Senadores pretendem conhecer aspectos políticos, econômicos e culturais das nações africanas



A viagem dos senadores Heráclito Fortes (DEM-PI), José Nery (PSOL-PA), João Pedro (PT-AM) e Marconi Perillo (PSDB-GO) a Cabo Verde, Senegal, Guiné-Bissau, Nigéria, São Tomé e Príncipe e Angola, tem por objetivo estabelecer diplomacia parlamentar, estreitar relações comerciais entre esses países e o Brasil e também conhecer aspectos políticos, econômicos e culturais das nações africanas.

A proposta da viagem é do presidente da CRE, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), e foi acertada com o Ministério das Relações Exteriores. Os senadores devem retornar ao Brasil no próximo dia 20.

Veja algumas características desses países:

Cabo Verde

Primeiro país a ser visitado pelos senadores, Cabo Verde - localizado na costa ocidental da África - é um arquipélago formado pelas ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Sal, Boa Vista, Maio, Santiago, Fogo e Brava, além de outras ilhotas. Ex-colônia de Portugal, o país conseguiu sua independência em julho de 1975 - após a Revolução dos Cravos daquele país - e hoje tem eleições diretas e sistema pluripartidário.

A fonte de receita mais importante desse país é o turismo, que contribui com mais de 10% dos 820 milhões de Euros do seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde. A economia do país é afetada pelos poucos recursos das ilhas e pelo clima seco, e sua agricultura é pouco desenvolvida, ficando a maior parte da riqueza produzida pelo setor de serviços.

O país tem muitos emigrantes espalhados pelo mundo, que contribuem com remessas financeiras significativas. Os dados do comércio externo, apurados pelo INE, indicam que, em 2007, o montante total das importações de bens cresceu 26,4% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações caíram 15,3%.

Senegal

O segundo país a ser visitado pelos senadores é o Senegal, ex-colônia francesa que tem grande variedade de grupos étnicos e situa-se em frente a Cabo Verde. O país tem como língua oficial o Francês, mas essa só é utilizada de forma corrente por uma minoria da população. Entre alguns grupos étnicos do país estão os Wolof, que representam 43% da população, seguidos pelos Fulaní (24%), Serer (15%), Jola (4%) e Mandingos (3%). Cerca de 50 mil europeus, majoritariamente franceses, residem no país, junto com uma minoria libanesa, que vive nas cidades. A religião dominante no país é o islamismo: 94% dos senegaleses são muçulmanos.

Em janeiro de 1994, o Senegal adotou um profundo programa de reforma econômica com o apoio da comunidade internacional, que começou com a desvalorização em 50% da moeda senegalesa e acabou com o controle de preços e os subsídios do governo. Tais mudanças proporcionaram um crescimento do PIB a médias superiores a 5% ao ano entre 1995 e 2004, e uma redução da taxa de inflação anual para um dígito.

A pesca é o setor líder das exportações senegalesas. Suas receitas atingiram US$ 239 milhões em 2000, segundo dados do governo. As operações de industrialização pesqueira lutam contra os altos custos, e o atum senegalês tem perdido o mercado francês para os competidores asiáticos, mais eficientes. As exportações de fosfato, o segundo produto da economia, têm permanecido estáveis, em torno de US$ 95 milhões anuais.

Guiné-Bissau

Após visita ao Senegal, os senadores chegam a Guiné-Bissau, um dos 20 países mais pobres do mundo, que depende, principalmente, da agricultura e da pesca. As colheitas do caju aumentaram notavelmente nos últimos anos, e o país alcançou agora o sexto lugar na produção da fruta, de acordo com dados oficiais. A Guiné-Bissau exporta peixes e frutos do mar, além de pequenas quantidades de amendoins, sementes de palma e madeira. O arroz é a colheita e o alimento principal do país.

Ex-colônia de Portugal, o país sofreu danos em sua economia devido a lutas políticas e guerra civil, que reduziu em 28% o PIB anual, cuja recuperação parcial começou a ocorrer em 1999. Antes da guerra, a reforma do comércio e a liberação do preço eram a parte mais bem sucedida do programa de ajuste estrutural do país sob o patrocínio do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O país ficou independente de Portugal em 1974 e as primeiras eleições pluripartidárias para presidente e Parlamento foram realizadas em 1994. Logo após o fim da guerra civil - no período entre 1998 e 1999 - novas eleições foram convocadas, levando ao poder Kumba Yalá, líder oposicionista, e seu partido, o PRS, que ocupa, atualmente, 28 dos 102 assentos na Assembléia Nacional e 18 dos 25 gabinetes de governo. Yalá foi deposto por meio de um golpe em setembro de 2003, e Henrique Rosa assumiu o posto.

