Será o maior pleito eletrônico do mundo










Será o maior pleito eletrônico do mundo
As urnas eletrônicas utilizadas nas eleições deste ano no Brasil, e que o TSE aprontava ontem para distribuir por todo o País, poderão até ser transferidas de barco por oito horas e ligadas com baterias de carro, mas a velocidade do resultado das eleições brasileiras ainda assim deverá deixar para trás processos eleitorais de países como os Estados Unidos, onde, em 2000, foram necessários 36 dias para se conhecer o presidente eleito. O Brasil realiza neste domingo a maior eleição eletrônica do mundo, com 115 milhões de eleitores se utilizando de 406 mil urnas espalhadas desde as cosmopolitas ruas de São Paulo até os confins da selva amazônica, a um custo de R$ 413 milhões.

No Rio Grande do Sul, serão distribuídas 29.072 urnas eletrônicas. Os equipamentos que apresentarem problemas técnicos devem ser substituídos, mas se não for possível repô-los, a votação será feita pelo sistema tradicional de cédulas de papel e urnas de lona. O sistema terá novidades no pleito de domingo, como impressão de voto, votações fictícias e mudanças nas cédulas.

A impressão de cédulas com voto será testada no Rio Grande do Sul nos municípios de Esteio, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Nestes municípios, o eleitor poderá verificar o voto, que cai em uma urna. Duas delas serão sorteadas para serem transportadas para a sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) onde a equipe de informática digitará a votação de 500 cédulas já preenchidas anteriormente. Haverá um computador para apurar os votos de cada urna, e os resultados serão confrontados na presença dos fiscais partidários. As urnas usadas no teste serão substituídas para a votação de domingo.

Paulo Cesar Bhering Camarão, diretor de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), espera que pelo menos 70% da votação seja apurada quatro horas após o fechamento das urnas e 90% dela até o fim da noite de domingo. "Esperamos ter os resultados definitivos até segunda-feira, mas não me pergunte a que horas", disse, acrescentando que, em razão do tamanho do País, alguns imprevistos poderão acontecer. "Você pode dizer simplesmente que a urna eletrônica veio para acabar de uma vez por todas com a possibilidade de fraude e corrupção no registro e apuração de votos", afirmou Camarão.

Quase 2 milhões de pessoas vão trabalhar nas eleições, e a tarefa de distribuir as urnas por 335 mil localidades
será um desafio. "Há um posto de votação em Rondônia que fica a oito horas de barco em um lugar que não tem eletricidade", disse o porta-voz do TSE, Newton Franklin Almeida. "Então a urna vai para lá já preparada, junto com uma bateria de carro."

O Brasil usou as urnas eletrônicas pela primeira vez em 1996, em grandes capitais e municípios. Embora algumas organizações e especialistas técnicos digam que a urna não é 100% segura e não impede fraudes pré-eleitorais, como compra de votos, eles não conseguiram encontrar nada de errado com o método. "Para nós, não tem sido uma razão de preocupações", declarou Eduardo Capobianco, presidente da unidade brasileira do grupo Transparência Internacional. "É bem moderna e dá ao processo mais velocidade e confiança." Nem a descoberta pela polícia em Brasília de várias urnas falsas chegou a abalar a credibilidade do sistema.

Os eleitores dos 26 Estados brasileiros e do Distrito Federal escolherão entre um total de 18.800 candidatos os novos deputados estaduais, federais, governadores e presidente do país. A votação poderá ser um tanto complicada, já que os eleitores terão de digitar os números dos candidatos para seis cargos, um processo talvez ainda mais difícil para os 15 milhões de analfabetos do Brasil. "O tribunal eleitoral tem duas dicas: o eleitor deve aprender a votar antes da hora e deve levar os números de seus candidatos (para a votação) para não esquecê-los", explicou Camarão. Para quem deseja treinar, o site do tribunal, www.tse.gov.br, tem um simulação de votação.


Participação das mulheres dos candidatos tem sido discreta
Cláudia é casada com Germano Rigotto (PMDB) há 21 anos e tem dois filhos: Rafael (20) e Roberta (14). Ela iniciou o curso de Ciências, mas interrompeu no primeiro ano, quando decidiu se dedicar ao cuidado dos
filhos.

