Senadores prestam solidariedade a Capiberibe
Senadores da base governista e da oposição apoiaram nesta terça-feira (13) o discurso em que o senador João Capiberibe (PSB-AP) defendeu seu mandato. Ele e sua esposa, a deputada federal Janete Capiberibe, estão sendo julgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na acusação de compra de votos, e já recebeu três votos pela condenação.
O primeiro a apartear Capiberibe foi o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que chamou atenção dos colegas para a seriedade com que o parlamentar amapaense tem conduzido sua vida pública. Na opinião de Suplicy, também é digna de nota a luta de Capiberibe pela transparência na execução orçamentária. O senador petista acha que o TSE deveria examinar a acusação à luz dos fatos, chegando à conclusão de que Capiberibe está dizendo a verdade quando nega ter comprado votos.
No entender do senador Tião Viana (PT-AC), Capiberibe não trocaria a dignidade de sua vida pública por R$ 26. O parlamentar acreano foi veemente ao afirmar que as testemunhas arroladas pela acusação foram pagas para dar depoimentos inverídicos. A heróica trajetória de Capiberibe foi lembrada por Tião Viana: as lutas na Aliança Libertadora Nacional (ALN), a participação nas Ligas Camponesas em Pernambuco, o exílio no Chile, a ida para o Canadá, a cooperação no governo popular em Moçambique e o trabalho com comunidades agrícolas na Amazônia.
Frisando que votou a favor da cassação de parlamentares corruptos, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), questionou a validade do sistema de julgamento de parlamentares por membros de um outro poder. Ele pediu o benefício da dúvida a Capiberibe, levando-se em conta o comportamento irrepreensível que vem demonstrando ao longo de sua carreira. O líder do PSDB observou que a cassacão seria um remédio "por demais amargo", quando o país está longe da perfeição.
O senador Antero Paes de Barros disse ter a convicção de que o relator da matéria no TSE possa até rever seu voto, uma vez que está clara a manipulação das duas testemunhas. Ele estimulou Capiberibe a tornar públicas as fitas que demonstrariam a falsidade das acusações, evitando uma preocupação excessiva com o segredo de justiça. Na opinião do parlamentar mato-grossense, provas fraudadas não podem atingir um mandato conseguido nas urnas.
O líder do PFL, senador José Agripino (RN), disse que o único crime de Capiberibe foi a "má assessoria". Ele apelou ao TSE para que aceite como provas as fitas com o flagrante de extorsão das duas testemunhas que acusam Capiberibe de compra de votos. O senador potiguar recomendou que a acusação a Capiberibe seja examinada confrontando-a com toda sua a vida pública.
Para o senador Magno Malta (PL-ES), a distribuição de material apócrifo contra Capiberibe dentro do Senado deve ter a mesma origem das tentativas de envolver a ele, Malta, com o crime organizado. Ele pediu ao presidente do Senado José Sarney que determine a investigação do homem que distribuiu o material usando crachá de acesso à Casa. Malta disse que não considera verídica nenhuma acusação contra Capiberibe.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), lamentou que a defesa de Capiberibe tenha sido "muito precária", prejudicada pelas virtudes do próprio parlamentar amapaense, um dedicado senador. Mercadante disse acreditar ser possível agregar um memorando ao processo no TSE, relatando a trajetória política de Capiberibe, na visão de Mercadante, incompatível com a acusação de compra de votos.
O senador Flávio Arns (PT-PR) disse que a carreira política de Capiberibe aponta no sentido contrário ao do processo. Para ele, o ex-governador do Amapá tem lutado pela transparência e é reconhecido por sua capacidade de diálogo com o povo. O parlamentar paranaense apelou aos ministros do TSE para que reexaminem com mais calma as circunstâncias da denúncia de compra de votos, e revejam seus votos, levando em consideração inclusive as manifestações dos senadores.
13/04/2004
Agência Senado
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