Novas eleições presidenciais, realizadas em 2005, foram vencidas pelo atual presidente do país, João Bernardo "Nino" Vieira, que visitou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado. Nessa visita foram assinados acordos de cooperação nas áreas de consultas políticas, beneficiamento do caju, combate e prevenção da malária, segurança alimentar e agronegócio.

Nigéria

Ao visitarem a Nigéria - maior exportador de petróleo da África - os senadorespoderão ver de perto a crise que ocorre no país, onde militantes da região do delta nigeriano se rebelam contra o governo e as empresas petrolíferas, alegando que as comunidades locais não se beneficiam da riqueza extraída da região. Essa crise tem refletido no aumento do preço do petróleo em nível mundial, já que chegou a ocorrer a interrupção do fornecimento do produto. A produção do petróleo na Nigéria, feita pela Royal Dutch Shell, foi reduzida em 164 barris por dia depois de uma série de ataques dos grupos rebeldes, que prometem cessar fogo somente após algum acordo para intermediação do conflito.

Além de petróleo, a Nigéria tem recursos minerais como o carvão e o estanho. Entre os produtos agrícolas de maior destaque no país estão amendoim, óleo de palma, cacau, cítricos, milho, sorgo, mandioca, inhame e cana-de-açúcar. A Nigéria é uma república federal composta por 36 estados e o território da capital federal de Abuja, centro das decisões do país desde 1982.

Em abril de 2007, o candidato do partido do Poder (PDP), Umaru Yar'adua, venceu as eleições para presidente, provocando críticas da oposição e da comunidade internacional, segundo as quais o pleito foi marcado pela violência e morte de 200 pessoas. Os cristãos acusam Umaru, que é muçulmano, de promover perseguições a outros grupos religiosos, e contam que quando ocupou o cargo de governador do Estado de Katsina, ao norte da Nigéria, impôs a sharia (lei islâmica) e ignorou o sistema de concessão de permissões, impedindo a construção de igrejas e ordenando arbitrariamente o fechamento delas.

São Tomé e Príncipe

São Tomé e Príncipe - quinto país a ser visitado pelos senadores - tem uma economia voltada para o turismo e a pesca, mas recentemente foram descobertas jazidas de petróleo no litoral. O país é ex-colônia portuguesa e têm várias religiões adotadas pela população, das quais se destacam a animista e a católica. A notícia sobre descoberta de petróleo, publicada recentemente no New Yorker, poderá aumentar o rendimento per capita dos santomenses e mudar o perfil econômico do país, segundo analistas políticos. Para que esses fatos ocorram, será necessário, no entanto, que comece a ser feita a exploração de petróleo na região.

O governo já criou o Conselho Nacional de Petróleo, liderado pelo presidente do país, Fradique de Menezes, e integrado pelo primeiro-ministro e os titulares das pastas das Obras Públicas, Infra-estrutura, Ambiente e Negócios Estrangeiros, bem como por técnicos do setor. A descoberta de petról eo no mar santomense levou à delimitação das águas territoriais e ao lançamento de uma vasta campanha diplomática nos vizinhos Gabão, Guiné e Nigéria. Celebrados os acordos de boa vizinhança, os documentos delimitando o território marítimo do arquipélago foram depositados nas Nações Unidas.

Angola

Angola, último país no roteiro dos parlamentares brasileiros, tem uma economia predominantemente agrícola, cuja principal cultura é o café, vindo, em seguida, cana-de-açúcar, sisal, milho, óleo de coco e amendoim. As produções de batata, arroz, cacau e banana também têm destaque. Ex-colônia de Portugal, Angola comercializa produtos como algodão, tabaco e borracha e seus maiores rebanhos são de gado bovino, caprino e suíno.

O país também é rico em minerais, especialmente diamantes, petróleo e minério de ferro, tendo ainda jazidas de cobre, manganês, fosfato, sal, mica, chumbo, estanho, ouro, prata e platina. As minas de diamante estão localizadas perto de Dundo, e importantes jazidas de petróleo foram descobertas em 1966, ao longo de Cabinda, assegurando ao país a auto-suficiência. Em 1975, foram localizados depósitos de urânio perto da fronteira com a Namíbia.



09/05/2008

Agência Senado


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