Marlene é casada com Celso Bernardi (PPB) há 34 anos e também tem dois filhos: Fábio (31) e Karina (28). É formada em Pedagogia e professora aposentada há 15 anos.

Sandra é casada com Tarso Genro (PT) há 33 anos e tem duas filhas: Luciana, deputada estadual e candidata à Câmara Federal, e Vanessa, que também segue Medicina, como a mãe, que é médica radiologista e ecografista e exerce sua profissão no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Luciana está casada com Antônio Britto há dois anos. Ela é formada em Direito, e está esperando trigêmeos, os primeiros filhos do casal.

A participação delas na campanha tem sido discreta. Diferente de outras eleições, as mulheres dos candidatos ao governo do Estado não tem subido em palanques ou participado de carreatas ou caminhadas com muita freqüência este ano.

Desta vez, elas preferiram cuidar da casa, para que os maridos possam se dedicar à correria do período eleitoral com a tranqüilidade necessária à busca do voto. Mas antecipam que, caso os companheiros vençam o
pleito, elas terão atuação firme no governo, de acordo com a necessidade do futuro governante.

Casada há 33 anos com Tarso Genro, a médica Sandra já estabeleceu um padrão de postura para acompanhar os passos do marido na política, que inclui duas passagens pela Prefeitura de Porto Alegre. Ela procura se manter sempre na retaguarda, mas está sempre à disposição quando ele a requisita para participar da campanha. Para Sandra, ficar em casa, mantendo a família unida, é sempre mais útil do que participar ativamente da campanha. "Até porque eu trabalho muito, com uma longa jornada de trabalho e não pretendo abandonar minha profissão", diz Sandra, já prevendo sua atuação num possível governo Tarso Genro.

"Pretendo continuar dentro da mesma postura, a menos que possa ser útil em algum programa de voluntariado na área de saúde, que é minha especialidade", conclui.

Cláudia, a esposa de Germano Rigotto (PMDB), explicou que sempre manteve o mesmo comportamento nas campanhas eleitorais do marido. "Atuo nos bastidores, para garantir a tranqüilidade e a segurança que ele precisa para trabalhar", afirmou. Acrescentou, no entanto, que contribui com opiniões e sugestões. "Sou a maior cabo eleitoral dele, mas sempre preservando nossa intimidade", argumentou. No governo, adiantou que estará ao lado do marido, atuando nas áreas que ele julgar convenientes.

Luciana Maydana está casada há dois anos com Antônio Britto de quem espera trigêmeos para fevereiro próximo. Nascida em Madrid, na Espanha, Luciana, que tem 30 anos, passou infância e adolescência em Caxias do Sul, mas reside em Porto Alegre há muitos anos. Advogada militante, ela trabalha no Ministério Público Estadual. Mesmo com os cuidados pela gravidez múltipla, Luciana esteve sempre presente nos momentos mais importantes da campanha para o governo do Estado, acompanhando e levando seu apoio ao marido. Se Britto for eleito, ela pretende participar do governo como voluntária, auxiliando especialmente na área social, "porque acredito que este setor que deve ser conduzido por técnicos".

Já Marlene, a companheira de Celso Bernardi (PPB), tem setores preferidos de atuação na administração. "Me preocupo muito com a infância e com a velhice; então, gostaria de atuar nessa área social", antecipou. Durante a campanha, no entanto, Marlene preferiu cuidar da casa e do neto, para que Bernardi possa levar a campanha adiante sem preocupações. "Estou dando suporte em ca sa, para que ele possa viajar tranqüilo, sabendo que aqui está tudo bem", declarou.


Plano Diretor de Porto Alegre será revisado em 2003
O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PPDUA) de Porto Alegre sofrerá sua primeira revisão em 2003. A revisão está prevista no artigo número 36 da Lei Complementar 434/99, que instituiu o PPDUA. O texto diz que a primeira avaliação da legislação urbanística deve ocorrer três anos após a publicação da lei e, posteriormente, a cada gestão administrativa.

