembrou o período de alta inflação da época anterior ao Plano Real e disse que essa constatação foi importante para que ele defendesse não apenas a MP, como o plano.

Também para o senador Marco Maciel (DEM-PE) o mérito da equipe que instituiu a nova moeda foi solucionar o problema da alta inflação. Ele disse que a economia instável gerava concentração de renda e inibição do desenvolvimento do país. Atualmente, ressaltou, com a inflação controlada, as classes menos favorecidas podem planejar seus financiamentos e desfrutar de melhores condições de vida.

Uma das maiores conquistas do Plano Real, observou Marco Maciel, foi "a premissa ética", uma vez que o povo brasileiro estava acostumado à inflação e não via possibilidade de crescimento. Para Maciel, a imagem positiva que o Brasil tem no exterior, deve-se ao Plano Real, associado aos avanços da Constituição de 1988.

Pela liderança do DEM, o senador Antonio Carlos Junior (BA) destacou o apoio do PFL (antiga denominação do DEM) a todas as iniciativas que levaram à adoção do Plano Real. Ele prestou homenagem especial ao senador de seu partido Marco Maciel (PE), que era vice-presidente do governo de FHC, pela participação em todo o processo de implantação do Plano Real. Ao destacar os méritos do plano, o senador reforçou a importância da estabilidade monetária, que é para ele "uma crença viva partilhada por todos os segmentos da população e não uma ideia elitista". A moeda estável, observou, sincroniza os sistemas jurídico e político de um país.

Na visão do líder do PP, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), o Plano Real foi a "mais profunda reforma de estado" da história do Brasil. Ele citou a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/02), o controle da inflação, as mudanças na política de comunicações e a privatização de bancos estatais como medidas importantes que contribuíram para que o país enfrente com tranquilidade a atual crise financeira mundial.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou o "diálogo construtivo" entre os participantes da sessão solene. A idéia é chegar a pontos comuns, objetivos de toda a nação brasileira. Alguns dele, sustentou o senador, estão na agenda do atual Governo, como a valorização da estabilidade dos preços, a erradicação da pobreza e a promoção da justiça, bem como a educação de qualidade, a preocupação com o meio ambiente e a melhoria da infraestrutura do país. Suplicy também salientou que os ex-presidentes da República deveriam comparecem com mais frequência ao Senado para trazer suas reflexões e contribuições sobre os problemas por que passa o país.

Ao encerrar a solenidade, o 1º vice-presidente, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), ressaltou que, com a implantação do Plano Real, foi a primeira vez que um presidente tratou a economia brasileira como uma questão de estado e não de Governo. Marconi alertou que, com a economia estabilizada, o futuro presidente terá de enfrentar outros desafios, como fazer as reformas tributária - para incentivar o empreendedorismo - e política - para fortalecer as instituições democráticas.



07/07/2009

Agência Senado


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