Serra busca espaço com plano regional









Serra busca espaço com plano regional
Presidenciável lança projeto para o Nordeste com promessa de recriar e fortalecer a Sudene

O candidato a presidente José Serra (PSDB) lançou ontem no Recife o seu programa para o Nordeste, prometendo recriar a Sudene e afirmando que na Presidência vai "criar condições" para que a região "avance 20 anos nos próximos quatro anos". Intitulado "Ação por um Novo Nordeste", o programa prevê a destinação de "investimentos maciços em infra-estrutura, educação, saúde, saneamento e atividades produtivas" e considera que "o desafio é proporcionar ao Nordeste indicadores mais próximos aos das áreas mais desenvolvidas do País". A região tem os piores índices sociais do País - 52% de sua população, por exemplo, estão abaixo da linha de pobreza.

O programa não informa com exatidão qual o montante de recursos necessários para a realização de tudo isso, nem de onde eles serão retirados. Afirma, porém, que um eventual governo José Serra "não medirá esforços para superar restrições orçamentárias e garantir recursos necessários para viabilizar o salto do Nordeste no próximo quadriênio". Diz que "é possível remanejar o Orçamento da União para direcionar somas expressivas de recursos em benefício de ações sociais na região". E garante: "O governo José Serra não vai deixar-se deter por falsos dilemas político-econômicos usados como argumentos contra uma decisiva iniciativa em favor da região".

O programa tem uma série de metas baseadas em seis ações prioritárias: ferrovia transnordestina, duplicação da BR-101, investimento em saneamento, estímulo ao turismo, revitalização do Rio S. Francisco e ampliação da agricultura irrigada. De acordo com Serra, a Sudene recriada terá papel fundamental para o planejamento e execução das ações voltadas para o desenvolvimento do Nordeste. Disse que, eleito presidente, irá "comandar pessoalmente" a Sudene nos primeiros dias do seu governo. E que o órgão, que até ser extinta estava subordinada ao Ministério da Integração Nacional, estará ligado diretamente ao presidente - como era na época em que foi criada, por Celso Furtado, no final da década de 50.

A Sudene foi extinta pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, após investigação sobre casos de corrupção na liberação de recursos. Serra informou que, caso chegue à Presidência, vai recriá-la em "bases mais modernas" e sem os desvios nos quais o órgão havia incorrido. Diz o programa do candidato tucano que a instituição terá a tarefa de "criar uma agenda comum de desenvolvimento" para a região, capaz de "desestimular a guerra fiscal" entre os Estados.

O lançamento do programa de Serra para o Nordeste foi realizado em ato político na casa de eventos Blue Angel, com a participação do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), dos candidatos ao Senado Marco Maciel (PFL) e Sérgio Guerra (PSDB) e deputados federais e estaduais.


TRE apreende outra urna falsificada
Simulador eletrônico foi descoberto na cidade-satélite de Sobradinho, no Distrito Federal

BRASÍLIA - Uma denúncia anônima feita aos policiais militares do batalhão de Sobradinho (13º BPM) resultou na apreensão de mais uma falsa urna eletrônica de votação. Por volta de 10h, dois PMs encontraram o equipamento numa casa em Sobradinho II. É a quarta máquina apreendida em menos de um mês. As outras eram utilizadas em Brazlândia e Ceilândia.

Em Sobradinho, junto com a falsa urna, os policiais encontraram santinhos do candidato à reeleição ao Governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB). Os policiais apreenderam também um cartaz com instruções sobre como votar no candidato à presidência pelo PSDB, José Serra, em Roriz, e nos candidatos ao Senado do grupo político do governador, Jofran Frejat (PPB) e Paulo Octávio (PFL). No entanto, o programa instalado no equipamento permite que o eleitor vote em outros candidatos.

Duas pessoas foram presas em flagrante. Jonadabi Brito da Silva, 18 anos, e Sandro Rodrigues de Duarte, 25, manuseavam a falsa urna quando os policiais chegaram. Em depoimento aos agentes da Polícia Federal, eles afirmaram que trabalhavam para duas mulheres conhecidas como Zefa e Cleusa. Elas serão convocados para depor ainda esta semana. Depois do interrogatório, os dois rapazes foram liberados.

A falsa urna está na Superintendência da Polícia Federal e será periciada pelos técnicos da corporação. O teclado da máquina é semelhante ao de um caixa eletrônico."O que mais impressiona é o grau de sofisticação. Tinha até um módulo impressor, semelhante ao que será utilizado na eleições, acoplado ao equipamento.

