Senadores repudiam agressão a grupo de mulheres camponesas



No início da reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) desta quarta-feira (11), senadores que integram o colegiado repudiaram a prisão, no Rio Grande do Sul, de 700 mulheres camponesas que participavam de manifestação no interior do estado. Os senadores ouviram relato sobre a agressão, apresentado por Rosângela Cordeiro, dirigente do Movimento de Mulheres Camponesas e coordenadora da Via Campesina Brasil.

De acordo a líder agricultora, as mulheres foram detidas após participarem de manifestação, em frente a uma fazenda do grupo Votorantim Celulose e Papel, contra a política de apoio à expansão do cultivo de eucalipto no país. As 700 mulheres ficaram detidas em um ginásio da cidade de Candiota (RS), por toda a noite de segunda-feira (9), tendo sido liberadas no dia seguinte. Ela informou ainda que sete das manifestantes foram levadas algemadas à delegacia da cidade e indiciadas.

Rosângela Cordeiro também destacou os impactos decorrentes do fechamento de escolas itinerantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul, o que estaria impedindo a oferta de educação formal a crianças dos acampamentos e assentamentos de reforma agrária existentes no estado.

Ao se manifestar a favor do direito de expressão dos movimentos sociais, o senador Paulo Paim (PT-RS) anunciou sua intenção de propor a realização de audiência pública sobre as "tentativas de criminalização dos movimentos sociais". No mesmo sentido, José Nery (PSOL-PA) repudiou os "atos de repressão à livre manifestação da sociedade".

- Há uma orquestração em curso para criminalizar e colocar de joelhos os movimentos sociais no campo - afirmou José Nery, apoiando a realização de debate sugerido por Paim.

Na opinião do presidente da CDH, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), as escolas do MST "preenchem um espaço vazio deixado pelo Estado" e deveriam ser incentivadas, e não fechadas.

- Se cada industrial do país fosse obrigado a abrir uma escola, se cada banqueiro, cada ruralista abrisse uma escola, teríamos a possibilidade de pelo menos preencher o vazio que tem sido deixado pelos governos nos estados - observou Cristovam.

Também a senadora Fátima Cleide (PT-RO) elogiou o trabalho feito nas escolas mantidas pelo MST nos assentamentos rurais.

- Essas escolas têm contribuído, e muito, para a formação dos alunos e para a construção da cidadania - opinou a senadora.

O trabalho do MST na promoção da educação e as manifestações realizadas pela Via Campesina também receberam o apoio da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT).



11/03/2009

Agência Senado


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