Para isso, o CMDUA está examinando a proposta de metodologia e o cronograma preparatório da primeira Conferência Municipal de Avaliação do PPDUA, que ocorrerá na Capital em junho de 2003. A conferência fará parte do IV Congresso da Cidade. Segundo o secretário municipal de Planejamento, Carlos Eduardo Vieira, o encontro busca correções de rumo e uma avaliação das dificuldades encontradas para a implementação do Plano Diretor.

Cada um dos dois planos anteriores de Porto Alegre esteve em vigor por 20 anos e o PPDUA levará, segundo Vieira, o mesmo tempo para ser totalmente modificado. "Seu diferencial, no entanto, é de ser um plano estratégico e ágil, que pode ser alterado sempre que a dinâmica urbana exigir", afirma.


Número de sindicatos cresce menos na Região Sul
O número de sindicatos na Região Sul cresceu 33% entre 1991 e 2001. O índice verificado na região foi o menor do País. No Brasil, a quantidade de entidades sindicais aumentou 43% em 10 anos. Os resultados são preliminares e foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A apresentação completa dos dados está prevista para novembro.

De acordo com a Pesquisa Sindical 2001 do IBGE, o número de sindicatos passou de 11.193 para 15.963 em 10 anos. A maior parte das entidades se constitui de sindicatos de trabalhadores, que eram 7.612, em 1991, e 11.354, em 2001. Nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o índice de crescimento foi o menor do País. Apesar deste resultado, a Região Sul - junto com a Sudeste e a Nordeste -é a que mais concentra sindicatos no Brasil. No Norte, o crescimento destas entidades alcançou 79%.

A pesquisa indica que, dos 15.963 sindicatos brasileiros, 10.258 são urbanos e 5.705 rurais. Os patronais somam 2.767, e as entidades formadas por empregados 6.101. No Rio Grande do Sul, há 1.587 sindicatos registrados. A proporção de sindicatos que realizou negociações é bastante diferenciada por região, com destaque para Sudeste e Sul, onde 63% e 62%, respectivamente, estão neste caso.

Filiação a centrais aumentou
As taxas de crescimento dos sindicatos de trabalhadores autônomos (30,7%), de empregadores urbanos (58%) e de empregados urbanos (59%) ficaram acima da taxa de crescimento do total de sindicatos. O peso dos sindicatos rurais decresceu: enquanto em 1991 era de 40%, em 2001 é de cerca de 36%. A taxa de crescimento dos sindicatos de trabalhadores da indústria foi de 15% e a dos de empresas de crédito - aí incluídos os bancários -, 12%.

O levantamento do IBGE mostra que 62% dos sindicatos de trabalhadores não são filiados a nenhuma central sindical. A proporção de filiados, porém, cresceu entre 1991 e 2001, passando de 30% para 38%. Desse total, 66% são filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e 19% à Força Sindical.


Dólar volta a subir e é cotado a R$ 3,55
Depois de dois dias de trégua, o dólar voltou a ficar pressionado. A pressão compradora cresceu na parte da tarde, quando o Banco Central deixou de atuar na venda da moeda. A moeda chegou na mínima a R$ 3,55 na venda, mas encerrou em alta de 1,52%, cotado a R$ 3,665. Operadores estimam que o BC tenha colocado US$ 100 milhões em venda direta, quantia insuficiente para conter a demanda.

Boatos eleitorais e a necessidade de fechamento de contratos futuros fizeram a busca pela moeda aumentar. "A procura não foi muito grande, mas a liquidez está estreita", diz o gerente de renda fixa e câmbio do banco Tendência, José Cândido de Melo.

Além disto, a moeda norte-americana foi procurada por empresas que têm dívidas vencendo nos próximos dias. As companhias aproveitaram a queda acumulada na semana para antecipar as compras, pois a moeda será pressinada nos próximos 15 dias pela rolagem de US$ 3,6 bilhões em títulos e swaps cambiais do governo. Os bancos vão buscar aumentar a taxa média do dólar (Ptax) para lucrar mais com a remuneração dos papéis. Neste mês, o vencimento da dívida externa privada, é estimado em US$ 2,5 bilhões.

O BC recomprou títulos da dívida externa, o que explica a alta dos papéis no mercado internacional. Os C-Bonds, principais títulos brasileiros negociados no exterior subiram 0,98% para 51,75% do valor de face. A autoridade monetária também realizou um leilão de linhas de crédito à exportação. Dos US$ 30 milhões ofertados, foram vendidos US$ 24,198 milhões para o dia 31 de março de 2003 com taxa de 4%. Esse valor correspondeu ao total da demanda do mercado.