De acordo com o Procurador Regional Eleitoral, Antônio Carneiro Sobrinho as pessoas envolvidas na fabricação e utilização da urna apreendida em Sobradinho podem ser punidas com até três anos de reclusão, com base no artigo 340 do Código Eleitoral.

Segundo ele, a legislação é muito branda em relação a crimes como a falsificação de urnas eletrônicas para fazer campanha. "Dificilmente conseguimos enquadrar na lei os candidatos beneficiados por essas urnas falsas", argumenta o procurador.

O Código Eleitoral considera crime eleitoral "fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, subtrair ou guardar urnas, objetos, mapas, cédulas e papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral."


PT tenta atrair militar
SÃO PAULO - O PT aposta na insatisfação das Forças Armadas com o Governo para tentar atrair o apoio de militares à candidatura de Lula. Não é à toa que Lula tem elogiado a capacidade de planejamento de longo prazo dos governos militares e agora se encontrará com o último vice-presidente do regime militar, Aureliano Chaves. O encontro acontecerá sábado. Para o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), um dos interlocutores do partido com os militares, é importante ampliar ao máximo as alianças, não só para tentar garantir a eleição de Lula mas também para governar.

"Sem dúvida os militares poderão ser nossos parceiros na reconstrução do País. Claro que dentro de suas atribuições constitucionais", disse. Num momento em que o Exército está sendo obrigado a dispensar reservistas por falta de recursos, o deputado diz acreditar que o PT tem condição de se credenciar como opção de poder e ganhar o apoio de boa parte dos militares.

"Já temos uma grande simpatia das Forças Armadas, que hoje têm uma visão muito crítica da situação do País. Mesmo porque eles nunca concordaram com o desmonte do Estado promovido pelo atual Governo", disse o petista. Para Mercadante, o PT já não é visto como uma ameaça para ninguém e teria conquistado também o respeito dos militares ao longo dos anos. Filho do general Osvaldo Oliva, Mercadante diz considerar que a melhor forma para o PT se relacionar com as Forças Armadas é seguir sempre o caminho institucional.


Devassa filantrópica
BRASÍLIA - Uma devassa do Ministério da Justiça em todas as entidades filantrópicas - detentoras de títulos de utilidade pública - revelou que 201 delas estão funcionando irregularmente.

De acordo com a Secretaria Nacional de Justiça, muitas não prestaram contas de suas atividades - requisito para continuar a receber benefícios fiscais e previdenciários - ou não apresentaram toda a documentação.

Se em 30 dias as entidades não apresentarem suas justificativas terão o título cassado e serão proibidas de funcionar.

A relação delas será publicada na edição do Diário Oficial da União desta quinta-feira, mas, segundo o Ministério da Justiça, a operação pente-fino continuará.

"A relação com as 201 entidades é apenas a ponta de um iceberg", disse o secretário nacional de Justiça, Antonio Rodrigues de Freitas Júnior.

"A averiguação ser á uma rotina, pois detectamos falhas formais de documentação, que é normal, mas também encontramos casos em que nunca houve nenhuma prestação de contas", acrescentou ele.

Para uma filantrópica obter o título de utilidade pública é obrigada a fazer a prestação que contas de suas atividades - mostrando também balancetes financeiros - anualmente.

Com o título, elas podem obter isenções fiscais da Receita Federal e previdenciária.

Numa fiscalização feita há quatro anos o Governo descobriu que das quase 5 mil filantrópicas que tinham o registro de utilidade pública federal, pelo menos 2.800 estavam atuando irregularmente ou eram de fachada.


Artigos

Cachaça ou candidato?
Tereza Halliday

Como público-alvo de propagandas, sou osso duro de roer. Se ligo o piloto da analista de discurso, detecto argumentos mal-ajambrados, déficit de informação, excesso de apelos, humor desastrado ou empulhações alcochoadas. Quando o desligo, desligo-me e tampouco reajo como a consumidora dos sonhos dos anunciantes.

Diante das mais deslumbrantes ou abiloladas peças publicitárias, meu Q.I. diminui. Na agitação pictórica e sonora dos anúncios de TV, não capto o que a história tem a ver com o produto. Na voz alarmante e veloz dos comerciais de rádio, perco o essencial dos verbos "vá, compre, ligue, peça". Ir para onde? Pedir o quê?

Nos outdoors, noto os despaupérios. Poluem a paisagem e são perigosos para os motoristas. Levo nota zero em recall do produto. Só recordo a imagem do gatão - o garoto propaganda, com seu torso bronzeado e olhar de mormaço. O que é mesmo que o bomzudo queria que eu comprasse?

