Para senadores da oposição, quebra de sigilo de Eduardo Jorge permitirá investigação completa



Durante o depoimento do ex-secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge Caldas Pereira, os senadores da oposição voltaram a defender a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-assessor do Palácio do Planalto para que as investigações possam continuar.

Para a senadora Heloísa Helena (PT-AL), somente uma CPI permitiria que todos os fatos fossem devidamente apurados. Ela disse que as datas dos telefonemas trocados entre Eduardo Jorge e o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto coincidem com as liberações de recursos para a obra superfaturada do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.

- Não dá para compreender por que Vossa Senhoria vem aqui e fala que é contra a quebra do seu sigilo. Se não tivermos acesso a isso ficará para sempre a dúvida sobre todo o trabalho que Vossa Senhoria dedicou na Secretaria Geral da Presidência - afirmou o senador Ademir Andrade (PSB-PA), que pediu que a liderança do governo oriente os senadores a permitirem a quebra do sigilo bancário de Eduardo Jorge.

O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) apontou indícios do envolvimento de Eduardo Jorge com a obra do TRT paulista, que apareceram durante a CPI do Judiciário, além de diligência da Secretaria da Receita Federal ter apontado fatos "nebulosos" nas declarações de Imposto de Renda de Eduardo Jorge.

- Ficamos como cachorros correndo atrás do próprio rabo, porque Vossa Senhoria diz que é contra a CPI. Essa situação é incômoda não só para Vossa Senhoria, como também para nós e para a base de sustentação do governo - afirmou Dutra.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou que existe na Justiça um recurso para que seja reconsiderado o pedido dos procuradores de quebrar os sigilos bancário e fiscal de Eduardo Jorge. Ele também acredita que seria fundamental obter a listagem das ligações feitas por Eduardo Jorge dos telefones do apartamento funcional que ocupou enquanto foi funcionário do Executivo.

Ao contrário do que havia revelado Eduardo Jorge, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que existem ações na Justiça Federal em que o ex-assessor do Planalto figura como réu. Simon lembrou ainda declarações de Antonio Carlos Magalhães, em que o ex-senador sugeriu aos procuradores da República que, se houvesse a quebra do sigilo bancário de Eduardo Jorge, eles chegariam ao presidente da República.

O senador gaúcho citou ainda declaração do ex-senador de que Eduardo Jorge teria recebido do presidente autorização para arrecadar fundos junto a colaboradores. Eduardo Jorge, apesar de ter negado que teria atuado como caixa de campanha de Fernando Henrique Cardoso e que apenas determinava os gastos de campanha, admitiu que fez contatos com possíveis contribuintes para a campanha.

Já o líder do governo, senador Romero Jucá (PSDB-RR), acredita que o depoimento de Eduardo Jorge foi contundente, demonstrando que as irregularidades cometidas no TRT de São Paulo não têm nada a ver com o governo e, por isso, essa questão deve sair da pauta do Senado.



19/06/2001

Agência Senado


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