Senadores homenageiam a memória de Brizola na passagem do quarto aniversário de sua morte
O Plenário do Senado homenageou durante o horário do expediente desta terça-feira (10) o político trabalhista, ex-presidente nacional do PDT e dirigente da Internacional Socialista Leonel de Moura Brizola pelo transcurso do quarto aniversário de sua morte. A sessão foi requerida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e contou com a presença de dirigentes do partido e políticos trabalhistas brasileiros, que ouviram pronunciamentos de vários senadores.
Primeiro orador da homenagem, o senador Paulo Paim (PT-RS) classificou Leonel Brizola "como um gaúcho da solidão dos pampas", que acabou notabilizando-se na política do Brasil e do exterior por sustentar convicções e ideais dos quais nunca se afastou, entre eles a justiça social.
- O espírito guerreiro de Brizola era genético. Seu pai lutou ao lado dos Maragatos [militância gaúcha do fim do século 19 que defendia a autonomia do estado em relação ao governo central] e, seu lenço encarnado no pescoço, ao qual nos acostumamos, também simbolizava aquele movimento pela liberdade - assinalou o senador, que comparou Brizola ao presidente Getúlio Vargas, líder do trabalhismo.
Por sua vez, o autor da homenagem, Cristovam Buarque, observou que grandes nomes do cenário político, como Leonel Brizola, jamais deveriam ser esquecidos. Daí a importância do registro de seu aniversário de morte pelo Senado.
- A gente mede a importância dos grandes nomes políticos justamente pela sua ausência e Brizola está fazendo falta ao Brasil neste momento - frisou o parlamentar, observando que, em sua luta pela soberania do país, principalmente em relação à polêmica mundial sobre a posse da Amazônia, "certamente Brizola estaria presente com seu grito de defesa".
Cristovam ressaltou ainda que o gaúcho, morto em 21 de junho de 2004, marcou sua vida política pela nitidez de suas idéias.
- Ele tinha bandeiras claras, nos seus princípios e nas suas atitudes. Não era como os políticos de hoje -, afirmou o parlamentar pelo Distrito Federal, lembrando ainda o legado educacional de Brizola, marcado pela implantação do ensino integral em escolas públicas.
O senador Geovani Borges (PMDB-AP) lembrou a luta de Brizola pela legalidade, recordando seu papel no episódio em que o ex-presidente João Goulart, ainda vice-presidente de Jânio Quadros, tomou posse como presidente da República quando da renúncia do presidente, em 1962. Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, teria tido uma participação fundamental nesse episódio.
Já o senador Jefferson Praia (PDT-AM) disse que "Brizola fez do seu discurso uma lição pontuada e duradoura do seu amor pelo Brasil, ao eleger a luta pela democracia, pelos direitos civis e pela promoção social". O senador destacou a biografia política de Brizola, ressaltando também sua participação na campanha pela posse do então vice-presidente da República João Goulart como presidente da República.
O senador Gilberto Goellner (DEM-MT) recordou o passado humilde de Leonel Brizola no interior do Rio Grande do Sul, antes de ir para a escola em Porto Alegre, onde se formaria em engenharia civil e depois iniciaria vida política com mandato de deputado estadual, eleito ainda estudante. Segundo Goellner, Brizola também conquistou o povo gaúcho na condição de secretário de obras do estado, quando asfaltou estradas que facilitaram a vida dos produtores rurais e melhorou o desenvolvimento da economia local.
Já o senador Osmar Dias (PR), líder do PDT na Casa, lembrou que foi por interferência de Leonel Brizola que se filiou ao partido.
- Eu era PSDB, mas tive divergências com o partido por causa de uma CPI e fui convidado pessoalmente por Brizola, aqui no Senado, para me reeleger senador no Paraná pelos trabalhistas -, recordou.
Ao lembrar a morte de Brizola, no Rio de Janeiro, o senador pelo Paraná observou que o político gaúcho tinha o privilégio nato de mobilizar multidões.
-Em vida, esse poder de mobilização pôde ser demonstrado em comícios que fiz com ele no Paraná. Ninguém conseguia discursar, porque a multidão só queria ouvi-lo - enalteceu Osmar Dias, lembrando também que Brizola, em sua luta pela educação no Brasil, construiu 6.300 escolas no Rio Grande do Sul e 500 escolas de ensino em tempo integral no Rio de Janeiro - os Centro Integrados de Educação Pública (CIEPs).
-Ele também viabilizou uma reforma agrária que mudou a vida dos gaúchos, ao assentar agricultores pobres que hoje contribuem em grande parte com a economia regional -frisou.
Por sua vez, o senador Augusto Botelho (PT-RR) lamentou a morte de Brizola, a quem considerou "um legítimo representante da classe política brasileira, da melhor índole". Destacou ainda o espírito nacionalista de Brizola e sua visão trabalhista.
- Além disso, foi um respeitado político no exterior, integrando a Internacional Socialista, ao lado de português Mário Soares - comentou.
Falaram ainda na homenagem os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), que destacou a iniciativa social de Brizola de implantar as escolas públicas em tempo integral no Rio de Janeiro; Arthur Virgílio (PSDB-AM), que recordou a luta de Brizola pela legalidade na política, referindo-se também ao episódio João Goulart; e José Nery (PSOL-PA), para quem Brizola derrotou os poderes conservadores ao voltar do exílio e vencer as eleições para governador do Rio de Janeiro.
-Ele hoje condenaria a política neoliberal - avaliou José Nery.
Outros senadores também reverenciaram a memória de Leonel Brizola na sessão especial. Entre eles, José Agripino (DEM-RN), Eduardo Suplicy (PT-SP), Rosalba Ciarlini (DEM-RN) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que elogiou Brizola pela "defesa constante de suas metas partidárias".
Ao final, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, associou-se aos discursos, elogiando Cristovam Buarque pela "feliz iniciativa de homenagear Brizola".
-Brizola exerceu grande influência sobre uma geração de políticos brasileiros. Além de notabilizar-se como membro da Internacional Socialista, sua vida foi marcada pelos anos de resistência à ditadura militar - concluiu.
10/06/2008
Agência Senado
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