Senadores se unem contra a guerra



Durante a audiência pública conjunta das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado e da Câmara com o embaixador do Iraque no Brasil, Jarallah Alobaidy, os senadores foram unânimes em repudiar a guerra e solidarizar-se com o povo do Iraque.

Para o senador Roberto Saturnino (PT-RJ), o uso da violência contra o Iraque envergonha o mundo. Indignado, ele acredita que as dúvidas sobre as armas do Iraque não justificam a decisão dos Estados Unidos de ir à guerra unilateralmente. -Essa atitude afronta a humanidade e a Organização das Nações Unidas (ONU)-, afirmou.

Líder do PSDB, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) destacou que o Brasil tem uma posição única com relação ao conflito no Iraque. Ele elogiou a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do chanceler Celso Amorim na condução da política exterior do país sobre a questão do Iraque.

- Lula fala pelo país e por nós, da oposição, também. Somos solidários ao povo americano com relação ao terrorismo, mas somos contrários ao unilateralismo que impõe uma ética sua aos outros povos do planeta. Esse é um dia muito triste para a ONU, que se desmantela como mantenedora da ordem jurídica internacional - disse Arthur Virgílio, para quem o Brasil vai se afirmar como uma das lideranças pacifistas do mundo moderno.

Na opinião do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), da mesma forma que a ONU funcionou para que suas resoluções fossem cumpridas pelo Iraque, deve funcionar para fazer com que os Estados Unidos observem as suas resoluções. Ele ressaltou ainda que não houve uma nação na história recente do mundo que tenha recebido tanta solidariedade como os Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro de 2001.

- Parece que clamamos no deserto, mas o país inteiro, em sua unanimidade, apóia a posição política de Lula e acredita que ainda é hora de lutar pela paz. A ONU deve continuar a se reunir para dizer que a resolução 1441 não autoriza o bombardeio ao Iraque. A ONU, apesar do desrespeito a suas instâncias, precisa desautorizar a guerra e aprovar uma resolução para que a guerra seja suspensa - declarou.

Vítimas

Vice-presidente da CRE, o senador Marcelo Crivella (PL-RJ) lamentou a deflagração da guerra. Ele interpreta que, por trás do ataque, existe o interesse de dominação econômica por parte dos Estados Unidos. Na mesma linha, o senador Sibá Machado (PT-AC) disse que o que há no Iraque não é uma guerra, mas uma invasão.

- Estamos roucos por clamar pela paz, sem que possamos ter uma resposta efetiva. Esperávamos que a guerra não acontecesse. A esperança agora é que não dure muito e que não leve muitas crianças ao sofrimento. Que Deus possa abreviar o sofrimento desse povo - disse Crivella ao embaixador do Iraque.

Ao final da reunião, o embaixador sugeriu que a maneira mais eficaz de o Brasil ajudar o Iraque é, junto com outros povos do mundo, fazer pressão junto ao governo norte-americano contra a guerra. Ele informou ainda que o ataque nesta madrugada destruiu casas próximas à emissora de televisão iraquiana e que a maioria das vítimas é composta de mulheres. Ele disse que ainda não há estimativas sobre o número de mortos, mas muitas pessoas estão ajudando no atendimento às vítimas.

Ao encerrar a reunião, o presidente da CRE, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), disse ao embaixador que irá -continuar com os nossos esforços para que haja paz e o término da guerra o quanto antes-.



20/03/2003

Agência Senado


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