Senadores devem questionar Fraga sobre política dos juros altos



A política de altas taxas de juros praticada pelo Banco Central, que eleva o serviço da dívida pública (pagamento de juros e amortizações) e exacerba a escassez de recursos orçamentários para setores prioritários como os de energia elétrica, estradas, educação e saúde, deverá ser um dos pontos levantados pelos senadores na reunião conjunta das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Fiscalização e Controle (CFC) da próxima terça-feira (dia 5), com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e a Diretora de Fiscalização daquela instituição, Tereza Grossi.

O senador José Alencar (PMDB-MG) não compreende como o governo pode ir ao mercado salvar bancos que movimentam recursos de até 30 vezes seu capital e ao mesmo tempo deixa faltar recursos para investir em setores da mais absoluta prioridade, como energia e transporte.

Para Alencar, os níveis de endividamento do Brasil são insuportáveis e é um erro comparar tais níveis com os da Itália, alegando que naquele país o endividamento público supera o equivalente a 100% do Produto Interno Bruto (PIB).

- Isso é verdade. Mas deve-se levar em conta o custo do endividamento que na Itália consome apenas 10% da arrecadação fiscal, enquanto no Brasil, o custo do endividamento público consome um terço da arrecadação tributária disse o parlamentar.

Nessa mesma linha, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) não se conforma que o governo reserve R$ 140 bilhões do orçamento para cobrir o serviço da dívida e mantenha um endividamento público de R$ 540 bilhões, equivalentes a 53% do PIB. Para ele, é urgente rever as bases que sustentam essa política.

Os senadores deverão questionar Armínio Fraga sobre o relacionamento do Banco Central com o mercado e sobre o alegado "risco sistêmico" que levou o Banco Central a montar operação de socorro aos bancos Marka e FonteCindam, quando da mudança da política cambial, em janeiro de 1999. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) quer saber por que o governo promoveu Tereza Grossi encontrando-se ela envolvida num inquérito que apura irregularidades naquela operação de socorro às instituições financeiras.

O senador Eduardo Dutra está interessado em saber se Armínio Fraga, de fato, exercia na prática, em janeiro de 1999, as funções de presidente do Banco Central, mesmo antes de ser sabatinado pelo Senado e de ser nomeado oficialmente para o cargo.

01/06/2001

Agência Senado


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