Em um shopping-center, encontrei numerosas faixas e tabuletas onde se lia "biglio". Perguntei a um vendedor: que produto é este, anunciado em todas as lojas? Ele me olhou como se respondesse a um E.T.: "É big liq - grande liquidação". O rabinho do Q, estilizado e sumítico, era ilegível. Genialidade de arte gráfica.

Mesmo reconhecendo o termo inglês "big", não saberia dizer de que língua vinha a palavra "liq". Além de um glossário de publicitês, preciso de um dicionário de lógica publicitária.

Com a propaganda política, meus neurônios dão um nó. Atrapalho-me com os apelos dos concorrentes no mercado eleitoral. Misturo os macetes marqueteiros - tudo igual. Sem maldade, interpreto mensagens pelo seu sentido obtuso, o mais temido pelos comunicadores, segundo tipologia de Roland Barthes. P.ex., minha vista decodifica aqueles panos hasteados nos postes com nomes de candidatos, como bandeiras a meio pau - soturnas em seu simbolismo de luto. Mas muito pior seria se, em vez de vários nomes, fossem bandeiras repetidas com a mesma esfígie de um ditador.

Ouvi no rádio umjingle rimando com "31". Lá vem besteira de "vote no melhor", pensei e desliguei. Somente na terceira escuta, percebi tratar-se de anúncio de empresa telefônica. Em tempo de eleição, fica difícil saber se os brados e berros de 21, 22, 23, 31, em carro de som, r[adio e TV são comunicação política ou telecomunicações. O mesmo com a "boa idéia" 51, que me confunde: será a caninha ou um candidato? Juram-me que não existe partido de número 51 nem 24. Mas anunciam uma nova aguardente 21. Como posso distinguir se designa o porre do político ou "a danada da cachaça"?

Apesar dos pesares, anúncios comerciais e políticos são transparentes em suas metas: todos querem nos induzir a aceitar o que oferecem. Mas minha análise de discurso silencia diante desta avaliação de um cidadão desempregado: "É muita potoca nessas propagândias (sic), dona Tereza".


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

Um momento difícil
Roberto Freire (PPS-PE) não podia ter escolhido dia pior para criticar Ciro Gomes e o comando de campanha do candidato da Frente Trabalhista. Pois enquanto José Serra (PSDB) reforçava seu palanque em Pernambuco, ontem, desta vez com o apoio ostensivo de Jarbas Vasconcelos, o senador dizia que o presidenciável do seu partido caiu nas pesquisas porque permitiu que fossem cometidos muitos erros, desde que teve início o programa eleitoral gratuito na TV. Um deles, senão o maior, na opinião do senador, foi o candidato aparecer na televisão fazendo um afago em Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), como se beijasse a mão do senador baiano, o que chocou os eleitores, segundo Freire. Depois, ele acha que se demorou demais para responder aos duros ataques feitos por José Serra, o que surpreendeu toda coligação que não esperava que isso acontecesse logo no primeiro programa. As colocações de Freire, certamente, não ajudam a candidatura Ciro Gomes que atravessa um momento difícil, mesmo que tenham sido feitas nas melhoresdas intenções. Porque no momento em que faz esses questionamentos publicamente, o senador municia o discurso dos adversários que devem aproveitar tudo o que ele disse para atacar ainda mais o candidato dos pós-comunistas. Além disso, quando se posiciona distante das decisões da campanha ele reforça a tese, bastante divulgada pela Imprensa, ultimamente, de que está isolado na coligação não tendo mais a mesma influência que tinha sobre Ciro Gomes. De quem foi o primeiro e maior defensor desde o início da corrida presidencial.

O juiz da propaganda do TRE, Fernando Martins, é quem vai julgar as denúncias de desrespeito ao Plano de Mídia. Ele se reúne, hoje, com representantes de partidos e emissoras de rádio e TV para tratar desse assunto

Fino
O helicóptero que trouxe José Serra (PSDB) de Porto de Galinhas, ontem, pousou no heliponto do Hospital Santa Joana para que ele não enfrentasse engarrafamentos e chegasse a tempo na Blue Angel, onde se reuniu com artistas, intelectuais e empresários. Candidato fino é outra coisa.

Guia
O candidato do PSB a governador, Dilton da Conti, se apegou à autorização do TRE e usou e abusou de imagens de Jarbas Vasconcelos (PMDB) no guia eleitoral da TV. Fez isso para tentar contestar a propaganda governista em diversos setores, como o da Segurança.