O pessimismo do mercado internacional impulsionou a realização de lucros na Bovespa. O índice não conseguiu se sustentar acima dos 9 mil pontos e encerrou em queda de 1,97%, aos 8.820 pontos. "O pregão foi marcado pela volatilidade dos papéis. O investidor está nervosos", observa o analista da Corretora Geral, Ivanos Torres. Em Wall Street, os principais indicadores fecharam em queda. O Dow Jones cedeu 2,31% e o Nasdaq 2,18%. Os motivos são os fracos resultados divulgados pelas empresas e a possibilidade de guerra entre os Estados Unidos e o Iraque.


Até dezembro vencem US$ 27,2 bilhões
A tentativa da atual equipe econômica para diminuir a concentração de vencimentos no período de transição de governo fracassou e os pagamentos no último trimestre deste ano prometem ser uma grande pedra no sapato do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Eles terão que administrar vencimentos de US$ 27,2 bilhões em títulos, cerca de R$ 86 bilhões, enquanto o mercado financeiro todo estará especulando quem serão os seus substitutos.

"No dia seguinte às eleições, a cobrança deverá ser muito grande em relação a pontos fundamentais como a política monetária, fiscal, a relação com estados e municípios que querem renegociar suas dívidas com a União", observa a economista Sandra Utsumi, do BES Investimento. "Se essas questões forem apaziguadas, o início de 2003 será bem melhor", avalia.

A forte concentração de vencimentos de títulos nos próximos três meses, foi conseqüência da crise que tomou conta do mercado financeiro já no segundo trimestre deste ano. Em janeiro, as projeções do BC eram de que, entre outubro e dezembro, estariam vencendo R$ 19,7 bilhões, menos de um quarto do valor atual. A idéia da equipe econômica era justamente evitar ter que administrar um volume muito alto de vencimentos, em um período de grande ansiedade.

No entanto, a insegurança com os títulos que venciam no início de 2003 e a trapalhada feita pelo BC ao exigir que os fundos de investimento contabilizassem os seus papéis pelo valor de mercado acabaram obrigando o governo a recomprar títulos com vencimento a partir do próximo ano e substituí-los por outros com prazo no fim deste ano. "Houve um encurtamento muito forte e isso complicou o último trimestre do ano", ressalta Utsumi.

Nos primeiros três meses do ano que vem, os vencimentos programados dobraram. Em janeiro, projetava-se pagamentos da ordem de R$ 15,1 bilhões entre janeiro e março de 2003. No mês passado, os cálculos do BC apontavam vencimentos de R$ 32 bilhões. Em dólar, US$ 10,6 bilhões. O segundo trimestre será ainda pior: os vencimentos são de US$ 14,1 bilhões.

"Ao longo do ano já se esperava que esses pagamentos previstos aumentassem por causa da rolagem de papéis que, normalmente, têm prazo mais curto. A crise financeira contribuiu para elevar o montante ainda mais", afirma o economista Júlio Callegari. Segundo ele, essa situação vai exigir do novo presidente muita habilidade para dissipar tensões num momento de grande ansiedade. "A definição rápida, por exemplo, dos substitutos de Malan e de Fraga podem aliviar esse cenário."


