Senadores reclamam da ação de ONGs na questão indígena
Após tomar o depoimento de três representantes de associações de índios de Roraima, o presidente da CPI das ONGs, senador Mozarildo Cavalcanti (PFl-RR), declarou que a comissão está conseguindo comprovar que muitas organizações não-governamentais têm problemas que precisam ser investigados. Ele anunciou que a CPI vai apresentar sugestões para punir as irregularidades e para corrigir as distorções.
O senador Bello Parga (PFL-MA), que substituiu a relatora da comissão, senadora Marluce Pinto (PMDB-RR), na reunião, criticou a atuação de entidades que promovem o isolamento dos índios e evitam que o desenvolvimento chegue às comunidades indígenas.
- A integração do índio à sociedade brasileira não pode ser retardada - reclamou Bello Parga.
Na opinião do senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), os depoimentos tomados pela CPI demonstram a realidade da Amazônia. O senador identifica a existência de um grande grupo de pessoas que tem como profissão a defesa dos índios e são pagas com recursos estrangeiros. Essas pessoas, disse, induzem o governo federal e o Poder Público a iniciativas contrárias à vontade dos próprios índios.
- Essas organizações cometem crimes contra os índios. O índio quer se integrar, quer ser visto como igual, como cidadão, com direitos e deveres. Quer desfrutar dos benefícios da sociedade em vez de ser visto como mico de circo - afirmou Mestrinho.
Mozarildo Cavalcanti reclamou da ausência do representante do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Jacir José de Souza, que enviou atestado médico informando a impossibilidade de seu comparecimento. Essa, disse Mozarildo, é a segunda vez que o CIR não comparece a uma CPI.
Novos depoimentos
Na próxima reunião, marcada para terça-feira (26) após a ordem do dia, a CPI vai tentar, mais uma vez, o depoimento de Alexandre Paes dos Santos, da APS Consultores & Associados. Caso ele não compareça, Mozarildo já determinou que a CPI tome as providências necessárias para garantir que ele seja trazido, até mesmo por um oficial de Justiça, à CPI. Ele depõe sobre o caso que envolve a multinacional de medicamentos Novartis e a ONG Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer (Napacan).
Nessa data, comissão também vai ouvir o presidente da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais, Sérgio Haddad. Essa deve ser uma das últimas reuniões para tomada de depoimentos da CPI. O prazo final para a apresentação do relatório final da comissão é 15 de dezembro e não pode ser prorrogado, já que a legislatura se encerra.
21/11/2002
Agência Senado
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