Astral 1
José Serra (PSDB) nem estava com sede, mas por insistência dos fotógrafos, o presidenciável tucano aceitou tomar uma água de côco, ontem, na praia de Porto de Galinhas, acompanhando Jarbas Vasconcelos.

Astral 2
Aí explicaram a Serra que o côco era o símbolo do alto astral, a marca do governador quando era prefeito do Recife. Serra não entendeu nada e mudou de assunto. Campanha muito louca, essa.

Omissão
Roberto Freire (PPS-PE) diz que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não podia adotar a filosofia hippie Paz e Amor : "Lula diz isso para se omitir ao contrário dos hippies que protestavam contra a guerra do Vietnan".

Festa
Quando aderiu à candidatura Ciro Gomes (PPS) Inocêncio Oliveira, do PFL (foto), prometeu uma grande festa em Serra Talhada para comemorar o feito ao lado do candidato. O comando de campanha de Ciro não quer nem ouvir falar nessa história e já decidiu que ele não vai.

Liminar 1
No PT há uma preocupação com a demora do TRE em julgar o mérito das ações que suspenderam da TV as Organizações TabaJarbas, as Organizações Capijara, a que proíbe o nome de Fernando Santa Cruz entre outras.

Liminar 2
Quanto aos programas humorísticos, que continuam sendo exibidos com outro formato, os petistas temem que o TRE deixe para julgar nos últimos dias o que pode tirar o PT do ar como aconteceu na eleição de 2002, com João Paulo.


Editorial

APOIO ANUNCIADO

Caso cesse a ameaça de ataque dos Estados Unidos contra o Iraque, os preços do petróleo podem cair cerca de US$ 3,00. Essa é uma perspectiva anunciada pelas principais bolsas de valores da Europa. Ainda assim, o primeiro ministro inglês, Tony Blair, manteve-se irredutível ao salientar à Imprensa, esta semana, que Saddam Hussein é uma ameaça para o Mundo. O chanceler inglês insiste na tecla de que os EUA não devem agir sozinhos, pois tanto o Reino Unido como o resto do planeta estão sendo ameaçados pelo regime de Bagdá.

As bolsas de valores prevêem que com a expectativa de um ataque os contratos futuros do petróleo se mantenham em baixa, devolvendo parte do prêmio que vem sendo embutido. Por outro lado, o vice-primeiro-ministro iraquiano, Tariq Aziz, salientou que seu país permitirá a volta dos inspetores de armas da ONU. Ele esteve reunido com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em Johannesburgo, e afirmou que o Iraque permitirá o acesso dos inspetores às fábricas de armas desde que a ONU ponha fim à ameaça de ataque dos EUA e remova as sanções impostas contra o Iraque.

O restante dos países europeus estão na espera do desfecho do problema, apesar de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já ter sinalizado que seu país condena qualquer ação militar norte-americana. Nos últimos dias diversos líderes europeus têm pedido cautela aos EUA em relação ao Iraque. O ministro do Exterior alemão, Joschka Fischer, foi ainda mais enfático, ao manifestar que um ataque americano contra Bagdá será um erro fatal. Tony Blair, por seu turno, jogou mais lenha na fogueira da já complexa situação do Golfo Pérsico ao assinalar que Saddam tem criado dificuldades para as resoluções da ONU e continua tentando criar armas para destruição em massa.

Ele destacou que a ONU deve caminhar para resolver o problema e não evitar a questão do Iraque.

Comentaristas britânicos afirmaram que as declarações de Blair são uma tentativa para angariar apoio para uma ação no Golfo, diante do crescimento na Europa e em outras partes doglobo das dúvidas sobre a prudência de lançar uma ação contra o governo de Saddam.

O Reino Unido, no entanto, é considerado o aliado mais forte dos EUA, caso se confirme uma investida militar. No entanto, Blair tem evitado falar sobre o assunto nas últimas semanas em virtude da crescente pressão da Imprensa britânica e dos integrantes do governista Partido Trabalhista em apoiá-lo. Ao ser questionado sobre a posição do Reino Unido em relação ao Iraque, insistiu que ainda não foram tomadas decisões sobre quais medidas aplicar contra Saddam. Porém, é voz corrente que o primeiro ministro tem em vista que o dia 11 de setembro do ano passado ensinou alguma coisa aos países ocidentais: que eles não devem esperar que as ameaças se materializem para agir.


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09/05/2002


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