Senadores querem quebra de sigilo de diretor da Editora da UnB



Os senadores não se convenceram com a defesa do diretor da Editora Universidade de Brasília (UnB), Alexandre Lima, apresentada em depoimento na reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais nesta quarta-feira (23). O senador José Agripino (DEM-RN) se disse insatisfeito com as explicações apresentadas por Alexandre Lima e pediu a quebra de sigilo bancário e fiscal do depoente. Por falta de quórum, requerimentos de quebra de sigilo e convocações não puderam ser votados nessa reunião da CPI.

Agripino leu ainda e-mail no qual supostamente uma funcionária da Funsaúde afirma que uma taxa de 7,5% do total de recursos deveriam ser depositados em uma conta bancária que só seria movimentada por Alexandre Lima. O diretor negou ter aberto contas ou recebido percentuais e disse que, se houve negociação nesse sentido, é responsabilidade dos funcionários envolvidos na troca de e-mails.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) destacou que o Ministério Público (MP) encontrou fortes indícios de que Alexandre Lima teria recebido recursos indevidos, uma vez que o patrimônio pessoal do funcionário da UnB teria tido "aumento de sete vezes em um ano". Dias disse ainda que Alexandre Lima seria responsável pelo repasse de recursos para ONGs "dirigidas por petistas".

Alvaro Dias também afirmou que havia uma relação de "promiscuidade profunda" envolvendo interesses familiares de Alexandre Lima e pagamentos feitos com recursos públicos. Quando questionado pelo senador, Alexandre Lima não autorizou a quebra do próprio sigilo bancário e fiscal. O senador pediu então que seja aprovado um requerimento quebrando sigilo de Alexandre Lima.

O senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) informou que a Editora UnB pagou R$ 2 milhões, por "notório saber", sem licitação, à empresa MI Management, que só tem três funcionários, dois auxiliares administrativos e um motorista. Alexandre Lima afirmou que a empresa trabalha com consultores associados. O senador considerou as respostas de Alexandre Lima "evasivas".

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) disse que aprofundar as investigações da CPI na Universidade de Brasília é "uma obrigação da comissão". A senadora afirmou não compreender por que os convênios são firmados entre várias fundações da UnB, e não diretamente com o prestador de serviços.

- Qual a função dessas fundações? - questionou.

O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) afirmou que "o que acontece na UnB acontece em todas as universidades do Brasil".

- Esse sistema que está aí é o sistema de fundações em todas as universidades. O dinheiro é um só, do governo - disse Wellington Salgado.

Os parlamentares aprovaram ao fim da reunião requerimento pedindo cópias das auditorias feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Ministério Público sobre a atuação da Editora UnB.



23/04/2008

Agência Senado


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