Artigos

Tolerância zero funciona
Almedoro Vencato

O histórico protótipo dessa medida aplicada na cidade de Nova Iorque, EUA, pelo prefeito Rudolf Giuliani, que se empenhou em combater e perseguir, sem tréguas, as menores infrações cometidas nas vias públicas, consistia em deter e prender toda pessoa que fosse encontrada mendigando ou vagando pela cidade, ouvindo o rádio do carro muito alto, sujando, "grafitando" ou urinando em via pública, traficando entorpecentes, praticando a violência sexual, enfim, cometendo quaisquer espécies de pequenos delitos a crimes mais graves e conduzi-la para trás das grades. As pesquisas americanas "mostraram que a proliferação de incivilidades é apenas o prenúncio para o aumento generalizado da delinqüência. As primeiras condutas irregulares, por menores comecem, pelo pouco que se generalizem, denunciam o início centralizado sobre os outros desvios e são o indício do fim da paz social na via cotidiana". Desde então, passou-se a combater toda espécie de crimes com rigorosas medidas de segurança, obedecendo o princípio de tolerância zero. O resultado foi surpreendente, pois o índice de criminalidade decresceu, sensivelmente, tornando Nova Iorque uma cidade habitável, com segurança normal, trazendo a tranqüilidade e bem-estar aos residentes nova-iorquinos. Aqui no Brasil, copiamos muitos exemplos dos americanos: músicas, costumes e modas, entretanto, não copiamos a segurança, que é praticamente nula. O cidadão está à mercê do banditismo desenfreado e o pouco de segurança que possui obriga-o a viver entre janelas, portas e acessos aos prédios com grades de ferro e aço.

Como exemplo ignominioso, temos um Fernandinho Beira-Mar, que tem seu escritório instalado no próprio presídio e com sofisticados aparelhos de comunicação e armamentos, de onde comanda o crime organizado no exterior. Ora, tudo isso é possível porque vivemos o inverso das medidas aplicadas por Giuliani, ou seja: Tolerância Máxima. Até quando? Agora, no período eleitoral, os candidatos prometem medidas urgentes para dar segurança aos eleitores que, iludidos, votem, confiantes, naquele que mais sabe prometer e, depois, deixa de cumprir o prometido. Não tenham dúvidas, as atuais medidas punitivas do nosso Código Penal não serão alteradas dentro de um curto espaço de tempo, tendo em vista que dependem da legislação aprovada pela suposta diligência de nossos eméritos congressistas nacionais. Por isso entendo, s.m.j., que a medida mais eficiente e capaz de deter o índice de criminalidade crescente é a instituição da pena de morte, que imporá uma severa advertência à liberalidade contumaz dos criminosos reincidentes.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Eleição vista do exterior
A aproximação da eleição brasileira vem atraindo cada vez mais a atenção dos jornais europeus. O diário financeiro espanhol Cinco Dias afirma hoje que apesar do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, contar com forte apoio popular, os investidores ainda esperam que ele não obtenha a maioria absoluta no próximo domingo. Segundo o jornal, isso forçaria um segundo turno, "no qual o candidato governista, José Serra, teria mais oportunidades".

Outro jornal espanhol, El País, diz que até o próximo domingo o Brasil vai enfrentar a dúvida sobre a realização ou não do segundo turno para a eleição presidencial. Mas observa, que mesmo após o desfecho do processo eleitoral "a expectativa de dez em cada dez analistas é que a tensão se manterá elevada pelo menos por três meses e poderá prolongar-se por um período muito maior".

O El País salienta que boa parte do setor produtivo brasileiro declara que a eventual vitória de Lula seria "aceitável, mas há consenso de que os próximos meses serão pouco ou nada tranquilos". Segundo o diário espanhol, "o arsenal que dispõe o Banco Central para enfrentar a guerra especulativa que ameaça os mercados financeiros está próxima do esgotamento, sem conseguir provar a sua eficácia".

O jornal britânico Financial Times vem dedicando uma cobertura especial às eleições brasileiras. O diário financeiro criou um foro de debates sobre o tema em sua página na Internet e também está convidando os seus leitores a enviarem perguntas relacionadas ao Brasil aos seus editores especializados em América Latina.

Numa reportagem intitulada "Por que a eleição no Brasil é tão importante", o Financial Times afirmou ontem que desde que o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu o cargo em 1994 "o Brasil se tornou mais politicamente estável e mais economicamente aberto". Mas com Lula, "o país poderia virar para a esquerda".

O jornal londrino salienta que os investidores estrangeiros têm muito em jogo na 11ª maior economia do mundo. "Atraídos por um grande programa de privatização e pela redução das barreiras comerciais eles colocaram mais de US$ 150 bilhões em investimentos diretos no país nos últimos dez anos", afirmou o jornal.

O diário britânico afirma que "muitos empresários estão preocupados que a falta de experiência administrativa
de Lula poderia dificultar a capacidade de um governo do PT de gerenciar a economia, especialmente diante de fortes pressões dos mercados". Além disso, "os eleitores deverão ter grandes expectativas e os sindicatos ligados ao PT poderiam pressionar o governo através de greves, ocupações de terra e outras ações diretas".


