SARNEY ATRIBUI CRISE À POLÍTICA DE JUROS ALTOS



Toda a crise resultante da intervenção federal em instituições bancárias deve servir para uma profunda reflexão sobre a política de juros altos praticada pelo governo. O comentário foi feito na manhã de hoje(dia 18) pelo presidente do Senado, José Sarney, para quem "esses juros em níveis astronômicos estão levando a uma inadimplência geral, que se reflete primeiro nas pequenas empresas, depois nas médias e nas grandes empresas e, certamente no sistema bancário".

O presidente fez essas declaraçõesao ser entrevistado sobre as assinaturas que a oposição vem recolhendo para instalar uma comissão parlamentar de inquérito destinada a investigar o Banco Central. Sarney disse que, desde que o Regimento Interno permita, instalará imediatamente a CPI.

- Eu tenho a obrigação regimental de, logo que chegue este pedido à Mesa, determinar a instalação dessa comissão. Eu não sei se ela pode ser instalada imediatamente. Não sei exatamente se já temos concluído o número de cinco CPIs cujo funcionamento simultâneo é permitido pelo regimento.Mas sem dúvida, cumpriremos o regimento - assegurou.

Indagado sobre a conveniência de instalar-se agora uma CPI para investigar o sistema financeiro, Sarney disse que se vários parlamentares já assinaram um requerimento pedindo essa comissão, é porque concluírampor sua conveniência.

Ao reportar-se à política de juros, o presidente do Senado observouque, "com juros astronômicos, nós vamos ter sempre abalos de uma natureza ou de outra". Na opinião do senador, o próprio governo já reconhece a necessidade de mudanças, visto que "já começou a diminuir os empréstimos compulsórios, o que significa uma sinalização no sentido de que temos de baixar os juros".

O presidente do Senado disse quenão deseja opinar sobre a crise do Banco Econômico. "As soluções que estão sendo dadas pelo governo devem ser do âmbito do governo, até para não agravar um episódio que nós esperamos que seja rapidamente superado, não só na área do governo, como também na área política, de modo que não tenha conseqüência nem numa área nem na outra. Porquenós precisamos neste instante é de realmenteo país ter tranqüilidade e nós continuarmos a votar as reformas e a ajudarmos o país a sair da crise".

Na opinião do presidente do Senado, o Legislativo não saiu desgastado do episódio referente ao Banco Econômico. "O Parlamento está trabalhando bem e vai trabalhar muito bem nesse segundo semestre. Há uma consciência aqui de que nós devemos votar as reformas e as leis que são necessárias à regulamentação dessas reformas. Toda a matéria que chegar para a decisão do Congresso será examinada, de modo que a nação não possa jamais dizer que é por falta do Congresso que o país não resolve os seus problemas".



18/08/1995

Agência Senado


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