Senadores voltam a criticar inclusão de diferentes assuntos em medida provisória



VEJA MAIS

Na votação do Projeto de Lei de Conversão (PLV) 7/2012, senadores da oposição voltaram a reclamar da inclusão de inúmeros assuntos sem relação com o tema principal da matéria original, a Medida Provisória 549/2011, que tratava de isenção de impostos para produtos voltados a pessoas com deficiência. A proposta foi aprovada nesta quarta-feira (25) pelo Plenário.

Os senadores lembraram que, durante a tramitação na Câmara dos Deputados, a MP ganhou outros 12 artigos, com onze novos temas, incluídos por emendas parlamentares. Os acréscimos foram feitos, destacou a oposição, com o aval do governo.

– Como já apelidamos as medidas provisórias que vêm recheadas de penduricalhos de “jabutis”, de contrabandos, se adotássemos esse último apelido, teríamos de mandar esta medida provisória para a CPI do Cachoeira, porque é crime organizado. São tantos os contrabandos que teríamos de convocar os contrabandistas para depor na CPI. Ora, não é brincadeira, estamos falando sério – ironizou o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), afirmando que a inclusão de tantos assuntos na proposta a torna inconstitucional.

O senador ressaltou que a proposta original de beneficiar os portadores de deficiência era “meritória”, assim como vários dos artigos incluídos no texto da MP. O problema, explicou, foi a junção de tantos e diversos temas num só projeto, que sequer deveria estar sendo apreciado de forma emergencial, característica de uma medida provisória.

Os “contrabandos” levaram alguns senadores a cobrar, mais uma vez, da Câmara a apreciação da PEC 11/2011 (PEC 70/2011 na Câmara), do senador José Sarney, que altera o rito de tramitação das medidas provisórias, dando mais prazo ao Senado para análise das matérias.

Para o líder do PSOL, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), a Câmara está com “má vontade” na apreciação da matéria, que seria fundamental para evitar a inclusão de temas estranhos no objeto original das MPs. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), relator da PEC 11/2011 no Senado, também reclamou da demora dos deputados.

– As medidas provisórias, como previstas na nossa Constituição, são instrumentos a serem utilizados em casos excepcionais, em que a relevância e urgência justifiquem. No momento em que assistimos a esses inúmeros contrabandos serem acrescidos a essa MP, continua paralisada, adormecida e esquecida numa gaveta qualquer da Câmara, uma proposta de emenda constitucional, aprovada por unanimidade pelo Senado, que veda o contrabando – reclamou Aécio.

Desonerações

Além da desoneração de tributos para produtos destinados a pessoas com deficiência, o PLV 7/2012 estende a isenção dos impostos a outros setores do comércio e da indústria.

Em um de seus artigos, o PLV prorroga por quatro anos, até 30 de abril de 2016, a isenção de PIS/Pasep e Cofins incidentes na importação e na venda no mercado interno do papel destinado à impressão de jornais e periódicos. Por esse prazo também é prorrogada a isenção dos mesmos tributos no caso de bens de capital importados necessários à fabricação da placa de circuito impresso no país.

Outra isenção prorrogada pelo projeto de lei de conversão é a do Imposto de Importação e do IPI incidentes sobre equipamentos e materiais esportivos, sem similares nacionais, usados por atletas brasileiros em treinamento e competições (jogos olímpicos, paraolímpicos, pan-americanos, parapanamericanos e mundiais e disputas nacionais). O benefício passa a valer por mais dois anos, até 31 de dezembro de 2015.

Os taxistas também foram contemplados com o texto aprovado pelos senadores. O projeto desonera de PIS/Pasep e Cofins a prestação de serviço das sociedades cooperativas de radiotáxi, nos mesmos moldes do que ocorre com as cooperativas de transporte rodoviário de cargas. As dívidas de associações civis e das cooperativas de radiotáxi referentes aos tributos podem agora ser anistiadas.

Além das isenções, o PLV 7/2012 trouxe ainda a redução da alíquota de PIS/Pasep e Cofins sobre as embalagens (latas e garrafas) de bebidas como cerveja, refrigerante, água mineral e energético. A alíquota de 7,6% caiu para 1,65%.

O PLV 7/2012 autorizou ainda a contribuição do Executivo a grupos internacionais de combate a crimes de lavagem de dinheiro e terrorismo e autorizou a  Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) a desistir de recursos em processos de pequeno valor, nos limites a serem estipulados pelo Ministro da Fazenda.



25/04/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senadores criticam inclusão de 'penduricalhos' em medida provisória

PEC proíbe medida provisória sobre vários assuntos

Renan apoia inclusão da redução de energia em outra medida provisória

SENADORES DA CAE RECLAMAM DE MEDIDA PROVISÓRIA

Senadores governistas rejeitam medida provisória

Senadores criticam uso de medida provisória para mudança no "Provão"