CARLOS BASTOS

Debate pode decidir sobre segundo turno
O debate entre os presidenciáveis esta noite pela Rede Globo pode ser decisivo se vai haver ou não segundo turno. As pesquisas de opinião estão indicando que o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva está muito próximo de alcançar os 50% e mais um dos votos válidos. O seu desempenho no debate desta noite, bem como o de seus concorrentes José Serra, Anthony Garotinho e Ciro Gomes, é que vai ser determinante para a definição dos eleitores que ainda estão indecisos, e também daqueles que admitem mudar o seu voto até domingo, dia do pleito.

Pelo que se viu nos debates anteriores, Lula vai procurar evitar confrontos com seus concorrentes, mas também sem deixar de responder os questionamentos mais polêmicos e as estocadas que venha a sofrer de seus adversários. Garotinho não vai levar livre o candidato do PT, embora parta com maior virulência sobre seu concorrente tucano, o senador José Serra, por ser seu adversário direto pela provável segunda vaga no segundo turno. O mesmo deve acontecer com Ciro Gomes, que deve ter como foco preferencial Serra, mas não deixará de fazer algumas investidas sobre Lula.

Já o tucano José Serra vai procurar polemizar com o líder absoluto das pesquisas o petista Lula, pois estará consolidando sua posição de segundo colocado nos índices das pesquisas e assim atingindo seu principal objetivo que é o de se classificar para o segundo turno. Lideranças políticas do governo estão preocupados com a possibilidade de que haja um ataque triplo a Serra, de parte de Lula, Ciro e Garotinho, o que poderia inviabilizar a hipótese de alcançar o segundo turno. E há quem diga que ele tem munição pesada para atingir o seu principal adversário: Luiz Inácio Lula da Silva. Resta lembrar que Serra teve uma atuação forte no primeiro debate entre os presidenciáveis, e que foi apresentado pela Rede Bandeirantes, quando começou a desestabilizar a candidatura de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista. Já no debate da Rede Record, Serr a viu-se acantonado por seus três concorrentes e enfrentou sérias dificuldades.

Ciro Gomes foi uma decepção na Bandeirantes, quando não revidou de forma consistente à ofensiva que sofreu por parte de Serra, mas melhorou de forma sensível sua performance já no debate da Record. E Anthony Garotinho atuou nas duas oportunidades anteriores como livre atirador, para não se dizer como uma verdadeira metralhadora giratória, lançando chumbo para todos os lados.

A decisão sobre a realização do segundo turno, finalmente, passa pelos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Lula tem seus índices subindo a cada pesquisa em São Paulo, onde há muita probabilidade do candidato petista José Genoíno desbancar Paulo Maluf, do PPB, e se credenciar para enfrentar o tucano Geraldo Alckmin no segundo turno. Já em Minas Gerais, apesar do apoio do governador Itamar Franco, Lula tem visto baixar seus números nas pesquisas, e crescerem os índices de José Serra. Parece que voltamos às disputas eleitorais da Velha República, até 1930, quando aqueles dois estados eram decisivos, e se dizia que se tratava da política "café-com-leite".


FERNANDO ALBRECHT

O show do rádio
As comemorações dos 80 anos do rádio e dos 40 anos da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e TV tiveram um belíssimo show na Assembléia reunindo a velha guarda. Nomes como Ary Rêgo do Clube do Guri, Lauro Hagemann do Repórter Esso, a radioatriz Leonor de Souza, a Miss Copa do Campeonato em Três Tempos, do saudoso Carlos Nobre, Cândido Norberto, entre muitos outros, além de cantores dos bons e velhos tempos. A emoção foi geral quando, no final, todos os artistas da época cantaram Nós somos cantores de rádio .

Freio no Leão
A página comentou ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou para a Farsul para saber como estava o setor primário do Estado, ouvindo do presidente Carlos Sperotto críticas quanto à minirreforma tributária que prevê 27,5% de Imposto de Renda na venda de gado a partir de janeiro. Pois ontem o presidente telefonou novamente para Sperotto informando-o que este item será retirado do pacotinho. Ainda bem. O leão acabaria comendo os nossos bois.

Apropriação
Lideranças do Vale do Paranhana estranharam na reunião com os presidentes de cinco federações empresariais uma "encampação" que o governo do Estado fez com a iniciativa da comunidade de bancar uma guarnição de bombeiros. Notícia veiculada na imprensa atribuiu ao Piratini este esforço. Os prefeitos da região também reclamam da falta de repasses estaduais. Por conta disso, o Pronto Socorro Regional está com suas obras paralisadas. O presidente da Fiergs, Renan Proença, disse que o que está em jogo hoje é Participação X Omissão, daí a caravana empresarial.

Elogio à CEEE
A CEEE foi elogiada por um importante empresário local por sua atuação programada, comunicada e executada com pontualidade e eficiência. Um comunicado de corte de energia para ontem foi feito com a devida antecedência e a energia retornou até com alguma antecedência ao previsto. Mas o importante, diz o industrial, foi constatar que o usuário foi avisado previamente.

Inter-vivos
O vereador Estilac Xavier (PT)f protocolou um interessante projeto de lei complementar que disciplina o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis e Direitos por ato inter-vivos. De acordo com o projeto, a estimativa fiscal prevalecerá em 12 meses. Findo este prazo, deverá ser feita nova estimativa fiscal podendo o pagamento ser parcelado em até 12 prestações mensais. O pagamento à vista do ITBI via de regra provoca um rombo no caixa dos contribuintes.

Bernardi na Band
Na seqüência das entrevistas com candidatos ao Piratini, o Jornal Gente da Rádio Band 8h30min às 10h) ouviu ontem Celso Bernardi, do PPB. Ele acredita que as pesquisas não refletem bem a realidade de sua candidatura no Interior. De uma forma geral, deixou claro que o candidato oposicionista em um segundo turno terá seu apoio, mas nem por isso deixou de lembrar a bronca histórica entre PPB e PMDB e até suas divergências quando do governo Britto. Hoje é a vez de Germano Rigotto.

Não pode
Não pode fazer o que o motorista de um caminhão de som do PT fez ao meio-dia de ontem na Júlio de Castilhos. Com todo aquele movimento, o Mercedes Benz 608 com propaganda da Frente Popular trafegava pela pista da direita a dez por hora, sem dar a mínima para o estrago que causava no trânsito. O motorista não estava nem aí para os protestos.

Fala o Daer
Sobre reclamações de usuários da RS-124 entre Montenegro e Pareci Novo de que a rodovia será inaugurada sem uma ponte sobre o arroio Maratá, o Daer informa que "a construção da ponte é o passo seguinte, devendo iniciar nos próximos dias". E nega problemas na RS-122 entre Harmonia e São Sebastião do Caí, conforme queixa dos moradores da primeira cidade. Tudo bem, só que inaugurar estrada sem ponte possibilita outra inauguração mais adiante.

A reunião
A propósito da recusa de alguns empresários para encontro reservado com Lula no Sheraton, o empresário Carlos Smith garantiu que no convite expedido ficou claro que "questionamentos (a Lula) eram livres e desejáveis", assim como foi feito com outros candidatos. Enfatizou que os empresários precisam aperfeiçoar os contatos com políticos, independentemente de suas convicções ideológicas ou pessoais.

Terrorismo eleitoral
Circula na Internet um terrorismo eleitoral dando conta que a Câmara dos Deputados está votando a extinção do direito de férias, 13º e licença-maternidade. A onda é tão grande que o Secretário-Geral da Mesa da Câmara, Mozart Vianna de Paiva, expediu certidão a pedido do PSDB certificando que a casa não
votou nenhuma proposição neste sentido.

Procurador-geral de Justiça Cláudio Barros Silva inaugura hoje a nova sede do MP em Esteio.

Rui Willig abre sexta na Carlos Trein Fº, 1105 a Punto di Marca, ponta de estoque de calçados femininos de qualidade.

Anonymus Gourmet autografa dia 10 às 18h na Siciliano do Moinhos seu Mais Receitas
e Histórias de Cama & Mesa
.

Prefeitura de Canoas está em processo de contratação de empresa para a manutenção da iluminação pública.

Aurora ganhou em Neustadt, Alemanha, ouro para o Reserva Cabernet Sauvignon 1999 e prata para o Millésime.

Nova diretoria da Amrigs toma posse amanhã às 20h, na sede da entidade.


Editorial

MUNDO PRESSIONA CONTRA GUERRA AO IRAQUE

Um dos méritos da globalização é a instantaneidade das comunicações. Em minutos o mundo sabe o que está se passando no Oriente Médio, por exemplo, onde o Iraque está sob a ameaça concreta de um ataque unilateral dos EUA, ontem aprovado pelos deputados no Capitólio. O texano caubói George Bush não arreda o pé de sua intenção belicosa, fustiga o também destemperado Saddam Husssein e quem sofre são as economias menores, como o Brasil, em sobressalto há dois anos, seja por culpa própria ou a reboque dos acontecimentos internacionais. Pois de diversos países surge o consenso de que os soldados ianques não devem e não podem agir sozinhos, mesmo com poderio suficiente para tanto, para derrubar o ditador de Bagdá. Esta mesma cidade cujo nome encantou milhões com os filmes de aventura nos anos 50/60, permeados de romances em escaldantes areias de desertos enigmáticos, cavalos árabes fogosos, odaliscas belíssimas e cenários deslumbrantes. Então, o bem sempre vencia o mal, mesmo com gênios de lâmpadas manuseadas por Aladins de todos os tipos. Pois hoje a região perdeu o encanto, o Iraque envolveu-se em luta com o Irã, de 1980 a 1988, depois invadiu o Kuwait e a confusão instalou-se em terras sob as quais bilhões de barris de petróleo garantem a riqueza de países que, normalmente, seriam paupérrimos no clima desér tico.

Nem por isso a guerra é inevitável, garantiu, paradoxalmente, Collin Powel, ex-chefe militar da Operação Tempestade do Deserto, quando era presidente o pai do atual líder de Washington, George Bush.

Garantem alguns nos EUA que o erro de Bush pai foi não ter apeado do poder Saddam Hussein. É que num rasgo de lucidez democrática, ele deu por encerrada a missão quando fez retornar às fronteiras do próprio país os soldados de Hussein. Desde então, a ONU permitiu que houvesse apenas a troca de petróleo por alimentos, retendo 25% do valor negociado com o exterior para indenizar aqueles que perderam com a invasão do Kuwait pelo Iraque, incluindo empresas e cidadãos brasileiros. Por conta das incertezas, o barril de petróleo subiu e a defasagem interna no preço cobrado nas bombas está em torno aos 20%, um problema para a Petrobras. No entanto, Bush tem oposicionistas. O Império Americano dividiu o planeta entre os que estão a favor e contra ele, após 11 de setembro de 2001. Porém, a solidariedade e o apoio que as nações demonstraram para com o povo estadudinense não se mantiveram no projeto da guerra contra o Iraque, dita "preventiva" por George W. Bush. A França de Chirac é contra, Schroeder, da Alemanha, também, Putin pede o aval do Conselho de Segurança e a China faz coro à cautela, três deles têm poder de veto no CS, onde apenas o juvenil Tony Blair segue os ditames da Casa Branca. Permitindo a visita dos inspetores da ONU para verificar a existência ou não de armas nucleares, químicas e bacteriológicas, Bagdá tenta arrefecer o espírito belicoso ianque, mas Bush quer que os oito palácios de Saddam sejam revistados.

Agora, a águia perdeu um trunfo e nem mesmo o fato de ter 132 bases nos 199 países membros da ONU dá aos EUA legitimidade para atacar, ação que poderá abrir as portas do inferno na região. Encroando ainda mais o problema e as conseqüências, temos a questão palestina, onde Israel sabe que a paz duradoura somente virá com a criação de um estado para seus vizinhos, com o recíproco reconhecimento de Tel Aviv a viver tranqüilo dentro de suas fronteiras. O consentimento de Saddam ainda segura - até quando - o Império. Roma, ou melhor, Nova Iorque e seus financistas sabem que o melhor é ter cautela, as legiões podem se dar mal, a despeito de toda a força da única superpotência.


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10/03/2002


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